Armadilha da Alta #SP500
Os leitores podem se perguntar por que o Mosca não se
envolveu nas bolsas, haja visto que, tem uma visão de alta. O motivo é
exatamente o assunto de hoje e mais bem explicado na secção da análise técnica.
Jonathan Levin escreveu na Bloomberg artigo sobre essa
armadilha enfatizando que altas de curto prazo são comuns no início de um
mercado de baixa persistente.
Há muitas maneiras de perder dinheiro nos mercados de
baixa, e uma delas, a de comprar recuperações fugazes está entre elas. O Índice
Nasdaq subiu 10% na semana passada em relação à sua baixa de 14 de março, o
ouro como trade de segurança registrou sua pior semana desde junho de 2021 e uma
parte do dinheiro fluiu para fundos especulativos negociados em bolsa,
incluindo o ETF ARK Innovation da Cathie Wood.
É fácil cair na ideia de que o pior já ficou para traz. Mas
com a guerra na Ucrânia e a inflação subindo, o mar está longe de ser tranquilo.
Então, na semana passada foi o início de outra armadilha? A história sugere que
os investidores devem ficar cautelosos.
Recuperações de curto prazo são comuns no início de um mercado de queda. Nos primeiros dois anos da bolha ponto-com, eu contabilizava pelo menos oito altas significativas nesse mercado de queda, com três nos primeiros cinco meses.
Da mesma forma, a Grande Recessão teve pelo menos meia dúzia de altas significativas no mercado de queda, metade antes e metade depois que o Lehman Brothers pediu falência em setembro de 2008. Em ambos os momentos, os saltos foram insidiosos porque eram variados em tamanho e duração - de uma semana a vários meses de duração - tornando impossível saber na época a diferença entre um pulo de gato morto ou o início de um novo mercado de alta.
Então, é igual, tudo de novo, como o ano 2000, ou há alguma razão fundamental para acreditar que o mercado está pronto para retomar sua tendência de alta a longo prazo?
Vamos rever o que aconteceu. Primeiro, a sangrenta guerra
na Ucrânia se encaminhava para a marca de um mês, com a Ucrânia rejeitando a
exigência da Rússia de que desistisse do porto sul de Mariupol. As negociações
diplomáticas mostraram o que o mercado tem interpretado periodicamente como
progresso provisório, mas é difícil acreditar que o Kremlin está negociando de
boa fé. Enquanto isso, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy continuou a
ganhar promessas de ajuda militar dos governos ocidentais, a não exclusão de
uma zona aérea sobre seu país, e a Rússia pagou investidores de títulos internacionais,
aliviando os temores de um default por enquanto.
Em última análise, os desenvolvimentos mistos renderam um
preço de petróleo west de US $ 112 por barril na segunda-feira, à medida que as
perguntas giravam sobre se a União Europeia iria finalmente proibir as
importações russas de petróleo como parte de uma nova rodada de sanções. Apesar
do aumento de segunda-feira, os riscos relacionados à energia começaram a se
sentir moderadamente mais contidos do que no início deste mês, quando os preços
pareciam apenas subir e ninguém sabia onde a onda furiosa terminaria. O mercado
já passou quase duas semanas sem uma nova alta, e isso tirou um pouco da
vantagem.
Em segundo lugar, o Federal Reserve apresentou seu primeiro
aumento de taxa desde 2018, quando o presidente Jerome Powell tirou o
desempenho de uma vida. Falando na quarta-feira, Powell conseguiu convencer o
mercado não só de que estava preparado para combater o aumento dos preços ao
consumidor, mas que a economia e o mercado de trabalho dos EUA eram
suficientemente fortes para lidar com taxas de juros mais altas e a retirada de
estímulos que acompanhariam a luta pela inflação. As ações têm performado mais
ou menos positivas desde então, embora tenha recuado alguns pontos na
segunda-feira, quando Powell fez um discurso afirmando sua disposição de elevar
a taxa de fundos federais em mais de 25 pontos-base nas próximas reuniões
"se concluirmos ser apropriado". (Nada de novo, mas a repetição deve
ter finalmente convencido alguns investidores de que ele realmente quer dizer
isso.)
Mas este tem sido uma alta motivada pelo sentimento. A
conversa de Powell e a relativa estabilidade do petróleo, embora a preços
elevados, fizeram com que todos se sentissem melhor, mas não somam muito.
Vladimir Putin ainda pode chocar o mercado a qualquer momento, e os
investidores ainda não entenderam completamente o que será necessário para
controlar a pior inflação em 40 anos. Como o estrategista-chefe de ações do
Morgan Stanley, Michael Wilson, disse em uma nota aos clientes, a semana
passada foi "nada mais do que um violento rali do mercado de queda".
Ele acrescentou: "Embora não esteja completamente terminado, é uma alta
para vender ações."
O Nasdaq não está mais tecnicamente em um mercado de queda
após sua recente recuperação. Na maioria das vezes, não há nada de errado em
comprar um portfólio diversificado de ações quando elas vão à venda,
especialmente se você estiver investindo a longo prazo para enviar seu bebê
recém-nascido para a faculdade em 18 anos. Mas algo me diz que os compradores
da semana passada têm uma estratégia mais agressiva em mente, e a história nos
diz que eles devem ter cuidado.
Levin está totalmente certo nos argumentos que colocou,
tanto a guerra da Rússia quanto a inflação são riscos para a bolsa de valores.
O que faltou dizer foi o outro lado da equação. O sentimento já vinha negativo
desde antes da guerra e se intensificou logo após, levando as bolsas a
atingirem a mínima. Nesse período as apostas de queda (da bolsa) se intensificou,
através dos investidores qualificados, bem como os hedge funds se desfizerem
das ações.
Sem dúvida, as primeiras posições a serem zeradas foram dos
investidores que estavam apostando contra, depois pode ter entrado novos
participantes. Os motivos para tanto foram dois: sobre a guerra acreditam que o
estrago é mais localizado na Europa e que Putin vai ter que em breve chegar a
um acordo; segundo que o mercado resolveu dar um voto de confiança ao Fed e
acreditar que consegue domar a inflação nos próximos 12 a 24 meses, levando-a
para um nível mais palatável, sendo assim, os juros estariam subindo pelo bom
motivo, uma economia com crescimento e pleno emprego.
São essas duas forças que predominam no momento, uma que
acredita em novas quedas e outras que o momento é de aproveitar para entrar.
Quem está certo?
Antes de entrar na análise técnica queria complementar com um gráfico. O assunto de ontem conundrum-ao-quadrado, que versa sobre a diferença de juros viralizou nos meios de comunicação - leram o Mosca ontem? Hahaha ... O Presidente do Fed Jay Powell comentou que, para efeito de indicar se a economia estaria prestes a entrar em recessão como aponta diversas métricas entre os bonds, prefere olhar de outra forma: o spread 18 meses à frente dos juros de 3 meses, contra o 3 meses atuais. Como podem ver a seguir, sob essa métrica, é o mais íngreme desde 2016. O gráfico elaborado pelo Deutsche Bank compara essa medida contra o tradicional 10-2, sendo esse último a preferência desse banco pelo seu extenso histórico.
” Opção 1: Nesse caso... ... após atingir a
mínima de 4.114, pode ser o início da alta que estamos tanto esperando. Para
que essa opção se concretize é importante que a área entre 4.992/4.590 seja
ultrapassada.
Opção 2: Caso a bolsa reverta... ... caia abaixo de 4.114, o novo nível de reversão calculado passa a ser de 4.019” ... ...” Cada vez mais o mercado se aproxima da opção 2, que conforme está traçado no gráfico a seguir levaria o SP500 ao nível de 4.080/4.060” ...
Estou pagando pela boca! Me explico, eu tenho usado com frequência uma frase apimentada para olhar os economistas a de que eles trocam de opinião como eu troco de camisa. Parece que o mesmo pode se aplicar ao Mosca nesses últimos meses pois não passa uma semana em que não tenho que reformular minhas hipótese de curto prazo sobre o SP500. Não querendo ser muito exigente comigo mesmo, a diferença no meu caso é que são as premissas de curto prazo, pois a de longo estão mantidas faz tempo.
Como prometido vou postar os dois cenários compatível com a discussão
apresentada no início do post:
Cenário: Alta em Curso – Vocês são testemunhas que enquanto
o limite de qualquer mercado não é ultrapassado não mudo minha análise, o que
sim muda, é que fica menos provável. Agindo assim evita que se entre com trades
no sentido inverso de forma prematura. Essa situação ocorreu no SP500, o
cenário 1 acima ganha mais credibilidade agora embora tenha que ultrapassar os
limites considerados acima de 4.492/4.590.
Não vou me estender nas projeções mais longas nessa situação pois muitos obstáculos terão que ser vencidos. Como o gráfico a seguir mostra, o término da onda 1 em verde seria ao redor de 4.809. Se isso ocorrer, fica quase eliminado qualquer cenário de baixa.
O SP500 fechou a 4.511, com alta de 1,13%; o USDBRL a R$ 4,9065,
com queda de 0,57%; o EURUSD a € 1,1030, com alta de 0,14%; e o ouro a
U$ 1.921, com queda de 0,76%.
Fique ligado!
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