Os últimos cartuchos financeiros #SP500

 

Agora pela manhã o otimismo tomou conta dos mercados oriundo das negociações, onde os ucranianos disseram que há avanço suficiente para realizar uma reunião entre Putin e Zelenskiy depois de encerrar as discussões na Turquia nessa terça-feira. Um tom de alívio tomou conta dos mercados com alta das bolsas e valorização do euro.

O assunto que trago hoje poderia se tornar obsoleto caso ocorra um cessar-fogo, porém tenho dúvidas de como será o mundo depois disso. As empresas que saíram vão voltar? O petróleo russo será comprado pelos países ocidentais? As restrições financeiras serão liberadas? O rublo vai ser negociado livremente? Você compraria um título russo? Ninguém vai conseguir responder com certeza nenhuma dessas perguntas.

Venho comentando que a Rússia está em contagem regressiva em função de todas as repercussões dessa invasão, e que poderia levar a uma revolta interna muito explosiva. Se o Putin tem um pingo de racionalidade deve saber disso.

Ontem o movimento do rublo chamou minha atenção, desde a eclosão da guerra, de início sofreu uma desvalorização de quase 100%. Tudo indicava que entraria numa espiral, mas nas últimas 3 semanas vem recuperando terreno e hoje pela manhã negociava a 86 rublos apenas 2% de queda. Sem dúvida é uma recuperação inesperada. Existem algumas razões para tanto conforme relata Caitlin Ostroff para o Wall Street Journal.


 ‎O rublo continuou sua recuperação contra o dólar na terça-feira, impulsionado pelos esforços do banco central russo para ‎‎sustentar seu valor‎‎.‎

‎A moeda russa foi negociada a cerca de 91 rublos para o dólar no comércio internacional, que é 11% mais fraco do que antes da Rússia invadir a Ucrânia. Embora isso ainda deixe o rublo entre as ‎‎moedas de pior desempenho‎‎ este ano, é uma reviravolta acentuada de quando foi negociado mais de 100% abaixo de seu nível pré-invasão no início deste mês.‎

‎O banco central da Rússia reduziu a capacidade dos locais de vender o rublo e comprar moedas estrangeiras, ao mesmo tempo em que exige que os exportadores vendam grande parte de sua receita em moeda estrangeira e comprem o rublo. Isso aliviou a pressão de venda sobre o rublo e criou uma nova demanda por ele.‎

‎O Banco da Rússia começou a explorar o acesso dos exportadores a dólares e euros depois que as nações ocidentais sufocaram o acesso às suas reservas em moeda estrangeira.‎

‎A negociação internacional na moeda russa é baixa, em grande parte porque os bancos ocidentais - nervosos por correr em falta nas sanções - hesitaram em negociar o rublo. Isso levou a uma diferença na forma como o rublo é valorizado dentro das fronteiras da Rússia e como ele negocia fora deles. A moeda russa foi negociada a 88 rublos para o dólar no mercado onshore terça-feira na Bolsa de Moscou.‎

Internamente a saída dos principais cartões de crédito do país parecia que deixaria os russos sem poder fazer suas compras rotineiras.

As sanções ocidentais interromperam quase todas as partes do sistema financeiro da Rússia, mas há uma grande exceção.

O sistema de pagamentos domésticos continuou a funcionar sem problemas após a retirada da Visa e da Mastercard no início deste mês. Enquanto a saída dos gigantes do cartão da Rússia foi vista como um movimento significativo por muitos no Ocidente, a realidade no terreno era tudo menos isso. A maioria dos consumidores russos nunca perdeu a capacidade de usar seus cartões Mastercard e Visa para pagar por coisas dentro do país.

Havia cerca de 197 milhões de cartões Mastercard ou Visa na Rússia no final de 2020. Mas nos bastidores, os cartões não dependem dos sistemas das redes dos EUA para processar pagamentos na Rússia. Durante anos, eles usaram um sistema local supervisionado pelo banco central da Rússia.

O National Payment Card System – conhecido por suas iniciais russas NSPK – administra o canal financeiro que sustenta as transações com cartão na Rússia, mesmo para cartões com os logotipos Visa e Mastercard.

O sistema fazia parte do esforço de oito anos de Moscou para isolar a economia russa da pressão financeira ocidental. O Kremlin também promoveu agressivamente a própria empresa de cartões da Rússia, chamada Mir, que é construída na infraestrutura do NSPK. Mais de 100 milhões de cartões Mir foram emitidos desde seu lançamento em 2015, de acordo com o site da Mir.

Um economia não colapsa do dia para a noite ainda mais no caso russo onde tem produtos bons para exportação, elevado níveis de reservas em ativos líquidos como o ouro, e um parceiro de peso como a China. Mas conforme o tempo passa as formas alternativas vão minando, sem ter acesso a dólares e euros torna sua vida dependente da boa vontade da China atuar como uma espécie de “laranja”. Mesmo com o possível cessar-fogo não é possível saber o quão normal será a vida dos russos, o que se sabe sim, é que a mesma está queimando seus cartuchos financeiros sem chance de repor no curto prazo.

No post armadilha-da-alta, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “ o cenário 1 acima ganha mais credibilidade agora embora tenha que ultrapassar os limites considerados acima de 4.492/4.590” ...



O outro cenário aventado no post acima fica no momento com uma probabilidade de 25% embora caso um cessar fogo não seja alcançado irá impactar as bolsas. Vamos deixar guardado esse outro cenário por enquanto.

Com as notícias de hoje a bolsa deu um salto inicial que retrocede pela manhã. Embora o movimento observado seja animador, é importante que continue escalando novas altas. O plano de ação se encontra reforçado no quadrado abaixo.


Ao observar os movimentos em janelas menores as 5 ondas desejadas ainda não foram completadas o que culminaria na onda 1 em verde. Quando e se isso ocorrer, é esperado uma correção onde pretendemos entrar. Essa correção deveria levar o SP500 em algum nível apontado no quadro em branco a saber: 4.532/4449/4.368.

- David, você está muito roda presa para não dizer outra coisa. Não estou te reconhecendo!

Quando postei minhas previsões para 2022, os gráficos apontavam para um panorama desafiador. Fui buscar no post tropeço-no-caminho algumas citações: ... “meu amigo já, já vai concluir que se deve investir tudo na bolsa. Mas observo o ano de 2022 com cautela” ... Parece que eu estava antevendo sua ansiedade de entrar na bolsa.

Em correções tem que se tomar cuidado, em complexas mais ainda. Esse é o caso das bolsas americanas nesse início de ano. A correção advinda desde o início do ano ocasionou algumas mudanças na contagem de ondas, e pela sua extensão sou obrigado a ter muito cuidado da forma como pretende mudar o rumo para alta.

Estamos chegando ao final do trimestre e o único trade que propus não foi bem-sucedido. Eu fico mais apreensivo em me questionar se estou sendo cauteloso em demasia, porém quando observo as condições da análise técnica, até agora o SP500 não forneceu nenhuma oportunidade de entrada com mais segurança.

Lógico que analisando ex- post poderia ter feito muita coisa, pois a amplitude dessa correção foi substancial em 14 %. Nas minhas postagens faço algumas indicações aos leitores que podem ser usadas, mas para efeito do blog tem algum tipo de restrição, uma delas é que o post não tem avisos durante o dia para qualquer mudança de rumo.

O SP500 fechou a 4.631,60, com alta de 1,23%; o USDBRL a R$ 4,7552, com queda de 0,26%; o EURUSD a 1,1085, com alta de 0,96%; e o ouro a U$ 1.919, com queda de 0,21%.

Fique ligado!

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