A hemorragia continua


Diariamente a queda nos ativos dos países emergentes faz parte do noticiário. Todos estão em queda, o que varia é a extensão. No topo da lista se encontra a Argentina e Turquia, pois encontram-se em situação mais evidente de fraqueza.

Por enquanto, não existe nada de sistêmico que levasse a esse movimento coordenado, são temores provenientes da alta do juro americano, aliado ao enxugamento que o FED está realizando em sua carteira de títulos. Mas onde isso pode parar? Para responder essa pergunta, a Bloomberg publicou uma matéria.

No mês passado, os fundos rapidamente venderam suas posições nos mercados emergentes para níveis vistos pela última vez, em agosto de 2015, quando a China assustou o mundo com uma desvalorização surpresa, e no início de 2016, quando Pequim encerrou uma experiência tola com circuit breakers, em uma tentativa inútil resgatar o mercado de ações.


Os mercados emergentes estão sofrendo. Somente as moedas caíram 13% no ano, à medida que o contágio começa a se espalhar pelos continentes, da Argentina à Indonésia. Títulos e ações caíram.

Quando o sangramento irá parar?

Em um caso de inversão de papéis, os EUA estão começando a parecer um mercado emergente. Numa base ajustada sazonalmente, a economia americana cresceu 5,4% no segundo trimestre, quase tão rápido quanto a China. Enquanto o SP 500 está subindo, a bolsa da China, um ícone dos mercados emergentes, já se encontrava num mercado de baixa, antes mesmo da recente queda começar.

O dinheiro está retornando aos EUA, independente do Fed subir ou não os juros.

Somando-se aos desafios dos emergentes, essa expansão americana agora exige muito mais financiamento do que antes, já que o Fed encolhe seu balanço. Até que as condições de financiamento atinjam o equilíbrio entre os EUA e os mercados emergentes, espera-se que o sofrimento continue.


O investidor olha naturalmente para a China em busca de alívio. Para amenizar o golpe da guerra comercial, Pequim recentemente mudou suas prioridades econômicas, e está pronta para implantar os gastos com infraestrutura novamente. Cortar a excessiva dívida corporativa está em segundo plano. Mas Beijing deve andar numa linha muito tênue. Reduzir os gastos em projetos, apenas aumentará as dívidas e atrairá mais atenção de um sistema financeiro já em dificuldades.

O rating dos bancos chineses tem critérios diferentes quando elaborados por empresas locais ou internacionais. O gráfico a seguir dá uma boa mostra dessa disparidade. Os dados, de maneira geral, publicados pela China, não têm uma boa credibilidade. O mais sensato seria utilizar os critérios internacionais. Sob esse ponto de vista, não parece que as instituições financeiras estão tão solidas.

Uma boa solução potencial, muito discutida na China, seria fazer eco ao grande corte de impostos corporativos do presidente Donald Trump, especialmente considerando que a taxa de imposto efetiva da China é a 12ª maior do mundo. Mas não atribua muita importância à burocracia - é improvável que as mudanças cheguem até o início de 2019, se é que isso acontecerá.

O outro caminho para o equilíbrio é uma desaceleração nos EUA. Afinal, o mundo está ficando menor. Será que a América pode realmente crescer em um ritmo de países em desenvolvimento quando quase todas as outras economias do planeta estão em declínio?

As tarifas norte-americanas de até US $ 200 bilhões em mercadorias chinesas, que podem entrar em vigor na sexta-feira, prejudicarão os compradores americanos. Segundo o Instituto Peterson de Economia Internacional, 23% das importações atingidas por essa rodada na guerra comercial são bens de consumo, como computadores, móveis e produtos agrícolas. Qualquer freio nos gastos do consumidor controlará a economia.

Mesmo assim, serão pelo menos dois meses antes que o sentimento negativo apareça nos índices de confiança do consumidor dos EUA, como os da Universidade de Michigan e do Conference Board.

Um vírus precisa atingir o sistema antes que o paciente possa começar a se recuperar. A turbulência nos mercados emergentes estará por aí por um tempo.

No post sem-futuro, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ...” devemos passar por um tempo com valorização da moeda única. No gráfico abaixo apontei dois possíveis objetivos € 1,195 ou € 1.21” ... ...” Em termos de Elliot Wave, devemos estar entrando numa onda B. É sabido que essa onda é terrível, uma destruidora de resultados. Normalmente, anda 2 passos à frente e 1 a 1,5 para trás” ...

No gráfico a seguir, com movimentações diárias, já se nota a característica de ondas B, como mencionei acima. Somente com entradas rápidas e de curtíssimo prazo se poderia fazer algum trade, mesmo assim, seria desafiador, sem garantia nenhuma de sucesso.


Como apontado, espero que a moeda única atinja 1,195 ou 1,21. A partir desses pontos, uma reversão tomaria pulso.

Não se tem nenhum controle dos movimentos dos mercados, essa é uma premissa que não se pode esquecer. Mas o que sim se tem controle, é quando desejamos estar posicionados ou não. Ao se usar análise técnica, a evolução das cotações dá sinais que se bem monitorados, podem indicar uma boa oportunidade de trade. Mesmo assim, depois de entrar na posição, o que se espera pode não acontecer. Uma atitude flexível é fundamental para o sucesso, deve-se evitar pensamentos rígidos, imutáveis.

Nos meus 40 anos de atuação nos mercados financeiros já cometi centenas de erros. Alguns custaram muito caro, também acertei bastante, pois caso contrário não teria sobrevivido. Comecei a usar análise técnica aproximadamente há 20 anos, e posso dizer que a minha forma de atuar mudou muito, porém dois fatores se sobressaem: o número de trades diminui significativamente; e a o peso dos fundamentos deu lugar a técnica.

Posso dizer que a maioria das pessoas ficam ligadas a suas opiniões, onde o importante é ter razão. Poucos que usam análise fundamentalista conseguem ter uma postura mais pragmática. Esse é um processo de desapego muito, muito difícil, posso citar que ainda hoje, em vários momentos, sinto como a “torcida” atrapalha.

Quanto mais puder se desvincular de suas crenças e prestar atenção nos mercados maior sua chance de sucesso. Estar certo significa ganhar dinheiro e não pode contar para os amigos que acertou na mosca, num determinado mercado. Lógico que isso acontece, mas ninguém querer que os amigos se lembrem dos erros. Porém, pode estar certo que seu bolso não se esquece!  

O SP500 fechou a 2.888, com queda de 0,28%; o USDBRL a R$ 4,1434, com queda de 0,39%; o EURUSD a 1,1631, com alta de 0,43%; e o ouro a U$ 1.197, com alta de 0,50%.

Fique ligado!

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