Argentina flertando com a China #nasdaq100
Que nossos vizinhos são maus pagadores todo mundo sabe; segundo um amigo que é de lá, de oito em oito anos vem um calote. O governo de Fernandez tem sido um desastre, entrou com toda pompa anunciando que iria devolver a dignidade aos argentinos sem se ajoelhar aos investidores externos — incluindo o FMI, com quem tem uma dívida pendurada de U$ 44 bilhões —, e só conseguiu com suas heterodoxias “estabilizar” a inflação em 50% a.a., isso mantendo inúmeros preços fixos ou sob controle, e praticamente proibindo seus habitantes de viajar ao exterior ao impedi-los de comprar dólares pela taxa oficial — que também é subsidiada, pois no câmbio negro o dólar está com 100% de ágio sobre o oficial.
Em relação às
negociações com o FMI, depois de longos meses chegaram em janeiro a um acordo que
está tendo grandes dificuldades para aprovação no Congresso a apenas algumas
semanas do prazo final, sendo que uma parcela importante vence na segunda
quinzena de março. Ontem, seu banco central subiu os juros em 250 pontos, o que
parece muito, mas não para os padrões dos portenhos. A taxa final, agora de
42,5% a.a., ainda projeta um juro real negativo quando comparado com a
inflação.
Para resolver a
situação de forma a poder atrair novamente capital externo, muitas reformas e
ajustes serão necessários, o que vai implicar mais sofrimento à população. Quem
poderia salvar los Hermanos?
Como de
costume, a China busca países com problemas com o mundo ocidental e vai ao
encontro desses, em situação vantajosa, mas nunca esquecendo que seu maior
objetivo não é humanitário, mas o de buscar seus próprios interesses. Um artigo
de Jonathan Gilbert e outros na Bloomberg revela como a China está desbancando
os EUA na sua dominância na América do Sul.
No interior da
Argentina, o escritório de Mario Pizarro parece um santuário devotado à China.
Há a foto emoldurada de um camponês chinês com o rosto de Pizarro sobreposto
sob o chapéu de fazendeiro cônico. Ali está a estátua de Buda sorridente. E há
o modelo de turbina eólica de uma empresa chinesa com uma inscrição em inglês e
mandarim: "Crie nosso futuro juntos".
Pizarro, 62
anos, é o secretário de energia de Jujuy, uma província alta dos Andes que faz
fronteira com a Bolívia e o Chile. Com vista para um rio, seu prédio de
escritórios é comum, até mesmo pobre, mas os projetos que ele e seus colegas
supervisionam são tudo menos isso. E o único país que os tornou todos possíveis
é a China.
A tecnologia e
o dinheiro chineses ajudaram a construir uma das maiores usinas de energia
solar da América Latina em Jujuy (pronuncia-se hu-HUY), onde centenas de
milhares de painéis cobrem o deserto como dominós gigantes. Câmeras de
segurança chinesas vigiam prédios do governo em toda a capital provincial.
Servidores vibram em uma fábrica chinesa de armazenamento de dados. Sob as
remotas colinas e lagos salgados e vastos lagos de sal estão veias de cobre,
lítio e zinco, as matérias-primas da tecnologia do século 21 — incluindo baterias de carros elétricos fabricados na China.
Não é segredo
que a China vem despejando recursos na América do Sul neste século, cortando o
domínio histórico dos EUA e tornando-se o parceiro comercial número 1 do
continente. Mas, embora o foco internacional tenha se voltado nos últimos anos
para os empreendimentos da China na África e na Ásia, uma mudança importante
passou em grande parte despercebida na abordagem do país para a América do Sul:
a
abordagem local para
expandir e fortalecer seu domínio financeiro.
Em vez de se
concentrar em líderes nacionais, a China e suas empresas construíram relações a
partir do zero. Só em 2019, pelo menos oito governadores brasileiros e quatro
vice-governadores viajaram para a
China. Em um discurso
em setembro de 2019, Zou Xiaoli, embaixador da China na Argentina, disse que o
impulso de infraestrutura de seu país estava ajudando a inserir a América
Latina no mercado global. "A China dará forte apoio ao desenvolvimento
econômico e social da Argentina", disse ele.
Como ilustra a província argentina de Jujuy, nenhuma região é muito remota para a atenção escrupulosa da China. Com talvez um toque de hipérbole, Gabriel Márquez, diretor executivo de um centro de pesquisa e desenvolvimento de lítio da Jujuy, descreve a eficácia da abordagem: "Aqui temos um pobre governador da Argentina que tem o número de telefone de Xi Jinping".
Recentemente, os EUA têm tentado combater a China, em parte enfatizando o risco de comprar tecnologia de empresas controladas pelo Estado que podem ser usadas para fins civis e militares, como espionagem. Na região sul da Patagônia, no sul da Argentina, por exemplo, uma empresa chinesa construiu um centro de controle para missões espaciais.
Juan Gonzalez,
diretor sênior do Conselho de Segurança Nacional dos EUA para o Hemisfério
Ocidental, diz que a China está buscando expandir sua pegada de segurança
nacional. "Parte do nosso compromisso é garantir que os governos estejam
tomando as decisões certas para sua própria segurança e desenvolvimento",
diz ele.
Cynthia
Arnson, diretora do programa latino-americano no Wilson Center de Washington,
diz que esse tipo de preocupação não desencoraja os governos locais.
"Devemos fornecer alguma alternativa", diz ela. "Dólar por
dólar, os EUA nunca serão capazes de igualar a carteira cheia dos bancos de
investimento chineses."
A América
Latina tem sido um foco das grandes potências. Nos séculos XV e XVI, Espanha e
Portugal dividiram a região para exploração colonial. Após revoluções nacionais
no século XIX criarem estados independentes, Washington promulgou a Doutrina
Monroe, que exigia que as potências europeias considerassem o Hemisfério
Ocidental a esfera de influência dos EUA. Na década de 1980, Washington apoiou
golpes e enviou tropas para vizinhos soberanos ao sul.
Essa interferência inspirou o ressentimento antiamericano, criando uma abertura para a China. Nas últimas duas décadas, enquanto os EUA se concentravam nas guerras no Afeganistão e no Iraque, a China mudou-se para o Hemisfério Ocidental com uma velocidade excepcional e poderio financeiro e político. Grande parte dos investimentos da China começou no início do século, durante a chamada maré rosa, quando partidos de esquerda chegaram ao poder na Argentina, Bolívia, Brasil, Equador e Venezuela.
A China comprou tanto cobre, carne de porco e soja — e construiu tantas estradas, trens, redes de energia e pontes — que superou os EUA como o maior parceiro comercial da América do Sul e agora é o maior parceiro de Brasil, Chile e Peru. Uma empresa chinesa está liderando um grupo que está construindo o metrô na capital colombiana de Bogotá. A gigante da energia State Grid Corp. da China possui a empresa que fornece energia elétrica para mais de 10 milhões de residências brasileiras. Em fevereiro, a Argentina anunciou que a China financiaria cerca de US$ 24 bilhões em projetos de infraestrutura.
Desde 2012, o
presidente chinês Xi Jinping visitou a América Latina 11 vezes. Durante seus
dois mandatos, o presidente dos EUA Barack Obama estava lá 12; Donald Trump foi
uma vez. Joe Biden não visitou em seu primeiro ano no cargo.
Os EUA não
estão desistindo. Em 2019, Ivanka Trump viajou para Jujuy quando era
conselheira sênior de seu pai. Há um ano, os EUA emprestaram AO Equador US$ 3,5
bilhões para sair da dívida chinesa, com a condição de que parasse de comprar
tecnologia-chave da China. Em setembro, Daleep Singh, um conselheiro de
segurança nacional dos EUA, visitou colômbia, Equador e Panamá para promover
uma alternativa à construção global de infraestrutura da China Iniciativa
"Belt and Road".
O esforço dos EUA, chamado "Build Back Better World", visa oferecer
financiamento de infraestrutura com termos competitivos e de maneiras que
promovam políticas ambientais sólidas, bons padrões trabalhistas e
transparência.
Um episódio
durante o governo Trump mostra por que os EUA lutarão para driblar a China. Em
agosto de 2019, poucos meses após seu mandato, o governador de São Paulo João
Doria, ex-empresário, buscava trazer empregos e desenvolvimento para casa.
Então ele abriu o primeiro escritório comercial de seu estado no exterior — em
Xangai.
Dias antes de
fazer uma viagem à China, Doria recebeu uma delegação dos EUA na mansão do
governador. O então secretário de Comércio Wilbur Ross implorou-lhe para evitar
o investimento chinês, particularmente na rede sem fio 5G. Doria, rival do
presidente brasileiro Jair Bolsonaro, aliado de Trump e crítico duro da China,
não ficou impressionado. "Eu disse a ele que a decisão era local",
diz Doria. "Não é uma decisão nacional, não é decisão do Bolsonaro."
O escritório
de Xangai levaria a uma vitória para São Paulo: um contrato com a chinesa
Sinovac Biotech Ltd. para produzir sua vacina CoronaVac — a primeira e, por
meses, a mais utilizada contra a Covid-19.
No início de
2021, com Covid fora de controle e as vacinas chinesas muito necessárias, o
governo Bolsonaro sinalizou que não excluiria a empresa chinesa. Huawei Technologies Co. da competição 5G. No final, a empresa
não participou, mas as operadoras brasileiras têm confiado em sua tecnologia
para cerca de 40% de suas redes existentes. Banir a Huawei provavelmente teria feito
os custos dispararem.
Bolsonaro
inicialmente descartou a vacina CoronaVac e impediu que seu Ministério da Saúde
comprasse um milhão de doses em outubro de 2020 durante os testes clínicos em
São Paulo. "O povo brasileiro não será cobaia de ninguém", tuitou. As
mortes de Covid forçaram um recuo. Em janeiro do ano passado, Bolsonaro entrou
em contato com o governo chinês solicitando vacinas e materiais CoronaVac para
produzir outras vacinas. A China aceitou. "A posição da China é: eu não me
importo se seu presidente me odeia ou não", diz Thiago de Aragão, chefe de
estratégia da consultoria política brasileira Arko Advice. “O país é extremamente
pragmático."
Mauricio
Claver-Carone, presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, diz que a
China oferece crédito mais barato e que empresas de outros países muitas vezes
desistem de competir. Claver-Carone, ex-conselheiro sênior de Trump na América
Latina, também alerta para os riscos à segurança nacional: "A última coisa
de que os países precisam é se tornar dependentes de contratos secretos e
atores não transparentes, como empresas estatais chinesas".
É
extraordinário que uma província na Argentina possa ter ambições internacionais.
Em 2020 o governo federal deu calote nos títulos que vendeu para Wall Street,
e ainda deve dezenas de bilhões de dólares ao Fundo Monetário Internacional.
"A economia argentina é tão calamitosa que só aventureiros como a China
podem fazer negócios aqui", diz Carlos Oehler, que dirigia a empresa
provincial de energia e mineração Jemse. Ele também se reuniu com cinco
delegações chinesas interessadas nos sal achatados de lítio de Jujuy e
depósitos de magnésio. "Jujuy está começando a sonhar em ser um participante
global independente", diz ele.
O contraste
entre o passado e o presente de Jujuy é impressionante. A província está
construindo um centro para estimular a fabricação relacionada ao lítio nos
arredores de San Salvador, na cidade de Palpala. Novos armazéns reluzentes ficam
em terras mal-cuidadas, na sombra de uma siderúrgica enferrujada e sua torre de
resfriamento rachada.
De volta à
capital, em um dia de semana recente, vendedores ofereciam bugigangas em
barracas ao lado de um velho terminal de ônibus. A nova influência estrangeira
parecia tanto surpreende--los quanto preocupá-los. "Nesse ritmo, todos nós
vamos nos tornar chineses", diz Mirtha Ramos, 49 anos, mãe de três filhos
que vendia bonés falsos de grife. Nancy Ortega, 31, trabalhando na próxima
barraca, acrescenta: "Tenho um amigo nas minas que disse que os chineses
estão tomando conta de tudo." —
Acredito que as
colocações feitas pelos americanos sobre segurança tenham pouco impacto nos
negócios em andamento com os chineses — afinal, quando não se tem crédito de
ninguém e aparece alguém disposto a emprestar, o preço não importa. Difícil
saber também quais as intenções subjacentes além do objetivo principal da
extração das commodities — acredito que seja um atrativo adicional, está lá se
precisar.
Outra grande
diferença em relação aos ocidentais é que a China está pouco se importando se a
Argentina não paga suas contas, no curto prazo é até melhor; o que não se sabe
é se esse país poderá dar um calote também nos orientais, mas aí acho que ao
invés de negociações na Park Avenue os instrumentos de pressão serão outros –
que tal uma tortura chinesa! Hahaha ...
No post o-cagueta, fiz os seguintes comentários sobre o nasdaq100: ...” Vocês sabem que estou esperando o momento para entrar na bolsa, e por enquanto a decisão foi correta de aguardar. Qual o plano no curto prazo? No gráfico acima delimitei áreas de interesse. Minha ideia é que a onda ii em verde estaria na iminência de terminar, se este for o caso, aguardem a entrada a qualquer momento. Caso isso não aconteça, entre 14.352 e 14.141 é possível que essa onda ii ainda visite, agora se adentrar na área abaixo aumenta a chance de a correção ter ainda uma queda abaixo de 13.858 ...”
A situação da nasdaq100 se apresenta com menos clareza que a de seu irmão mais velho o SP500. O nível terminou ontem no limite apontado no intervalo acima a 14.170, ficando vulnerável a novas quedas. Com podemos proceder nesse caso para saber se o cenário adotado ainda pode ser usado? Se realmente a correção indicada pela onda 4 em laranja terminou a bolsa não poderá avançar nenhum milímetro abaixo de 13.274.
Eu frisei no gráfico acima duas tentativas de rompimento do canal em laranja, isso não significa que dessa vez não irá conseguir, mas não deixa de ser uma área de resistência.
O mercado
americano ficará fechado na próxima segunda feira em função de um feriado
local, com a situação delicada na possibilidade de invasão da Rússia – só para
vocês terem a dimensão do engajamento do Putin, ele colocou metade de seu exército
na fronteira, o mercado ainda está sujeito a esse risco. Ainda continuo com a
ideia que eles não irão invadir, mas sei lá, esse Putin é meio doido!
Na área de inflação já se nota uma volta a normalidade em varios segmentos onde havia problemas de suplemento de componentes, como mostra o gráfico a seguir de ordens não completadas.
Não se pode esquecer também que no ano passado os governos, e principalmente o americano botou dinheiro no bolso dos americanos, esse dinheiro foi gasto com a vida voltando mais normalidade, como mostra o gráfico a seguir dos gasto em termos reais.
Naturalmente uma parte da queda se deve a inflação que acaba correndo parte dos salários, outra pela própria diminuição citada acima. Será que teremos boas notícias de queda da inflação daqui a alguns meses?
Fique ligado!
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