BCE estilo Démodé
Nesta quinta-feira, espera-se que o Banco Central Europeu
comece a desvendar o seu plano de redução do extraordinário estímulo monetário,
um processo que poderá ter efeito em outros bancos centrais da Costa do Marfim
para a Suíça.
Diferentemente de outros bancos centrais ao redor do mundo,
como o FED, BOE, Banco do Canada entre outros, que perceberam que a situação
mudou, o BCE ainda discutirá se diminui os helicópteros, quando já deveria
estar discutindo a sua imediata interrupção em conjunto com elevação dos juros,
que não seja esquecido, são negativos.
Motivos acredito tenha de sobra, a atividade econômica vem
melhorando de forma consistente na maioria dos países constantes da zona do
euro. A título de exemplo o ultimo resultado das vendas ao varejo pode ser
vista a seguir.
É verdade que a inflação ainda não atingiu o objetivo
traçado pelo ECB de 2%, porém isto também é verdade nos EUA. Mas a autoridades
americana, que também tem seu índice inflacionário abaixo da meta, mesmo assim
decidiu elevar os juros. O motivo é não ser pego de surpresa mais adiante pois
é esperado que com tanto estimulo, as condições do mercado de trabalho ficam
mais apertadas, que terão impacto nos preços.
Os efeitos de política monetária são defasados de 9 meses, dizem os
estudos acadêmicos.
A diferença de juros entre os títulos alemães e americanos
de 2 anos, paramento mais observado pelo mercado em termos de efeitos da
política monetária, vem caminhando em direções opostas. O gráfico a seguir
apresenta essa informação para os últimos anos. Notem que dificilmente neste
período andaram em direções opostas como agora, embora sua diferença de taxa
pode oscilar, de tempos em tempos.
Eu trabalhei por diversos anos numa subsidiaria de um banco
Francês. Embora isso tenha ocorrido há diversos anos, acredito que minhas
observações não se alteraram muito. Viajei diversas vezes a sede do banco e
tive oportunidade de conviver com os parisienses. Pude notar a diferença entre
os executivos americanos e franceses, literalmente da agua para o vinho! Dizia a alguns colegas de banco, que se
tornarão meus amigos, que a França no futuro seria um enorme museu,
maravilhoso, mas era o que sobraria.
Também trabalhei um tempo menor com os alemães, lá era
diferente, pude notar uma grande eficiência e empenho não observada nos seus
vizinhos franceses. Em relação aos italianos não poso opinar por não conhecer
em detalhes, mas parece que preferem discutir, e muito, a trabalhar. Que os
italianos não me levem a mal, adoro esse país, sua culinária, vinho, design, mas
os chineses estão fungando no cangote do mundo!
Mas minhas observações não são apenas opiniões, os
investidores acabam espelhando parte dessa minha percepção. O gráfico a seguir
traz uma comparação da evolução das bolsas europeias segregadas em 3 grupos:
Alemanha; Suécia, Suíça e Grã-Bretanha; Itália, França e Espanha. Tirem suas
próprias conclusões!
Mas caso o BCE resolva tomar mediadas no sentido de retirar
os estímulos monetários, isso poderia ter um efeito decisivo nos mercados, já
que os investidores compram e vendem ativos nos países cuja política monetária
está mais intimamente vinculada ao BCE.
Vários bancos centrais cujos países que fazem fronteira com
a zona do euro, suas moedas acompanham ou são extremamente influenciadas pelo
euro, o que significa que muitas vezes eles devem refletir o que o BCE faz. Isso
deixou as áreas da Europa com taxas de juros baixas.
Os analistas preveem que o BCE anunciará na quinta-feira que
começa a diminuir suas compras de títulos, uma mudança que também sugerirá
quando ele vai começar a subir as taxas de juros. Quando se trata de elevar as
taxas, os bancos centrais em muitos países parecem estar à espera de que o BCE
se mova em primeiro lugar.
Em grande parte da Europa Oriental, as taxas de juros ainda
estão baixas quando comparadas a crise pós-financeira. A Hungria ainda tem
taxas de juros negativas, o único país de mercados emergentes do mundo a
pratica-lo.
Eu particularmente sou contra a adoção de câmbio fixo,
inúmeras experiências se mostraram desastrosas ao redor do mundo. No caso
Europeu é ainda mais complicado, embora em termos territoriais os países dentro
da zona do euro não são de grande extensão, do ponto de vista cultural são
enormes.
Essas diferenças se tornaram muito mais evidentes depois de
alguns anos de adoção do euro, pois alguns países não puderam se utilizar da
taxa de câmbio com intuito de ajustar diferenças na produtividade. Desta forma,
O BCE acaba adotando uma política que atende os países mais fracos, o que é Démodé no mundo atual.
No post os-viciados, fiz os seguintes comentários sobre
o dólar: ...” Mesmo a estatística estando
a nosso favor, vou propor a liquidação da posição nos preços atuais de R$ 3,16.
Um dos motivos, é que essa posição existente há 3 meses, não foi suficiente
para definir uma direção clara; segundo que estamos perto do stoploss sem muita
margem de manobra para erros; e terceira que embolsamos algum resultado
compondo o nível de preço e o diferencial de juros nesse período” .... Essa
foi uma situação que usei vários argumentos para liquidar a posição que
detínhamos
Hoje pela manhã já estaríamos sendo stopados, embora sem
prejuízo, a decisão se mostrou acertada. Mas o que esperar agora? Existem
algumas interpretações que poderiam levar o dólar a patamares mais elevados,
esses patamares variam de R$ 3,25 a R$ 3,50. Não tenho uma opinião definida e
abaixo mostro essas duas hipóteses.
No primeiro caso em vermelho, o triangulo apontado seria
respeitado, e desta vez ao tingir o nível de R$ 3,25, o dólar mudaria de
sentido iniciando um novo movimento de queda. No outro caso, em azul, o
triangulo seria rompido para cima e as cotações poderiam até atingir R$
3,50, não sendo necessariamente esse nível máximo, depois disso, uma queda do
dólar.
É importante que notem, que o movimento mais amplo continua
ainda sendo de queda para o dólar.
- David, então posso
dormir tranquilo com meus reais?
Sempre se pode dormir tranquilo, isso não significa ser
leniente. Eu mudaria a sua colocação para: “ até o momento não existe nenhuma
indicação que o movimento do dólar se modificou de baixa para alta, mas se o
dólar ultrapassar R$ 3,50, o gato subirá no telhado”. Agora se você está
vendido em dólar e quer assistir esse movimento posicionado, boa sorte, eu
prefiro ficar sem posição.
O SP500 fechou a 2.564, com queda de 0,40%; o USDBRL a R$
3,2376, com alta de 1,42% Ualllll...; o EURUSD a € 1,1747, com queda de 0,31%;
e o ouro a U$ 1.282, sem variação.
Fique ligado!
Bom Post sobre a inflação, muito detalhado
ResponderExcluirAbraço
Obrigado!
Excluirolá boa tarde David! Uma pergunta. Tenho uma viagem agendada para março 2018 para a Europa. Venho acompanhando a leve alta do Euro na última semana. Várias agências de câmbio estão já estão vendendo a R$4,00! A tendência é de alta e deve piorar até março? Grande abs, Alexandre
ResponderExcluirAlexandre eu não faço previsões do euro contra o real. Se você acompanha meu trabalho sabe que minhas previsões são do euro x dólar e do real x dólar. Numa análise bem superficial, fiz uma avaliação desse par, e acredito que essa cotação poderá chegar a R$ 4,00 ou R$ 4,20, nos próximos meses.
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