Nunca esqueça da China


A turbulência financeira na China pode causar estragos no resto do mundo? Sim. Para efeito de exemplo vamos relembrar o que ocorreu no início de 2016.

No primeiro dia desse ano, o banco central da China criou ondas de choque ao redor do mundo ao diminuir acentuadamente o valor do yuan. O declínio na própria moeda, que veio após o estouro de uma bolha do mercado de ações, não era a maior preocupação. Em vez disso, foi uma súbita perda de confiança na história de crescimento da China que reverberou em todo o mundo.

Não importa o quão fechado é o sistema financeiro da China, o peso do país como a segunda maior economia do mundo como: o maior comprador de quase todas as commodities; o maior exportador, o que acontece na China não tem somente repercussão local.

Do modo que as oscilações das ações na China se desenrolaram nas semanas seguintes, mostraram o que poderia acontecer se a dependência do país em empréstimos para impulsionar o crescimento, fosse estancada repentinamente. O mercado de ações despencou, originado um recuo do SP 500 em 11% desde o início do ano até 11/02, quando chegou ao seu nível mais baixo. O petróleo e outras commodities caíram mais, atingindo o nível de U$ 26 por barril no mesmo dia.

O poder de troca de países produtores de commodities como Austrália e Brasil foram atingidas. A moeda da Arábia Saudita passou por um ataque especulativo. As grandes empresas de commodities como a Glencore da Suíça, e o Noble Group de Hong Kong, enfrentaram receios dos investidores quanto à sua solvência.

 
Essa turbulência teve efeitos prejudiciais para as empresas financeiras. Os bancos que fizeram empréstimos a perfuradores de petróleo pareciam expostos a padrões de preços que não eram mais a realidade. A perspectiva de menor crescimento na China e nos mercados emergentes produtores de commodities, fez com que as taxas de juros globais caíssem substancialmente, prejudicando as margens de lucro dos bancos. Nos EUA, os bancos estavam entre os setores mais atingidos, com o KBW – índice de bancos - caindo 23%.

Se diz que, duas crises não acontecem exatamente da mesma forma, e é improvável que a China permita que o mercado interno de ações suba vertiginosamente. Mas se o FED continuar elevando as taxas de juros, poderia colocar uma nova pressão sobre o yuan. Os novos controles de capital do país também não foram testados para um grande choque. O sistema bancário paralelo da China cresceu dramaticamente, então qualquer tentativa de controlá-lo, ou qualquer colapso na cadeia de produtos de gestão de patrimônio, poderia ameaçar o crescimento Chinês e induzir o dinheiro a sair do país.

Uma crise financeira chinesa provavelmente não seria como o colapso imobiliário americano, que causou a pior recessão global em décadas. Mas o tropeço da China no início de 2016 não exigiu o colapso de um produto financeiro complexo ou o fracasso de um grande banco ao atingir os mercados em todo o mundo. A combinação de commodities e alavancagem foi suficiente para espalhar o dano.

Qualquer pessoa que procura por motivos que poderiam gerar uma crise, deve analisar de perto como uma desaceleração de crescimento da China poderia ser transmitida globalmente.

- David, acordou de mal humor! Ficou pessimista?
Não! Continuo com um cenário de crescimento positivo ao redor do mundo e tudo indica que as condições parecem saudáveis, embora existam alguns riscos que não devem ser desprezados. Um deles foi o comentário do post de ontem os-viciados, o outro seguramente é a China que “misteriosamente” cresce a décadas em níveis elevados. Este artigo é para lembrar como uma decisão errada tomada pelo governo Chinês pode causar estragos ao redor do mundo, especialmente nesse país onde os dados não são confiáveis.

No post demissão-ou-demitida, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” A alta desde junho deste ano é bastante íngreme, o que caracterizaria ser uma onda 3, pela teoria de Elliot Wave. Parece que minha análise está correta, onde a bolsa terminaria um ciclo de alta nos 80 mil ou talvez 93 mil, para entrar numa correção mais demorada” ...


Quando o mercado é “forte” a contagem de ondas pela teoria de Elliot Wave é difícil, várias interpretações são possíveis. Minha experiência mostrou que a contagem correta só se saberá a posteriori. Após atingir um pico, uma correção é esperada, e é aí que que as várias contagens poderão levar a retrações diferentes. Mas não é necessário desespero, pois com uma visão de mais longo prazo, macro pontos são estabelecidos.

Fiz uma análise mais detalhada e cheguei a melhor contagem de acordo com o gráfico a seguir. Antes de prosseguir vamos estabelecer dois macro níveis importantes, para uma eventual correção mais acentuada acontecer, o primeiro a 80.000 e o segundo a 93.000.


Eu calculo que adentramos numa correção – menor, onde os preços poderiam atingir 74.000 ou 71.500, para em seguida voltarem a subir. Se a bolsa atingir esses níveis vamos comprar o que vendemos recentemente. Mas por enquanto resta acompanhar um pouco mais para definir quanto e a que nível faremos essa nova alocação.

Sobre os níveis de mais longo prazo, acredito que o nível de 93.000 tem chance um pouco maior que 80.000. Vamos imaginar que eu esteja correto, e a bolsa vá flertar próxima dos 100.000 pontos, isso deveria ocorrer já em 2018.

Se ao atingir esse patamar uma correção mais forte ocorrer, dois poderiam ser os motivos: primeiro uma correção no exterior, que está dentro dos meus prognósticos; ou alguma complicação nas eleições aqui.

Para o Mosca tanto faz o motivo, o que não queremos é estar comprados com o mercado caindo na nossa cara.
- David, tanto faz, e se for o Lula?
Tanto faz sim! Já disse que se for esse o caso, estarei em outro local! Hahaha ...

O SP500 fechou a 2.559, sem variação; o USDBRL a R$ 3,1575, com queda de 0,42: o EURUSD a € 1,1766, com queda de 0,25%; e o ouro a U$ 1.284, com queda de 0,71%.


Fique ligado!

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