Boia furada
O investidor americano estava acostumado a ter um portfólio
cuja proporção sugerida como ideal era de 40% em ações e 60% em renda fixa.
Essa estratégia se mostrou sábia em momentos onde a bolsa sofreu quedas, pois
nesses momentos os títulos de renda fixa se valorizavam amenizando a perda. Em
linguagem técnica os bonds tinham uma correlação inversa com a bolsa.
À medida que o
crescimento econômico global diminui e as populações das economias de mercado
desenvolvido envelhecem, ativos tradicionalmente mais seguros, como títulos,
cresceram em popularidade e ajudaram a criar uma "bolha" no mercado
de títulos que ameaça inviabilizar os retornos dos investidores que mantêm uma
divisão típica de 60 a 40.
A premissa básica de toda carteira 60/40 é que os títulos
podem se proteger contra riscos ao crescimento econômico e as ações podem
proteger contra a inflação. Mas essa suposição só foi verdadeira nas últimas
duas décadas e, na maior parte, falsa nos últimos 65 anos. O grande risco é que
a correlação possa mudar, e agora o período mais longo de correlação negativa
da história está chegando ao fim, enquanto os formuladores de políticas balançam
os mercados com tentativas de impulsionar o crescimento.
Enquanto isso, uma maior volatilidade no mercado de títulos
do governo dos EUA, proporcionou piores retornos ajustados ao risco nos últimos
três anos, do que qualquer outra classe de ativos, exceto commodities. Por
outro lado, a popularidade dos títulos obrigou os investidores a assumir mais
riscos para obter o mesmo rendimento.
O posicionamento exagerado significa que as oscilações
naturais nos preços dos títulos podem ser exacerbadas à medida que os
investidores ativos reequilibram suas participações ou as perspectivas macro mudam.
Essa é uma situação que guarda alguma semelhança com o que
ocorre no mercado brasileiro, embora por motivos completamente diferentes. No
Brasil, nos últimos 20 anos, foi muito melhor investir em renda fixa que na
bolsa de valores, pois os juros eram estupidamente elevados. Nos EUA, neste
mesmo período, criou-se uma lógica que para se manter uma carteira de ações era
recomendado uma parcela em bonds. Agora, em ambos, é sugerido uma realocação da
renda fixa para a bolsa: Aqui porque os juros caíram muito e a alocação de
bolsa era muito pequena, e nos EUA a boia para manter o equilíbrio do portfolio
furou! Ambos os casos são positivos para a bolsa.
Nos EUA ocorreu uma bolha no mercado de títulos originada
por alguns fatores: nível de inflação mais baixa ao redor do mundo (inclusive
nos EUA); juros negativos na Europa e Japão motivaram um influxo aos EUA,
receio de uma desaceleração econômica mais forte.
Esses fatores colocam em risco uma alta de juros motivados
pelo excesso de posicionamento, mesmo que seja para balancear a carteira dos
investidores, o que está de encontro com as visões técnicas do Mosca.
O GDPNow calculado pelo Fed de Atlanta, aponta para um
crescimento do PIB americano em 1,8% para o 3º trimestre. Notem no gráfico a
seguir que esse nível se encontra estável desde o começo de outubro e
diferentemente do passado, coincide coma previsão dos economistas. Será que
esses últimos resolveram ao invés de prever esse indicador “colar” o do Fed que
tem se mostrado mais acurado? Hahaha ...
No post gestão-não-convencional, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ... “expus 2 cenários possíveis para o SP 500, sendo que o de
alta parece ter ganhando tração: o primeiro objetivo seria ao redor de 3.250 (↑
10%) ou 3.475 (↑ 18%), onde esse último é mais provável. Na segunda opção o
objetivo seria a 3.850 (↑ 31%)” ...
Nos últimos dias a bolsa americana está tentando romper a
marca histórica de 3.020, com pequenas oscilações. No post acima, apresentei a
semelhança entra a bolsa americana e a brasileira, que agora se encontra acima
de 106.500. Quero enfatizar que, não existe nenhuma relação direta entre ambas,
essa foi apenas uma coincidência.
Enquanto não ocorrer o rompimento, é possível uma correção
que poderá estar delimitada conforme a figura abaixo.
Com isso em mente, vou sugerir um trade de compra a 3.030
(fechamento), caso não haja uma retração, e a bolsa esteja no caminho da alta,
com um stoploss a 2.970. Por outro lado, se uma correção se materializar, essa
sugestão é cancelada e uma nova será feita oportunamente.
O SP500 fechou a 3.004, com alta de 0,28%; o USDBRL a R$
4,0320, com queda de 1,22%; o EURUSD a U$ 1,1131, sem variação; e o ouro a U$
1.491, com alta de 0,25%.
Fique ligado!
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