Tudo tem limite #usdbrl
As notícias sobre a inversão de curva de juros nos EUA
dominam as manchetes financeiras. Mais parece um jogo de poker onde cada
analista enfatiza que sua “dupla” é a melhor. Aqui quero dizer que a dupla é
composta de diversos vencimentos dos títulos do governo (2-10; 10-3 meses; 6meses-18
meses; e pode colocar sua criatividade para encontrar um que não indique uma
recessão, pois a grande maioria aponta para esse estado econômico). Se minha ideia
de dupla for adequada é melhor pedir mais cartas e esperar um jogo melhor.
Tenho comentado pouco sobre a política monetária brasileira
pois não acompanho de tão perto. Entretanto desde fevereiro venho enfatizando
que o Brasil está na contramão no que tange a estabelecer o nível de juro real
para combater a elevação de preços - ou dianteira se considerar o início do
ciclo de alta de juros. Desde fevereiro bato na tecla que deveríamos já estar
no final do ciclo e até aventei a hipótese de interromper as altas ao redor de
12,75%/13,25%, mas os analistas jogaram mais para cima essa taxa chegando a
14,25%.
Parece que o bom senso chegou aos diretores do BCB.O seu Presidente,
Roberto Campos Neto revelou em entrevista no último domingo conforme relata
Gabriela Mello na Bloomberg, que vai parar antes.
O chefe do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto,
reiterou que uma taxa de referência Selic de 12,75% deve ser suficiente para
trazer as expectativas de inflação para um horizonte relevante.
Os formuladores de políticas adicionaram 975 pontos-base
aos custos de empréstimos desde março passado, o ciclo de aperto mais agressivo
do mundo na esteira da pandemia, para 11,75% e prometeram aumentar ainda mais a
taxa Selic para 12,75% até maio.
"Entendemos que fizemos um ajuste bastante grande que,
em nossa opinião, é suficiente para trazer a inflação à meta", disse
Campos Neto à rede Band News, ressaltando que os efeitos do aperto monetário
por meio da elevação das taxas geralmente são sentidos após 12-18 meses.
No entanto, dadas as incertezas decorrentes da invasão
russa da Ucrânia, o banco central sinalizou que novos aumentos poderiam ocorrer
se necessário.
Quanto às recentes entradas de capital que têm alimentado o
rali do real, Campos Neto citou taxas de juros mais altas, aumento dos preços
das commodities, melhora dos números fiscais no curto prazo além de uma agenda
governamental propensa a reformas, como alguns dos fatores por trás do
movimento cambial em curso. "E alguns desses fatores são mais persistentes
do que outros", disse ele.
Questionado sobre os preços dos combustíveis, Campos Neto
desviou das questões sobre as políticas de preços da Petrobras, observando que
o papel do Banco Central nas reuniões com funcionários públicos da estatal é
"puramente técnico".
Naturalmente, o BCB se sente mais “macho” a enfrentar o
mercado nesse momento tendo em vista a expressiva valorização do real observada
desde o início do ano, consequência da entrada de recursos externos para a
bolsa brasileira bem como aos instrumentos de renda fixa, indicando que os
estrangeiros acreditam mais no país que nós mesmos – é que eles não assistem a
retórica do Lula em sua campanha eleitoral nem as trapalhadas do Bolsonaro.
É verdade que a cotação do petróleo ainda é uma preocupação,
enquanto o mercado, resolveu agir business as usual” é esquecer da
guerra na Ucrânia.
O movimento no mercado de juros hoje ainda é marginal, haja
visto que no últimos dias a expectativa de mercado convergia para níveis
compatíveis com essa declaração.
Um gráfico interessante comparando a entrada de recursos vis-a-vis o valor do dólar calculado em cima de uma cesta ponderada dos itens exportados brasileiros, já identifica uma distorção.
Em relação a bolsa americana, analistas de dois dos maiores bancos americanos, JP Morgan e Goldman Sachs reafirmaram que não é necessário ficar receoso por conta da invesrão de curva da taxa de juros, conforme Nikos Chrysoloras e outro comentam na Bloomberg.
"As recessões
normalmente não começam à frente da curva invertendo, e a defasagem pode ser
muito substancial, desde 2 anos", escreveram estrategistas do JPMorgan
liderados por Mislav Matejka em nota. "Além disso, ao longo desse período,
as ações tendem a bater os títulos generosamente", disseram eles,
acrescentando que o pico nos mercados de ações historicamente ocorre em torno
de um ano após a inversão.
O estrategista chefe global de ações da Goldman Sachs,
Peter Oppenheimer, tem uma visão semelhante. "À medida que a mudança no
risco se move muito mais para a inflação, as ações estão pelo menos,
relativamente falando, mais atraentes, são um ativo real, os dividendos
crescerão ao longo do tempo com a inflação", disse Oppenheimer em
entrevista à Bloomberg TV na segunda-feira.
As ações dos EUA estão em curso para seu melhor mês este ano, enfrentando a guerra na Ucrânia e a perspectiva de aumentos mais agressivos das taxas pelo Reserva Federal para domar a inflação. Enquanto um aumento nos preços das commodities levantou preocupações sobre as perspectivas econômicas, exacerbando o rout de ligação mais íngreme da era moderna, as ações até agora permaneceram em grande parte imunes ao nervosismo da recessão.
No post conundrum-ao-quadrado, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ...” Tudo indica que o dólar deve continuar caindo rumo ao nível de R$ 4,80/ R$ 4,72 conforme se pode verificar no gráfico abaixo uma área de congruência de diversas medidas, eliminando assim, a possibilidade de estar dentro de um triangulo. A correção em que está contida o real é de elevada complexidade dando margem a vários cenários possíveis” ...
Observando de hoje a segunda opção parece muito mais
plausível que a primeira e é com ela que vou trabalhar até que algo diferente
ocorra (uma queda mais acentuada no movimento que se observa), o que faria
minha tendencia pender ao primeiro cenário
A fim de ser consistente com a segunda hipótese o dólar não
deveria ter muito mais espaço para a queda no curto prazo.
Uma figura chave nesse processo é a ação do BCB. Como a
quase totalidade dos instrumentos de derivativos, na venda de dólares, que
permitiram o mercado se posicionar foi fornecido pelo banco central, a não
presença dele na queda observada desde janeiro último, amplificou o movimento. Até
entendo os motivos.
Agora o câmbio já está em níveis muito mais razoáveis e
acredito que irão atuar na ponta inversa em breve, ou seja, recomprando os
dólares, ou deixando vencer os contratos em curso sem renovar. Vamos observar
os próximos dias.
Agora se a autoridade monetária for insensível a essa
questão, o dólar deverá continuar caindo. Embora eu não acredite que irá agir
assim, seria uma atitude nada racional.
O SP500 fechou a 4.575, com alta de 0,71%; o USDBRL a R$ 4,7614,
com alta de 0,41%; o EURUSD a € 1,0985, sem variação; e o ouro a U$
1.922, com queda de 1,81%.
Fique ligado!
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