A lenta morte do euro
Quem é seguidor do Mosca
conhece a minha opinião sobre a União Europeia que criou o euro. Para quem
não é tão seguidor eu resumo numa palavra: Desastre! Mas também sei que, não
acabará do dia para a noite, pois, por enquanto, está dando para viver. Porém,
mais dia menos dia, é provável uma ruptura.
Tive acesso a um artigo bem elaborado que estabelece um
raciocínio, além de uma cronologia, até essa possível ruptura.
A zona do euro é um mamute financeiro frágil. Enquanto seu
PIB não é o mesmo que o dos EUA, que gira em torno de US $ 3 trilhões. Os
ativos do setor bancário são cerca de 240% do PIB, contra cerca de 90% nos EUA.
Os bancos se mantiveram em pé apenas pelo programa de compra de ativos em
grande escala (quantitative easing ou
QE) do BCE. No entanto, o BCE está prestes a abandonar seu programa de compra
de títulos, o que afetará de forma dramática a dinâmica da dívida e a
probabilidade de sobrevivência do euro.
A tragédia da zona do
euro em três atos
A zona euro foi construída em areia movediça. Os exemplos de
mais de 200 ex-sindicatos sugerem de maneira bastante vívida que uma união
monetária precisa ser apoiada por uma união política ou ter uma opção de saída.
A zona do euro, marcadamente, não tem nenhum.
Assumiu-se erroneamente que, quando os países ingressassem
na União Monetária Europeia, suas economias começariam a convergir. Pensava-se
que, os países mais pobres começariam a alcançar os mais ricos em bem-estar,
por exemplo, em produtividade. Isso nunca se materializou. A convergência que
foi observada durante os primeiros anos do euro parou após a crise financeira
(veja a Figura abaixo).
Depois da crise de 2008, o capital começou a fugir dos países
membros mais fracos da Zona do Euro (veja a Figura a seguir). Quando a corrida
na conta de capital da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha começou a se
acelerar em 2011, os colocou à beira de uma inadimplência. Seus padrões
soberanos ameaçaram derrubar grandes bancos, especialmente na França e na Alemanha.
Havia também o risco de que os países inadimplentes fossem forçados a retornar
à sua própria moeda para sustentar seu sistema bancário.
Assim, a crise de 2008 foi um clássico "choque
assimétrico" na UME, e a crise da dívida europeia que se seguiu foi, em
essência, uma crise bancária. Para salvar a zona europeia, os líderes da zona
do euro emitiram empréstimos de socorro aos países em crise para que pudessem
pagar o dinheiro que haviam emprestado dos bancos europeus.
Infelizmente, apenas frações minúsculas desses empréstimos
de ajuda foram para ajudar as pessoas dos países atingidos pela crise. As
medidas de resgate aplicadas durante as crises da dívida foram provavelmente a recapitalização
bancária mais dúbia e ineficiente da história.
Cenários de uma
separação
O processo que leva ao colapso da zona do euro provavelmente
será composto por seis fases:
BCE afunilando
Choque econômico / político
Crise econômica
Crise política
Crise legal
Rompimento
Estamos, portanto, fechando a primeira fase, porque o BCE
deverá diminuir em dezembro (parar de elevar suas compras líquidas de dívida
soberana). Isso cria uma ameaça existencial para a ZE, porque é praticamente
óbvio que os preços atuais da dívida soberana não refletem verdadeiramente a
estimativa real de mercado do risco soberano, mas apenas a extensão da compra
de títulos pelo BCE.
No entanto, o BCE continuará a rolar seu estoque de dívida
existente. Como seu balanço é muito grande (perto de 42% do PIB da ZE), mesmo
apenas o principal reinvestimento produz pressão sobre os rendimentos. Ainda
assim, qualquer aumento na emissão líquida de dívida soberana precisa encontrar
outro comprador. Todos deveriam perguntar a si mesmos: “Eu emprestaria à Itália
por dez anos a 3%? ” Para descobrir se os potenciais compradores estarão
amplamente disponíveis.
Assim, quando o cobertor do apoio do BCE recuar dos mercados
de títulos soberanos, o preço de mercado retornará, implicando que os
rendimentos provavelmente tornar-se-ão muito voláteis. Também é incerto se o
BCE pode reiniciar um outro QE, o que depende crucialmente da decisão do
Tribunal de Justiça Europeu (TJE). Se reiniciar o programa for impossível, e se
alguma nova estrutura financeira comum, ou bancos centrais estrangeiros não
tomarem o lugar do BCE para comprar essa nova emissão, a crise da dívida fará
um retorno épico.
Em qualquer caso, os países super endividados da ZE
enfrentarão uma escolha difícil, quando a recessão ocorrer. Muitos deles estão
agora ainda mais endividados do que em 2010 (ver Figura abaixo). Eles precisam
sujeitar-se aos programas de resgate do ESM, ou sair. É altamente incerto se os
países estarão dispostos a aceitar as condições dos programas do Mecanismo
Europeu de Estabilidade (MEE), especialmente quando sabem como a Grécia foi
tratada.
Os artigos 123.º e 125.º do Tratado da Função da UE (TFUE)
também proíbem os países de assumirem as responsabilidades financeiras de
outros Estados-Membros e proíbem qualquer financiamento dos países ou
instituições membros do BCE. Eles limitam seriamente a capacidade dos líderes
da ZE e do BCE de “fazer o que for preciso” para salvar o euro. Os mercados
estão prestes a cobrar o blefe de Mario Draghi.
Em um rompimento, chega-se a um cenário completamente
desconhecido, porque nenhum país jamais saiu do euro. A separação descontrolada
da zona do euro constituiria um choque cataclísmico para o sistema financeiro
global. Países, bancos e corporações estariam propensos a falência em massa. O
BCE declararia falência devido a pesadas perdas de títulos soberanos
inadimplentes. O setor financeiro europeu iria desmoronar levando consigo o
sistema financeiro global. Uma calamidade financeira global seguiria. No
entanto, outras opções existem.
Zona do Euro: uma construção política perigosa
A Zona do Euro foi um experimento ousado, mas
fundamentalmente falho. O fato é que são os políticos que nos colocaram nessa
situação criando uma união monetária imperfeita e intrinsecamente instável,
apesar das advertências de muitos economistas e da esmagadora evidência
histórica contra o sucesso de tais iniciativas.
Não pode haver outra solução que não seja política para
esses problemas. Saberemos em breve se os políticos podem encontrar uma.
Essa sequência tem um teor alarmante, e parte da hipótese
que tudo se manterá estático sem mudanças, quando uma tormenta dessas estiver
mais próxima. Entretanto, as pessoas reagem quando uma situação alarmante
afetará todos. Parece que quando esse momento chegar, a conclusão mais imediata
é que a Zona do Euro foi uma falha, sugerindo que cada país emita sua moeda.
No post custo-de-um-presidente-errado, fiz os
seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” tracei algumas linhas limítrofes de acompanhamento. Se a
linha vermelha for rompida, a chance maior é do cenário 2; já a linha verde
apontaria para o cenário 1, desde que, o nível de 74 mil seja respeitado. Caso
contrário, voltamos a indecisão” ... ...” sei que é de pouca valia essas
observações, mas é o que eu tenho a oferecer agora sem entrar em considerações
subjetivas de feeling” ...
As recomendações dadas acima ainda não se materializaram, desta
forma, não se pode deixar influenciar pelos movimentos recentes. Disciplina!
Não posso negar que, tive vontade de sugerir um trade de compra, mas dado a recente
experiência negativa com o ouro, onde decidi zerar a posição sem que houvesse uma
evidencia técnica, é melhor eu ficar quieto. Hoje o metal está caindo U$ 10, ou
seja 0,90%, inviabilizando minha expectativa de formação de um triângulo, que
sugeria uma alta no curto prazo fed-025-na-caçapa. Paciência, fica para a próxima.
Voltando à bolsa brasileira, quando escrevi o post
mencionado acima, o Ibovespa estava próximo do limite inferior traçado em verde,
a 74.000. Naquele momento tudo “parecia” que estava próximo a cair mais. Agora,
a 79.500 estamos próximos do limite superior, e tudo parece que vai romper o
nível de 82.000, mais ainda não rompeu.
Nos últimos dias, o mercado resolveu comprar melhor a ideia
que, o Haddad não será um bicho papão. Esse candidato vem dizendo que vai
propor uma reforma da previdência, e não tomará atitudes drásticas, contra o
mercado. Hummm .... Eu não compro, pode ter até um alivio de curto prazo, porém
não acredito. Mas como o mercado está pouco posicionado, e caso escolha um
Ministro das Finanças Market friendly, o
mercado poderá subir.
Mas como nós nos baseamos nos preços para tomar decisões,
pouco importa o que ele diz, e sim, o que o mercado diz! Ficamos no aguardo dos
preços para fazer qualquer posição.
O SP500 fechou a 2.914, com alta de 0,28%; o USDBRL a R$
3,9920, com queda de 0,97%; o EURUSD a U$ 1,1650, com queda de 0,75%; e o ouro
a U$ 1.183, com queda de 0,85%.
Fique ligado!
Qual a chance desta crise ser generalizada e uma proposta de manutenção da unificação prosperar neste cenário hipotético? Em um mercado cada vez mais integrado, não seria normal a crise se generalizar em vez de atingir pontualmente alguns países? Acha provável surgirem algumas novas grecias ou o cenário se deteriorar de forma geral para alguma reforma no bloco?
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