Gestão não convencional
Acredito que todos já ouviram falar da empresa WeWork, que
está revolucionando o mercado de alugueis de escritório. Atendendo a moda de
não comprar nada, a WeWork oferece escritórios prontos para usar por períodos
variáveis de tempo.
Como são a maioria dos CEO de startups, Adam Neumann, não
foge à regra. De uma forma simplista comprou inúmeros imóveis ao redor do mundo
através de crédito e participações acionarias, onde se inclui a Soft Bank, especialista
em empresas empreendedoras, gerando um fluxo de caixa negativo a perder de
vista, e lucro, nem pensar.
Há alguns meses pretendia fazer a abertura de seu capital
através de uma operação de IPO, na sequência da Loft e Uber para citar alguns.
Acontece que o mercado azedou para essas empresas “sem lucro” gerando um
ceticismo enorme sobre novas emissões, e mesmo sobre a sobrevivência dessas
empresas. Como consequência, Neumann foi destituído da We Work, o que faz lembrar
o caso de Steve Jobs nos anos 80.
Um artigo publicado pelo Wall Street Journal reporta que seu
fundador misturou espiritualismo com negócios. Será que funciona?
Os executivos seniores da WeWork se reuniam semanalmente no
escritório de Adam Neumann, durante vários anos da empresa, para estudar com um
professor do Kabbalah Center, uma organização espiritual que promove uma marca
de misticismo judaico.
Na época, Neumann, o co-fundador e ex-executivo-chefe da
empresa mãe da WeWork, e sua esposa, Rebekah Neumann, estavam envolvidos no
Center. Ao combinar uma espiritualidade infundida em autoajuda com uma tradição
mística judaica chamada Kabbalah, a organização atraiu estudantes de
celebridades como Madonna e Ashton Kutcher.
O relacionamento de Neumann com o Centro ajudou a construir
a empresa desde seus primeiros dias. Os líderes do Centro conectaram Neumann à
sua rede de pessoas ricas. Pelo menos dois estudantes foram fontes de
financiamento antecipado, enquanto vários funcionários seniores eram estudantes
do Centro. Seus princípios influenciaram a filosofia centrada na comunidade da
WeWork, e seus professores estavam presentes regularmente nos escritórios e nos
retiros da empresa, de acordo com outras pessoas familiarizadas com o assunto.
Mas ele teve uma briga com o Centro, e os Neumann cortaram
laços cerca de quatro anos atrás, depois que ele sentiu que os líderes não
seguiriam seu conselho sobre como lidar com certas controvérsias que estavam
enfrentando.
Uma porta-voz representando Neumann disse: “Muitos
ensinamentos se reuniram para fundamentar a filosofia e a missão da WeWork. A
Cabala não é proeminente entre eles e não influenciou as decisões de negócios.
”
Uma porta-voz da WeWork disse: "A WeWork está focada em
continuar a proporcionar um ótimo dia de trabalho para nossos membros em todo o
mundo".
A participação de Neumann em edifícios que ele alugou para a
WeWork, para lucro pessoal, estava entre as questões de governança corporativa
que incomodaram alguns investidores. Em maio, a empresa disse que Neumann
entregaria uma unidade de investimento imobiliário administrada pela WeWork, para
eliminar um potencial conflito de interesses.
Um professor do Kabbalah Center vinha ao escritório de
Neumann para realizar sessões semanais aos principais executivos. A maioria dos
executivos seniores foi pelo menos algumas vezes, mesmo aqueles que tinham
pouco interesse na Cabala. As sessões não eram obrigatórias, mas os executivos
acreditavam que a participação era incentivada.
O número 18, um número auspicioso no judaísmo e enfatizado
nos círculos místicos judaicos, muitas vezes aparecia nas decisões de negócios
da WeWork.
Enquanto estava em uma banheira de hidromassagem no seu
aniversário de 39 anos em 2018 e conversando em uma teleconferência com os
executivos da WeWork, Neumann decidiu que a WeWork venderia US $ 702 milhões em
sua primeira oferta de títulos, de acordo com uma pessoa que testemunhou a
cena. Neumann chegou a esse ponto multiplicando sua idade por 18 anos.
Neumann disse a equipe que esperava realizar a abertura de
capital da WeWork em 18 de setembro, citando o significado espiritual da data,
antes que ela fosse adiada.
O registro S-1 na Comissão de Valores Mobiliários, divulgado
em agosto, ecoou os princípios centrais do Kabbalah Centre, algo que as pessoas
próximas à empresa disseram que não era uma coincidência. A missão da empresa,
de acordo com o documento, é "elevar a consciência do mundo". Yehuda
Berg, em seu livro sobre Kabbalah, escreveu que o objetivo do Centro é
"elevar a consciência de todo o mundo".
Acredito que todo ser humano tem suas místicas, os traders
seguramente. Eu por exemplo, durante algum tempo, não usava cuecas pretas,
achava que podia dar azar. Nos dias que experimentei perdi dinheiro,
confirmando minha suspeita. Essas manias se diversificavam em outros itens, por
exemplo, quando estava dirigindo e encontrava um carro com chapa 6666, ou
semelhante, era um aviso que estava prestes a perder dinheiro com minhas posições.
Já quando era 9999, a previsão era contrária, muitos lucros a frente. Com o
tempo, me desvinculei dessas bobagens, e percebi que o que realmente buscava,
era uma improvável segurança sobre o futuro. Foi aí que surgiu a análise
técnica na minha vida, substituindo o achismo pela evidencia.
Neumann foi buscar no espiritual judaico um conforto em sua
ideia revolucionaria de escritório. É indiscutível seu sucesso como
empreendedor e provavelmente vinculou isso a espiritualidade. Não tenho como opinar
sobre a viabilidade da WeWork, mas pelo que se noticia, vários problemas de
governança bem como de sustentabilidade foram apontados pelos investidores,
afinal, não querem que seus lucros dependam dos espíritos!
No post nem-o-cambio-impacta-mais-inflação, expus 2
cenários possíveis para o SP 500, sendo que o de alta parece ter ganhando
tração: ... “o
primeiro objetivo seria ao redor de 3.250 (↑ 10%) ou 3.475 (↑ 18%), onde esse
último é mais provável. Na segunda opção o objetivo seria a 3.850 (↑ 31%)” ...
Ontem a bolsa americana tocou no nível psicológico de 3000,
a apenas 1% abaixo da máxima histórica. Se esse é o prenuncio de uma recessão,
esqueceram de avisar os investidores da bolsa! O gráfico a seguir, com janela
diária, é muito parecido ao da bolsa brasileira, veja essa semelhança a seguir.
O que muda um pouco é a magnitude.
Já em relação a outros índices da bolsa americana o mesmo
não acontece. Para que o leitor entenda a diferença, no gráfico apresentado mais
adiante, o SP500 é calculado de uma forma que, as empresas com valor de mercado
maiores têm peso superior, enquanto a outra – SP500 Equal Weighted, é calculado tendo todas as ações o mesmo peso. A
ilustração a seguir mostra essa diferença de cálculo.
No gráfico a seguir, o primeiro, é relação entre o SP500 e o
índice Russell 3000, cujo conteúdo é composto por empresas pequenas e médias;
em seguida o SP500 é comparado ao SP500 Equal
Weighted.
Uma possível explicação dessa disparidade pode ser o modismo
e facilidade de se investir em ETFs, onde o investidor muda de uma posição para
outra de forma rápida, o que era diferente no passado quando nem existia essa
possibilidade de troca, haja visto que, os veículos de fundos mútuos não tinham
tantas opções.
Caso minha desconfiança esteja correta, essa distorção deve
deixar os analistas fundamentalistas de cabelo em pé, pois esse fluxo de recursos
dirigido pela “moda” distorce os P/E das empresas que compõem esses índices.
Assinto a se pensar!
O SP5000 fechou a 2.989, com queda de 0,20%; o USDBRL a R$
4,1490, com queda de 0,77%; o EURUSD a € 1.1073, com alta de 0,38%; e o ouro a
U$ 1.489, com alta de 0,57%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário