"Buy the dips" #ouro #gold
Todos nós já estivemos em situações em que estamos ora como
compradores, ora como vendedores. Não sei se já pensaram nesse assunto, mas
provavelmente as pessoas têm uma melhor habilidade em uma das posições — eu sou
melhor na compra - embora nem todos tenham essa habilidade (o que não se
constitui nenhum problema, basta delegar a que a tem).
Qual o melhor preço? Para o comprador, o melhor preço é o
preço mínimo ao qual o vendedor estaria disposto a vender, e vice-versa, para o
vendedor é o maior preço que o comprador está disposto a pagar. Como esses
limites na maioria das vezes não são explicitados, pessoas com maior
sensibilidade levam vantagem.
Quando o assunto é ações ou qualquer outro ativo com boa
liquidez, fica a seu critério decidir se compra (ou vende) ao preço de mercado,
e depois só o tempo dirá se fez um bom ou mau negócio. Para quem trabalha no
mercado, posso garantir com 100% de certeza que você sente essa sensação
diariamente, como costumo dizer: um burro ou gênio.
Quem é do mercado já ouviu o termo buy the dips, —para
quem não é: significa comprar na queda. Essa ideia é muto difundida no
mercado americano, onde uma parcela significativa da população tem ações na sua
carteira. Num mercado de alta, qualquer queda é um bom momento de comprar,
embora a magnitude da queda variou no tempo. Eu mesmo já publiquei algumas
matérias com estatísticas nesse sentido.
Se eu garantir a você que o mercado vai subir no futuro,
tanto faz com queda percentual de você deve comprar, a diferença será no seu
lucro, mas não vai perder dinheiro. Para dizer a verdade nessa situação vale
comprar a qualquer hora! Mas infelizmente não temos essa garantia, sendo assim,
o prejuízo que pode ocasionar desde a sua compra, mesmo que temporário, terá
impacto nos seus anseios.
Não vou me cansar de citar os economistas Daniel Kahneman
(psicólogo de formação) e Amos Tversky. Na tese de seu prêmio Nobel concluíram
que uma perda de 5% tem um impacto emocional muito superior ao um ganho de 5%,
ou seja, a maioria das pessoas tem grande dificuldade de encarar perdas. Isso
vale a todos: profissionais ou amadores.
Durante a queda atual que vem ocorrendo nas bolsas
americanas, vários bancos sugeriram a seus clientes que comprassem ações com
argumentações baseadas em fundamentos tanto da economia como das empresas.
Agora, ninguém define qual o tamanho do dip (5%? 10%?). A lendária
música do conjunto Bee Gees já lançava essa pergunta em seu sucesso musical How
deep is your love, ou seja, até que profundidade você vai no seu amor pela
compra?
Um artigo de Mohamed El Erian na Bloomberg coloca dúvidas
nessa estratégia daqui em diante.
Sejam amigos ou estranhos, todos pareciam ter a mesma
pergunta para mim em uma viagem recente. É hora de comprar na queda das ações?
Afinal, os mercados de ações dos EUA já tiveram alguns saltos encorajadores nas
últimas duas semanas de negociação, embora estes tenham se mostrado temporários
e mais do que totalmente reversíveis.
Poucos gostaram da minha resposta porque ela afirma que a
economia, as finanças e as políticas relacionadas foram relegadas ao banco de
trás quando se trata dos impulsionadores da ação dos preços. Nesta fase, sua
questão sobre o mercado está intimamente relacionada a um cálculo político e de
segurança nacional associado à invasão da Ucrânia pela Rússia: há alguma porta
de saída para Vladimir Putin em alguma hora próxima? Se houver, o salto
ocasional pode se traduzir em uma alta sustentável a longo prazo. Sem isso, uma
volatilidade mais inquietante do mercado financeiro ainda está por vir.
A guerra agravou o que já era um início desagradável para
2022 para os investidores de ações. Os principais índices acionários dos EUA
caíram agora de 10% a 18% este ano, enquanto os índices amplamente seguidos
para a Europa e os mercados emergentes caíram 15% e 12%, respectivamente.
Até recentemente, o BTD (Buy the Dips) era uma
estratégia lucrativa — tanto que o condicionamento do investidor que veio com
ele tornou as quedas menos pronunciadas e mais curtas, especialmente com o
"medo de perder o bonde" e o "não há outra alternativa para as
ações”. O que fez o BTD particularmente bem-sucedido é que os mercados foram
consistentemente apoiados por enormes e previsíveis injeções de liquidez dos
bancos centrais, bem como taxas de juros fixadas perto de zero.
Os dados sugerem que, durante a primeira semana da guerra,
os investidores de varejo estavam inclinados a manter essa abordagem. Mas suas
compras colidiram com as vendas de investidores institucionais, tornando a
estratégia menos eficaz na manutenção e construção de um salto de curto prazo.
Por trás dessa aparente mudança está um enfraquecimento do escudo do Banco
Central que, por muitos anos, dissociou dos fundamentos os preços cada vez mais
altos dos ativos.
Com a inflação furiosa ameaçando piorar nos próximos meses,
o Federal Reserve tem pouca escolha a não ser tirar o pé do acelerador de
estímulos — uma necessidade que é ampliada na medida em que a prolongada
descaracterização da inflação pelo Banco Central como transitória prejudicou
sua credibilidade e fez com que ele perdesse o controle de sua narrativa
política. Com isso, os mercados estão agora muito mais expostos ao impacto econômico de quatro níveis da guerra: repercussões
diretas sobre a Rússia e a Ucrânia, respingos para países avançados,
repercussões nos países em desenvolvimento e mudanças no funcionamento do
sistema multilateral.
Quanto mais tempo a guerra continuar, maior a magnitude
desses quatro efeitos e maior o espaço para suas interações adversas. Com isso
vem uma pergunta simples, mas crítica: Putin pode encontrar sua saída em
breve?
Sem um fim ordenado para a guerra, as interrupções nos
mercados de commodities e nas cadeias de suprimentos se intensificarão, assim
como a "auto sanção" pelo mundo corporativo; a Europa será empurrada
para uma recessão inflacionária; a China e as economias dos EUA desacelerarão
notavelmente; alguns países em desenvolvimento que importam commodities
correrão o risco de crises cambiais e de dívida; e a nova linha de base
estagflacionária para a economia global como um todo estará associada a um
risco crescente de uma verdadeira recessão global.
Nem as políticas econômicas e financeiras nem os mercados
estão bem-posicionados para lidar com essa combinação, muito menos superá-la.
Tradicionalmente, a estagflação tem sido um dos desafios
mais difíceis para a formulação de políticas. Isso se agrava porque a guerra na
Ucrânia ocorreu quando o Fed já tinha ficado para trás das realidades da
inflação e não conseguiu construir a tão necessária flexibilidade para suas
respostas políticas.
Enquanto isso, a política energética é prejudicada pela
medida em que o mundo vem perdendo a luta contra as mudanças climáticas. Os
saldos fiscais e de dívida ainda não foram rebalanceados após sua implantação
agressiva para combater o Covid-19. E a supervisão financeira e a regulação
estão ficando para trás da significativa migração de risco e transformação de
bancos para não-bancos.
Os mercados também foram pegos de surpresa. E não é só
posicionamento. A liquidez do mercado já tem se mostrado irregular às vezes,
inclusive para os Títulos do Tesouros dos EUA e, claro, ações individuais e
commodities. No que felizmente permanece uma raridade por enquanto, defeitos no
funcionamento do mercado também mostraram sua cara feia: vide a suspensão esta
semana da negociação caótica do níquel na London Metal Exchange.
Sem uma parada nas atrocidades contra a Ucrânia e seu povo,
a economia global e os mercados financeiros enfrentarão mais perturbações. Este
não é um contexto reconfortante para o sucesso contínuo do BTD. A menos que os
investidores possam identificar uma porta para a saída do ainda esquivo Putin,
suas posições de capital fortemente expostas teriam melhor resultado com um
rebalanceamento durante as altas em vez de comprar na queda atual e esperar o
início imediato de uma longa alta. Eles deveriam usar essa oportunidade para se
concentrar mais na seleção de ações individuais enquanto se posicionam para um
futuro de maior dispersão no desempenho econômico global.
El Erian tem estado certo em suas críticas ao Fed por não
ter iniciado a regularização de taxas e liquidez há mais tempo. Nesse artigo ele
claramente indica, sem falar, que o mercado de ações é de queda e a estratégia
deveria mudar de BTD para SOH – Sell on Highs, ou seja, toda vez que o
mercado promover alguma recuperação, é bom vender.
Vou dar minha opinião sobre BTD: não gosto! Existe nela uma
premissa cega de que o mercado vai subir no futuro, o que pode não ser verdade;
além disso, não sei quanto é o Dip. Associo essa estratégia a de tentar
segurar uma faca em queda sem saber de que altura foi solta. Você pode se machucar
bastante.
Eu uso análise gráfica há mais de 20 anos, e desde que
comecei minhas perdas diminuíram significativamente, bem como consegui entrar
nos mercados mesmo quando tinha algum tipo de receio, e principalmente ficar
fora dele quando não tem nada de útil a ganhar. Além do mais, gosto do princípio
que está por trás dela, o das Finanças Comportamentais.
Em relação ao mercado americano, os leitores assíduos do Mosca
puderam ler meus comentários de final de ano. Lá expus que em algum momento
haverá uma queda mais expressiva do mercado tropeço-no-caminho onde
disse: ... “ao redor do 2º
quadrimestre, a nasdaq100 deverá atingir seu pico ao redor de 20.000 para só
então um movimento de correção começar a tomar pulso, podendo levar na melhor
das hipóteses a 15.000 (*). Isso é suficiente para apresentar uma queda de 25%.”
... Por enquanto não me parece que a queda foi antecipada embora
seja uma das hipóteses que acompanho. Por outro lado, me encontro sem posições
pronto para assumir qualquer dos caminhos. A guerra da Rússia jogou mais dúvidas
as que já existiam. Let The market Speak!
No post putin-enganou-china fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ... “ No retângulo abaixo, destaquei o intervalo onde pretendo dar minha sugestão de compra, mas como vocês estão cansados de saber, as correções sempre estão sujeitas a mudanças, acompanhem o Mosca...”
No gráfico acima estão apontados os novos níveis de interesse. No primeiro retângulo entre U$ 1.934/U$ 1.919; enquanto nos segundo U$ 1.885/U$ 1.876. Como podem notar em cada triangulo existem duas marcações. As marcações apontadas com a seta não devem se alterar durante esse movimento de correção, enquanto as outras duas dependem de como será a onda (b) e (c). Não tenho preferência no momento, mas como o assunto de hoje foi comprar barato prefiro o último, lógico! Hahaha ...
Aproveitando que o assunto é comodities e embora não seja cobertura do Mosca recebi esse gráfico a seguir contendo a alta do trigo semanal e sua evolução de preços no longo prazo. Então, conseguem chegar à conclusão se está cara ou barata? Eu não sei responder. A única coisa que consigo inferir é que a alta semanal foi enorme!
Fique ligado!
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