Por traz das evidencias #SP500
Os mercados
financeiros hoje em dia são muito sofisticados. A possibilidade de negociação
de qualquer parte do planeta, agregada aos instrumentos existentes, torna a
tarefa de investir bastante difícil. Quantas não são as vezes em que ocorre
algum fato e imagina-se um determinado impacto, e ocorre exatamente o
contrário.
No post de hoje
vou buscar explicar de forma simples como e por que observar determinadas
informações com cautela— inicialmente, um pequeno entendimento do impacto do
mercado de derivativos (futuros e opções).
Imagine que
você faz a gestão de um fundo de previdência que normalmente tem uma carteira
importante de ações e, por algum motivo, ficou preocupado com a bolsa e decidiu
diminuir sua posição. Essa redução pode ser feita através da venda de ações,
venda de algum contrato futuro, ou a compra de opção de venda. Cada uma dessas alternativas
tem vantagens e desvantagens. Mas se você acredita que é um movimento de
correção limitado, a venda dos derivativos pode se a mais fácil e rápida,
embora não tenha uma perfeita aderência com sua carteira.
Para poder
realizar essa operação, tem que ter alguém do outro lado que lhe dê liquidez,
ou seja, alguém que compra o futuro ou venda as opções de venda. Naturalmente,
pode ser um outro investidor que tenha a visão inversa. Mas vamos imaginar que
foi um arbitrador que deu liquidez. Como sua posição é sempre neutra, vai
arbitrar alugando uma carteira de ações para comprar o índice ou vender parte
dessa carteira para poder vender a opção de venda (esse é um caso mais complexo
de entender, mas suponha que vendeu 25% para cobrir sua posição).
Como termina
esse composto de operações? Se a bolsa recua por exemplo os 10% esperados por
você, precisa realizar nesse momento a operação inversa que, por sua vez,
induzirá o banco que lhe deu liquidez a fazer o mesmo. E se a bolsa não cair?
Bem, o gestor pode ir rolando suas posições em novos contratos, mas isso vai
gerar algum custo.
Não pretendo
elencar todos os tipos de participantes, pois nem sei se conheço todos, mas você
pode tirar uma conclusão de forma simplista: ao usar derivativos, e você
conseguir seu intento, é condição necessária que outros pensem da mesma forma,
mas, principalmente, que se desfaçam no mercado à vista ações de forma
definitiva — senão, quando a pressão de venda cessar as cotações irão subir, ao
contrário do que se espera – como exemplo no mercado atual com todas as duvidas
internacionais agregadas as internas o dólar já está próximo de R$ 5,00. Vou
comentar na próxima publicação do dólar o motivo de tal movimento, mas tem tudo
a ver com o racional acima.
Mas como
podemos saber qual a situação do mercado?
Vamos
aproveitar esses conceitos e analisar um artigo de Karen Langley e outros no
Wall Street Journal, que enfatiza as apostas de queda do mercado atual
americano.
Os
investidores estão apostando que a dor recente nos mercados de ações e títulos
se intensificará.
Vendedores a
descoberto estão aumentando suas posições contra o S&P 500, que acompanha o
amplo índice de ações dos EUA, na velocidade mais rápida em quase um ano.
Outros investidores estão comprando de forma inédita contratos de opções que dariam
lucro se piorarem as recentes quedas nos mercados de ações e títulos.
Um aumento da
inflação, a incerteza sobre o ritmo dos aumentos das taxas de juros do Federal
Reserve e a ameaça de guerra na Europa têm castigado os mercados financeiros no
início do ano. O crescimento dos lucros, entretanto, deve ser moderado a partir
de seu ritmo acelerado em 2021, quando os lucros estavam sendo comparados com
seus níveis mais baixos durante os estágios iniciais da pandemia.
O S&P 500 caiu 8,8% em 2022, enquanto o Nasdaq caiu 13%. No mercado de títulos, os custos de empréstimos de referência subiram acima de 2% no início deste mês pela primeira vez desde meados de 2019.
"O sentimento é realmente pobre", disse Danny Kirsch, chefe de opções da Piper Sandler, que disse ter notado mais clientes optando por hedges recentemente. "As pessoas estão nervosas."
Os vendedores a
descoberto adicionaram US$ 8,6 bilhões às suas posições contra o SPDR S&P
500 ETF Trust durante as quatro semanas até quinta-feira, de acordo com
projeções da empresa de tecnologia e análise de dados S3 Partners. Esse valor
seria o maior desde um período de quatro semanas que termina no início de março
de 2021.
Vendedores a
descoberto tomam ações emprestadas e as vendem, com um plano para recomprar a
preços mais baixos e embolsar a diferença. Os investidores que estão no mercado
podem estar apostando que as ações cairão ou reduzindo sua exposição a uma
queda no mercado, enquanto apostam que ações específicas vão ter melhor
desempenho.
Jordan Kahn,
diretor de investimentos da ACM Funds, disse que sua empresa vem reduzindo suas
posições em ações em uma de suas estratégias, ao mesmo tempo em que adiciona
posições vendidas contra fundos negociados em bolsa que reproduzem o mercado
em geral.
Kahn disse que
ficou preocupado perto do final de 2021, quando viu que as ações individuais
estavam sendo vendidas, enquanto as maiores ações mantinham os principais
índices à tona.
"Isso é
uma espécie de sinal de alerta para nós", disse ele. "Achamos que o
cenário mais provável é que as grandes ações que não tiveram uma correção tão
grande ainda vão provavelmente acompanhar esse desempenho negativo."
Os
investidores estão carregando suas apostas contra uma série de grandes ações de
tecnologia que lideraram a alta nos últimos anos, posicionando-se para uma
reversão.
As ações da
Nvidia caíram 20% em 2022, mas ainda estão em alta de 58% em relação ao ano
passado. Tesla caiu 19% este ano, mas aumentou 9,7% em relação ao ano anterior.
Ambas as ações dispararam desde o final de 2019.
Muitos traders entraram no mercado comprando as ações depois de uma queda, apesar da volatilidade. No entanto, os operadores também têm aproveitado outras estratégias de opções para lucrar com a queda ou para fazer o hedge de suas carteiras. Três dos cinco dias mais ativos para negociação de opções de venda na história ocorreram nas primeiras semanas de 2022, de acordo com dados da Cboe Global Markets.
As opções de compra em relação ao total de opções caíram recentemente para o menor nível desde abril de 2020, quando a pandemia Covid-19 estava se espalhando pela primeira vez pelos EUA, de acordo com o Goldman Sachs Group Inc.
Durante grande
parte do ano passado, as apostas de alta turbinadas em ações estavam em voga, e
muitos traders levaram a alta do S&P 500 para 70 novas máximas.
Os
investidores também estão se cobrindo de potenciais quedas no mercado de
títulos de renda fixa. A perspectiva de taxas de juros mais altas desencadeou
uma venda de do mercado
monetário e fundos de títulos
que pode ser a maior em pelo menos sete anos.
O número de
opções de venda em circulação atreladas ao iBoxx iBoxx $ High Yield Corporate Bond ETF, HYG +0.16% , que atende pelo ticker HYG, e iShares iBoxx $ Investment Grade Corporate Bond ETF, LQD -0.25% ou LQD — todos instrumentos atrelados
a títulos de renda fixa —, recentemente saltou para o nível mais alto já
registrado, de acordo com o Barclays
PLC.
Para alguns traders,
o sentimento pessimista pode ser uma oportunidade para capitalizar qualquer
recuperação.
Julien Stouff,
fundador da empresa de fundos de hedge Stouff Capital em Genebra, Suíça, disse
que fez apostas de alta de curto prazo em ações em janeiro, na época em que
notou muitos traders estavam pessimistas no mercado. Recentemente, ele tomou
uma posição neutra através do mercado de opções.
"Esse
medo normalmente cria uma oportunidade de compra", disse ele.
Como se pode transparecer desse atrigo o sentimento atual é de queda da bolsa. Quem estava apostando nesse sentido ganhou de presente a crise da Rússia. Para se ter uma ideia da dimensão desse pessimismo, veja o gráfico a seguir, que mede o sentimento com as ações de tecnologia.
Com toda essa pressão, o SP500 recou 12% da máxima, isso já considerando o brinde da Rússia. É muito ou o suficiente para imaginar que atingiu a mínima? Essa pergunta não dá para ninguém responder, só ex post, o máximo que se pode afirmar é que foi uma boa queda.
O que se tem
que ter em mente a maior parte já deve ter vendido, e se a situação atual não
gerar novas vendas, o mercado poderá subir sem que ocorra nenhuma notícia mais
relevante. Quando o sentimento é tão negativo como mostram os dados, surpresas
acontecem no sentido inverso.
- David,
chega de lero-lero, manda uma sugestão de compra!
Eu posso achar
muita coisa, mas o mercado é soberano e pode achar diferente de mim. Vou
aguardar um sinal dele e não meu!
No post apostas-sem-limite, fiz os seguintes comentários sobre o SPr00: ...” Desde o final de novembro, o SP500 e as outras bolsas não conseguiram sair do “caixote,” região demarcada a seguir com um retângulo. Na semana passada, houve uma tentativa de um trade por parte do Mosca que logo em seguida foi estopada —seta em verde” ...
A situação do SP500 ainda é delicada e a retração esperada para que haja uma reversão se encontra nos limites como aponta o nível expresso em amarelo 4.298. Poderia recuar mais? Sim, mas caso ocorra vou ficando mais desconfiado que minha premissa terá que mudar. Porém, é importante destacar que somente o rompimento abaixo de 4.222 irá forçar um outro cenário.
Acredito que a decisão não vai demorar muito, nos próximos dias. Estamos prontos para entrar caso o mercado nos mostre ser esse o caminho.
O SP500 fechou a 4.304, com queda de 1,01%; o USDBRL a R$ 5,0555, com queda de 0,94%; o EURUSD a € 1,1327, com alta de 0,14%; e o ouro a U$ 1.899, com queda de 0,35%.
Fique ligado!
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