Vestindo a camiseta


Para quem é assíduo do Mosca, conhece minha opinião sobre previsões que normalmente são feitas pelos economistas. Costumo até mencionar que, eles mudam de opinião como eu mudo de camisa.

Estamos terminando 2019 com um tom mais tranquilo sobre as perspectivas para 2020, a entrada de uma nova década. Há pouco tempo, aproximadamente 6 meses, o noticiário estava repleto de projeções que tentavam adivinhar quando seria a próxima recessão. Os juros eram citados como o principal indicador, haja visto que nas últimas recessões, o diferencial entre os juros de curto prazo e o de longo prazo ficam negativos.

Mas os meses foram passando, e os dados publicados não davam conta de tamanha gravidade, e mesmo o Fed que acabou se influenciando por esse receio do mercado, mudou o tom de seus comunicados, principalmente na projeção dos juros, apontados por seus membros no relatório conhecido como dots.

Em função de tudo isso, os economistas começaram a rever suas projeções através da projeção da taxa de juros, conforme consta na matéria publicada pela Bloomberg.

As autoridades do Federal Reserve não permitirão que as eleições presidenciais de 2020 influenciem suas decisões de política monetária e manterão as taxas de juros em espera pelos próximos dois anos, segundo economistas consultados pela Bloomberg.

Em uma pesquisa realizada entre 2 e 4 de dezembro, com 31 economistas, os entrevistados abandonaram suas previsões anteriores - a partir de outubro - de um corte nas taxas em 2020. Suas respostas medianas mostram que agora esperam que a faixa alvo da taxa dos fundos federais permaneça em 1,5 % -1,75% até o final de 2021.



A maioria também rejeitou a noção de que as próximas eleições terão alguma influência sobre as políticas.

Os formuladores de políticas do Fed reduziram as taxas três vezes este ano. O presidente Jerome Powell sinalizou uma pausa após a mudança mais recente, em outubro, e disse que as taxas permaneceriam em espera até que as autoridades vissem uma "reavaliação material" em suas perspectivas econômicas.


Cerca de 90% dos entrevistados concordaram com a recente avaliação do Fed de que seus cortes nas taxas de 2019 haviam ajudado a apoiar o crescimento econômico nos EUA e que a política monetária estava agora "em um bom lugar".

Os economistas também viram uma chance menor de recessão em 2020. Solicitados a atribuir uma probabilidade à probabilidade de que a taxa de juros de referência do Fed caia para zero no próximo ano, a resposta mediana foi de 20%, abaixo do 30% de outubro.

Apesar desse otimismo, os entrevistados indicaram predominantemente que os riscos para o crescimento e a inflação continuavam inclinados para o lado negativo. Eles também continuaram apontando as disputas comerciais internacionais como a maior ameaça à economia dos EUA em 2020, seguida pela desaceleração do crescimento global.

Várias autoridades do Fed disseram estar atentas a qualquer indicação de que as incertezas comerciais, que já diminuíram o investimento comercial nos EUA, podem fazer com que as contratações desacelerem significativamente.

O Departamento do Trabalho dos EUA divulgou seu relatório de emprego em novembro na sexta-feira. Os dados revelaram uma solida criação de empregos em 266 mil, além da taxa de desemprego ter caído para 3,5%, o menor nível dos últimos 50 anos. Nos últimos três meses, os ganhos foram em média 176.000.

Economistas disseram na pesquisa mais recente que os formuladores de políticas seriam forçados a alterar suas perspectivas se as folhas de pagamento caíssem abaixo de 100.000 por alguns meses.

Embora o mercado ainda tenha um viés negativo, pois as taxas futuras estão abaixo do indicado pelo Fed, bem como da pesquisa abordada acima, porém se observava que, pouco a pouco estão se ajustando, conforme o gráfico aponta a estrutura de taxas após o anuncio do emprego.


Esta semana na quarta-feira, o Fed se reúne para decidir sobre a política monetária. Não esperado nenhum corte, mas as projeções que será publicada é de grande interesse aos analistas, bem como a secção de perguntas e respostas.

Com o andar da carruagem, os economistas parecem estar mais tranquilos, o que fizeram com que eles trocassem as camisas por camisetas, estando assim relaxados para s festas de final de ano!

No post o-elefante-na-sala, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “Estou em dúvida do que deverá acontecer no curto prazo. Vou buscar explicar a seguir, quais serão as indicações que dariam curso ao cenário. Minha dúvida se resume a responder se a alta que ultrapassou o nível de R$ 4,21 foi ou não um “false break”. Para essa análise vou usar a janela de 240 minutos (tem se mostrado muito útil na análise de moedas)” ... ... “Abaixo de R$ 4,16 e principalmente R$ 4,12, a alta não passou de um false break” ...

Agora podemos caracterizar esse movimento que levou o dólar ao nível de R$ 4,27 como um false break. Isso modifica o que eu esperava para o dólar no curto prazo, que seria novas altas. Não que eu trabalhe com o cenário básico de queda forte do dólar, mas um movimento dentro de um triângulo, conforme o gráfico semanal a seguir.

Várias alternativas surgem depois desse movimento falso, porém, eu acredito que a mais provável seja o triangulo apontado acima – não esquecem que, em correção tudo é possível. Caso aconteça o que espero, o dólar somente atingiria novas máximas ao redor do 1º/2º trimestre de 2020.

Como também marquei no gráfico, se o dólar cair abaixo de R$ 3,85, o próximo nível se encontra ao redor de R$ 3,60. Para essa mudança de rumo, ganhamos um parceiro. No gráfico a seguir, encontra-se as apostas contra o real feitas pelos estrangeiros. Como podem notar, encontram-se nos maiores volumes dos últimos anos.

- David, como assim parceiros! eles não estão apostando na queda do real (alta do dólar)?
Exatamente por isso, digo que viraram nossos parceiros, pois venderem volumes enormes de real, e a próxima operação deles será de compra de real, para zerarem suas posições. O que eu não sei, e se eles vão ganhar dinheiro, ou serem estopados, caso eu esteja certo.

Ao analisar com uma janela de mais curto prazo, eu aguardaria uma pequena recuperação do dólar – entre R$ 4,20/R$ 4,22, para entrar num trade de venda de dólar.

Vocês podem imaginar que eu nem fiquei vermelho alterando meu trade de compra de dólar, para venda, o que não seria o caso se eu usasse análise fundamentalista. Par dizer a verdade, acredito que não teria coragem, nem argumento, para fazer tamanha mudança de direção. Mas usando análise técnica, bastou o argumento de false break, que realmente aconteceu, para fazer essa mudança drástica, embora ainda continuo com uma visão de alta do dólar mais à frente. Nem precisei trocar de camisa! Hahaha ...

O SP500 fechou a 3.138, com queda de 0,24%; o USDBRL a R$ 4,1341, com queda de 0,17%, o EURUSD a 1,1065, sem variação; e o ouro a U$ 1.460, sem variação.

Fique ligado!

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