O Bode Expiatório #Ibovespa
Se a vida já era complicada para o Fed antes da guerra,
agora ficou muito mais. Com as encrencas que esse evento vai ocasionar nas
economias mundiais é extremamente difícil projetar o que vai ocorrer.
Entretanto, parece não haver dúvida que a inflação será mais alta que a
projetada anteriormente.
Embora o presidente do Fed, Jerome Powell, esteja fazendo
das tripas o coração para convencer o mercado que vai combater a inflação com
unhas e dentes, alguns analistas acreditam que a autoridade monetária já
perdeu, ou está na iminência de perder a guerra, como Mohamed El-Erian publicou
na Bloomberg, levantando a hipótese que o Fed perdeu sua credibilidade e terá
uma escolha entre arriscar uma recessão ou prolongar a inflação.
A julgar pelos movimentos de preços na segunda-feira, o
Federal Reserve corre o risco de cair ainda mais, em uma interação sem vitória,
ficando mais familiar aos países em desenvolvimento, que não têm credibilidade
política, do que a um banco central sistemicamente importante — muito menos o
mais poderoso do mundo. Sem um rápido restabelecimento de sua credencial de
inflação, algo que os mercados duvidaram novamente na segunda-feira, o Fed
enfrentaria ainda mais um paradigma político sem vitória que causaria o que,
apenas alguns meses atrás, era um dano evitável aos meios de subsistência nos
EUA e além.
Esta infeliz sequência é dolorosamente familiar para alguns
países em desenvolvimento:
- Em
primeiro lugar, através de um diagnóstico errado da situação econômica ou
da inércia política ou ambos, o Banco Central fica atrás das realidades da
inflação e corrói sua credibilidade de combate à inflação.
- Em
segundo lugar, engolindo seu orgulho, o Banco Central reconhece que a
inflação é muito alta, endurece sua narrativa política e embarca nas
medidas necessárias.
- Em
terceiro lugar, em vez de se tranquilizar com essa mudança (ainda que tardia),
os mercados se afastam mais do banco central e sinalizam a necessidade de
medidas políticas ainda mais agressivas.
- Em
quarto lugar, o Banco Central encontra-se no dilema de arriscar uma
recessão validando os preços cada vez mais hawkish do mercado ou buscando
minimizar tais danos, muitas vezes sem sucesso, permitindo que uma
inflação alta e potencialmente mais desestabilizadora persista ainda
mais.
Alguma semelhança com o BCB? (comentário meu)
Com essa sequência em mente, considere o que aconteceu na
segunda-feira, menos de uma semana depois que o principal comitê de formulação
de políticas do Fed elevou as taxas de juros em 25 pontos-base e sinalizou
novos aumentos.
Em uma apresentação à Associação Nacional de Economia
empresarial, o presidente Jerome Powell tentou restaurar a credibilidade
corroída do Fed, sinalizando que o banco central está disposto a aumentar as
taxas de juros em 50 pontos-base em maio, repetir isso em outras reuniões e
continuar elevando o nível neutro em uma tentativa de cumprir seu objetivo de
inflação. No entanto, os rendimentos nominais do mercado, a curva de rendimento
e os breakevens da inflação estavam longe de serem tranquilizados. Em
vez disso, eles se afastaram mais do Fed.
Os próximos dois parágrafos são minhas colocações
Algumas projeções de inflação apontam para um pico de 9% a ser atingido nos próximos meses, para em seguida retornar ao patamar desejado de 2% a.a. ao redor do próximo ano. Ao me deparar com previsões desse tipo pergunto qual confiança deveria depositar nessa projeção! Acho difícil alguém poder enquadrar seus modelos com um cenário tão incerto.
Embora a invasão da Ucrânia pela Rússia tenha amplificado os desafios políticos do Fed, o buraco em que se está é de sua própria autoria, e isso foi ilustrado pelos desenvolvimentos de segunda-feira.
Apesar de amplas evidências em contrário a partir de quase
um ano atrás, o Fed manteve sua caracterização "transitória" da
inflação até o final de novembro — o que eu denominei meses antes de uma das
piores chamadas de inflação na história do Fed. Mesmo depois de tardiamente
"aposentar" a palavra de seu vocabulário, o Fed manteve o pé no
acelerador de estímulos políticos. Para ilustrar até que ponto suas políticas
permaneceram desalinhadas, ela ainda estava injetando liquidez através de suas
compras de ativos no início deste mês, incluindo a semana em que a leitura de
fevereiro para a inflação dos EUA chegou a 7,9%.
Por muitos meses, venho argumentando que o Fed deveria
esclarecer por que recebeu a chamada de inflação tão errada, explicar como
melhorou sua compreensão e previsão da dinâmica atual da inflação,
imediatamente parar suas injeções de liquidez e iniciar seu ciclo de aumento da
taxa de juros. A ideia era aliviar o acelerador e começar a bater os freios
suavemente em vez de ter que fazer o que o mercado está pedindo agora e o
presidente Powell reconheceu na segunda-feira: Ter que apertar os freios com
muito mais força.
Isso foi antes. E agora? Ainda existe uma resposta política
ideal para o Fed?
Eu me preocupo que, estando tão atrasado e tendo perdido
tanta credibilidade, o Fed está longe do mundo político dos "primeiros
melhores". Em vez de ter uma maneira de conter as expectativas
inflacionárias, não causar danos indevidos à economia e cumprir seu duplo
objetivo, o Fed está cada vez mais sendo forçado a considerar qual é o erro
político menos ruim pelo qual deseja ser lembrado: cumprir sua meta de inflação
causando uma recessão, ou permitindo que a inflação alta e potencialmente
desestabilizadora persista até 2023.
Essa terrível troca é familiar para muitos países em desenvolvimento. E uma de suas reações típicas também pode lançar luz sobre o que pode ser tentador para o Fed: simplesmente esperar por uma recuperação imaculada — ou seja, alguma mistura de ganhos de produtividade consequentes, cadeias de suprimentos de cura rápida, participação crescente da força de trabalho e resiliência contínua do mercado financeiro para tirar o banco central do buraco profundo que cavou para si mesmo.
Pelo menos o Fed reconheceu seu erro e disse pretender arrumar a casa ao anunciar segunda-feira que não descarta aumentos de 50 pontos, o que já deveria ocorrer na próxima reunião. Também não acredito que seja tão agressivo como eu seria (sugiro 100 pontos porque não estou lá! Haha...). Mas agora ele tem uma siada honrosa em poder colocar a culpa na guerra como o bode expiatório. Não tem problema, o ser humano tem dificuldade de assumir erros, e é melhor agir com argumento errado do que não agir.
No post o-sonho-de-todos, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “ Como eu estava desconfiado, a onda 5 (verde) parece não ter acabado. Caso esse seja o caso, o objetivo de término ficaria entre 117,3 mil e 123,6 mil (embora uma variação grande, esse deve ser o intervalo esperado)” ...
Quem seguiu minha recomendação de compra naquele momento em 110,6 mil ... “O stop loss pode ser sugestivo, já que posso colocar em 107,5 mil, resultando num lucro potencial de 6% no objetivo mínimo, para uma perda de 2,8% no stop loss sugerido” ... deve estar feliz pois o indicie se encontra em 118.1 mil, uma alta de ~ 8%, essa alta pode se estender até um objetivo calculado de 119,0 mil, mas fique atento ao ponto de liquidar conforme vai verificar a seguir. Ressalto que, essa alta que está em curso poderia levar o Ibovespa até 123, 6 mil, então para quem comprou recomendo um stoploss curto para a posição, pois dessa forma, se poderá aproveitar toda alta, se por acaso a bolsa for até esse nível.
- Hahaha ... David, estou ganhando uma nota e você não
pode contabilizar!
Não tem a menor importância, pior se fosse ao contrário. O
objetivo é você ganhar e não eu ficar bem na foto!
A boa notícia é que a bolsa brasileira completou 5 ondas, a má notícia é que uma retração é esperada em seguida. O Mosca vai aguardar essa retração e aí sim sugerir um trade de compra.
Um leitor comentou na semana passada que existe hoje uma
batalha entre o investidor externo que entra na bolsa brasileira por 2 motivos:
alta do preço da commodities e P/L atrativo; por outro lado, os investidores
locais estão alocando mais recursos a renda fixa haja visto as elevadas taxas
de juros do momento. Ele indagou quem vai ganhar a batalha. Para nós da análise
técnica não cabe “adivinhar” quem vai ganhar, não sabemos, o que vamos observar
é o movimento ela vai nos dizer quem foi o ganhador.
Sobre o comentário do meu amigo acima, naturalmente que
gostaria de ter sugerido o trade, como faço normalmente, mas resolvi adotar a
disciplina de forma mais rígida e esperar as 5 ondas. A contrapartida é o que aconteceu
era o esperado, como comentei no post acima. Talvez eu adote essa sistemática (
mais oportunística) daqui em diante, tendo esse tipo de enfoque, com posições
mais “incertas” como sugestão sem contabilizar na minha tabela.
O SP500 fechou a 4.456, com queda de 1,23%; o USDBRL a R$
4,8263; o EURUSD a € 1,1007, com queda de 0,18%; e o ouro a U$ 1.944, com alta
de 1,18%.
Fique ligado!
é a primeira vez que vejo uma correção tão grande durante um ciclo de alta de juros onde ainda há perspectiva de alta! Em outros ciclos de alta de juros, normalmente as correções (subidas) ocorrem quando há pausa no ciclo de aumento de juros, momentos em que o BC aguarda para verificar a eficácia do aumento de juros sobre a trajetória da inflação. Esse ciclo recente é impressionante. Em todos os dias do ano houve ingresso liquido de recurso estrangeiro, com alguns dias rondando R$ 4 bi de entrada liquida.
ResponderExcluirEu vou publicar em breve um gráfico contendo o P/L de diversos países onde o Brasil está incluindo. Posso te adiantar que está muito baixo. Essa é a razão, Preço!
Excluir