Quem tira mais!



Há menos de 12 meses, quando preparava as previsões para 2019, fui a busca de um tema. Naquele momento o Fed ainda estava com expectativa de novas altas nos juros, embora o mercado já apontava que o ciclo de alta tinha terminado. Os economistas de diversos bancos tinham previsões ainda de alta. Essa foi a razão da escolha do tema “Quem dá menos” no post a-ilusão-das-previsões: ... “se alguém pudesse antever qual será a taxa de juros no final de 2019, eu poderia traçar um possível cenário econômico compatível. Como isso não é possível, vamos observar “quem dá menos”, se o mercado, o Fed ou os economistas” ... Novamente o mercado estava mais certo que os outros participantes, todo mundo deu muito menos, se pudesse, o tema que espelharia melhor esse ano seria “Quem tira mais”!

Amanhã existem dois eventos de muita importância em termos de política monetária. Tanto o Fed como o BCB farão o anuncio da taxa de juros, onde ambos devem reduzir. Vou começar pelo Brasil.

Se os EUA estivessem numa situação semelhante a brasileira do ponto de vista econômico, a taxa de juros aqui seria negativa, com uma ociosidade enorme na Indústria e um desemprego elevadíssimo, e sem inflação, é bem provável que a taxa de juros talvez não negativa, mas quem sabe 1% a.a.

Nesses últimos meses venho notando como os analistas estão reduzindo suas previsões para a taxa SELIC. O mais recente, visa uma taxa estável em 4% para 2020. Mas para não perder o costume, preveem alta daí em diante. O nível de 4% para o juro, foi colocado no Mosca já algum tempo, sendo assim, não é novidade, mas será que poderia ser inferior? O nível de inflação se encontra por volta de 3% a.a., e considerando que, irá permanecer por volta deste patamar, a taxa SELIC atual de 5,5% é muito elevada, dada as condições da economia citadas acima, além da Previdência não representar mais um risco.

Se o Banco Central deseja estimular a economia deveria correr algum risco na inflação. O que quero dizer é que, a taxa de juros deveria ser estimulante e não restritiva. Olhando por esse ângulo, por que não levar os juros até 3% a.a.? Supondo que seja essa a intenção da autoridade monetária, e com uma redução de 0,50% por reunião, iria demorar 5 reuniões para chegar nesse patamar, algo como o segundo semestre de 2020. Sendo assim, porque não efetuar um corte amanha de 0,75%? Parece fazer muito sentido com essas premissas. Talvez seja uma boa aposta.

Já em relação ao Fed parece haver uma divergência no que o Fed deseja e o que o mercado quer. O consenso é de que o banco central reduzirá sua taxa de referência de empréstimos pela terceira vez. Mas, ao contrário das duas últimas, acredita-se que o presidente Jerome Powell sugira uma interrupção dos cortes, para flexibilização monetária.


Talvez o argumento mais forte dessa convicção sejam os recentes movimentos no mercado de US $ 16 trilhões em títulos dos EUA. Os rendimentos de dois anos, saíram de 1,64%, e aumentaram quase 30 pontos-base em relação ao início deste mês, enquanto os rendimentos de 10 anos subiram mais de 40 pontos-base em relação aos mínimos. A curva de rendimentos entre esses dois vencimentos é a mais positivamente inclinada desde antes do primeiro corte nas taxas do Fed em julho - muito longe da “desgraça e tristeza” de agosto. Desde de outubro, os futuros apontam uma probabilidade de apenas 25% de uma queda adicional considerando que, um corte aconteça amanhã.


A perspectiva mais animada do mercado de títulos nas últimas semanas pode ser resumida por: uma mudança de humor para otimismo no Brexit; e otimismo na frente comercial. E por esse motivo, esse pode ser o momento mais oportuno, se o Fed quiser fazer uma pausa.

Powell pode "sugerir" sua visão do caminho à frente, tudo o que ele quiser. Mas a história recente mostrou que o que ele diz em sua conferência de imprensa, não importa realmente, quando se trata da próxima decisão sobre taxa de juros. Especialmente quando as razões do otimismo são tão frágeis e sujeitas a alterações a qualquer momento.

Jerome Powell quando assumiu o Fed era uma incógnita, com uma larga experiência no mundo de banco investimento e nenhuma bagagem acadêmica, deixou o mercado preocupado com seu desempenho. Mas ele não decepcionou, sua gestão está sendo tão ruim quanto se esperava! Tenho a impressão que suas decisões são levadas por movimentos de curto prazo, basta notar o que coloquei no início do post - há menos de um ano estava no caminho de colocar os juros em 3% a.a., e hoje a dúvida é se para em 1,75% ou ainda haverá novas reduções. É verdade que, com um “chefe” com o seu, é muito difícil fazer a gestão de qualquer coisa, imagina para um banco central tão importante como o Fed.

No post protestos-estão-na-moda, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “No curto prazo, existe uma primeira barreira no nível de 110 mil que se ultrapassada deveria levar o índice aos 120 mil, conforme aponto no gráfico a seguir” ...

O false break foi eliminado haja visto que, o rompimento do nível de 106.500, ocorreu sem nenhuma volta de teste.

No final de semana fiz algumas análises no Ibovespa e cheguei a dois cenários diferentes, que podem acarretar reversões em níveis distintos. O primeiro se encontra muito próximo a 109.000/110.000, e o segundo por volta de 120.000.

Quando é montado uma posição e o mercado vai no seu sentido, um “obstáculo” calculado surge a frente, segundo a análise técnica. De antemão, não se pode saber se nesse ponto haverá a reversão, e nem tampouco qual sua extensão.

Eu já comentei que em situações como essa, se pode adotar basicamente duas estratégias: a primeira é vender (parcialmente ou totalmente) a posição; ou manter a posição e ajustar o stoploss. Cada uma delas oferece vantagens e desvantagens, que ex post é fácil escolher. No caso atual vou optar pela última opção, fazendo uma atualização do stoploss para 104.000.

O SP500 fechou a 3.036, sem variação; o USDBRL a R$ 3,9992, com alta de 0,23%; o EURUSD a 1,1110, com alta de 0,11%; e o ouro a U$ 1.488, com queda de 0,26%.

Fique ligado!

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