Disparidade
Numa semana tensa, em função de dados sobre o setor de manufatura
e serviços revelando continua fraqueza da economia mundial, a publicação dos
dados de emprego nos EUA era aguardada com muita ansiedade. Uma boa parte dos analistas
acreditava que o impacto negativo já seria observado nesses dados. Entretanto
foram criadas 136 mil novas vagas, e embora seja levemente inferior ao
projetado (145 mil), o que realmente surpreendeu foi a taxa de desemprego em
3,5%, a menor marca em 50 anos!
Do lado negativo ficaram as horas trabalhadas, que permaneceu
estável, quando o esperado era uma elevação. Os salários abalizaram uma alta de
2,9% em 12 meses, com uma tendência nítida de desaceleração. Esse resultado é
de certa forma surpreendente, pois com um mercado de trabalho em pleníssimo
emprego, seria razoável esperar uma elevação nos salários.
A parcela da população em idade ativa com emprego foi de
80,1%, o nível mais alto desde março de 2007. A parcela da população em idade
ativa que está na força de trabalho - definida como aqueles que trabalham ou
procuram ativamente por emprego - atingiu 82,6% em setembro, inalterado em
relação a agosto.
Esse relatório coloca o Fed numa situação estranha. Como
poderia um banco central baixar a taxa de juro com um mercado de trabalho, o mais
apertado em 5 décadas? Até ontem o mercado já dava como certo a queda do juro
na próxima reunião no final deste mês, com 88% de probabilidade. Notem que em
questão de dias essa chance saiu de 40% para o nível atual.
Mas a melhor observação foi do Presidente americano Donald
Trump que publicou o seguinte em seu Twitter “A taxa de desemprego, em 3,5%,
caiu para o nível MAIS BAIXO EM 50 ANOS. Uau América!!! Vamos acusar seu
presidente (mesmo que ele não tenha feito nada errado!)” Dispensa qualquer
comentário!
Embora os dados de emprego são considerados atrasados do
restante da economia, tanto na Europa (como mostrado no post de ontem) como o
de hoje nos EUA não apontam para um cenário potencialmente recessivo. A
disparidade dos indicadores podem ser fruto da insegurança vivida atualmente ou
da revolução tecnológica em andamento que tende a distorcer os modelos calcados
em estatísticas passadas.
No Brasil o último dado de emprego é encorajador apontado
para a maior criação em 55 meses. Como o gráfico abaixo mostra, o setor de
serviços apresenta melhora consecutiva nos últimos 3 meses. O Mosca confia que dentro de um ano, a situação
estará muito melhor que hoje. Ah, ia me esquecendo, não ouça nem veja nada
relativo ao presidente, isso irá desmotiva-lo!
O fluxo de recursos para os mercados emergentes está espelhando
os receios atuais. Em meados deste ano houve uma reversão no direcionamento dos
investimentos de ações para bonds, sendo que o primeiro registra resgate líquido.
Esse dado engloba diversos países, e aqui no Brasil, não foi muito diferente. A
BMF tem reportado saídas líquidas todos os meses em 2019. Esse fluxo está sendo
recompensado pela entrada proveniente dos investidores brasileiros.
No post efeito-colateral, fiz os seguintes comentários sobre
os juros de 10 anos: ... “alguns níveis aonde aumentam as chances de os juros permanecerem
dentro do “caixote”:
. 1,75% - Já
foi
· 1,95% - próximo teste
· 2,10% - nesse caso, a probabilidade de o juro ficar
dentro do “caixote”, por bem mais tempo, se eleva bastante...
... “O gráfico publicado abaixo parece mais provável que o
nível de 1,95% será testado em breve, principalmente se não recuar até 1,7%”
...
No gráfico atualizado se pode notar que o nível de 1,7%
(grifado acima) foi violado. As premissas acima continuam validas, porém uma
análise do movimento recente aumenta a chance de existirem novas mínimas mais à
frente. Por outro lado, é bem provável que o juro não está pronto para cair já.
Acredito que seja possível a formação de um triângulo cuja
as bordas se encontram de forma tentativa no gráfico acima. Nesse caso, poderá
surgir uma oportunidade para apostar na queda de juros numa região entre 1,85%
/ 2,0%. Não vou sugerir um trade de venda ainda pois espero uma alta dos níveis
atuais. Fique atento as publicações do Mosca
para mais informações sobre essa opção
O SP500 fechou a 2.952, com alta de 1,42%; o USDBRL a R$
4,0534, com queda de 0,74%; o EURUSD a € 1,0980, com alta de 0,14%; e o ouro a
U$ 1.504, sem variação.
Fique ligado!
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