O quarto fator de produção
Existe um movimento atual que está deixando os economistas
intrigados. Na verdade, não é somente um, mas diversos indicadores econômicos
não estão de acordo com a teoria econômica tradicional.
Escolhi um artigo da Bloomberg, que menciona a distorção que
está acontecendo no mercado de títulos e bolsa americana, que segundo a suas
crenças não faz sentido, o qual seja, a queda dos juros associada com a alta da
bolsa.
Na última segunda-feira, tivemos uma discussão na Rosenberg
que pode explicar essa e outras distorções de maneira empírica. Ao final do
artigo vou explanar de maneira sucinta a ideia discutida. Quero deixar claro
que não estou propondo uma nova teoria, nem tampouco tenho uma maneira de
provar essas ideias. É um pensamento que parece fazer sentido, encarem desta
forma. Mas se por acaso, esses forem os
motivos, o impacto é importante do ponto de vista de investimentos.
Os mercados de ações dos EUA e do Tesouro divergiram desde
que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e seus colegas políticos
inverteram o curso no final de 2018 sobre a necessidade de taxas de juros mais
altas e a redução contínua dos ativos do balanço do banco central.
O índice SP 500 subiu 13% em 2019 com a ideia de que o
domínio do Fed pode permitir que a economia evite uma recessão. Enquanto isso,
o rendimento do Tesouro de 10 anos de referência caiu abaixo de 2,60%. Além
disso, a diferença entre os rendimentos entre os títulos de 2 e 10 anos
permaneceu pouco alterada a 15 pontos, incomumente apertados.
Simplificando, o otimismo visto em ações não é compartilhado
pelo trades de juros. Historicamente, o mercado de títulos teve um registro
melhor de previsão da economia e, portanto, a divergência tem implicações
importantes para as alocações de ativos dos investidores.
Um esclarecimento ao leitor, no entendimento do mercado,
quando os juros dos títulos do governo caem, sem um motivo originado por queda
de inflação, se deve a uma expectativa de desaceleração da economia no futuro.
Nesta situação, as bolsas deveriam cair e não subir.
Especificamente, os desenvolvimentos recentes sugerem que o
início da próxima recessão pode ser adiado para 2020, no final desse ano, e
isso oferece espaço para novos ganhos em ações. O mercado de títulos está
sinalizando, por outro lado, que enquanto a recessão pode ser adiada, o risco
não foi eliminado.
A diferença crescente no desempenho entre as duas classes de
ativos pode ser rastreada por declarações da Powell em duas ocasiões no início
do ano. Talvez abalado pela queda acentuada nas ações nos dias seguintes a seus
comentários agressivos em 19 de dezembro, quando sugeriu a necessidade de dois
aumentos de taxa em 2019 e uma redução contínua no balanço, Powell sugeriu em 4
de janeiro que não o faria. Ele também sinalizou que, não havia um caminho
pré-definido para aumentar as taxas. O Fed forneceu mais combustível para a
recuperação das ações quando decidiu, em 30 de janeiro, não aumentar as taxas,
e Powell sugeriu em uma entrevista coletiva que o banco central havia chegado
ao fim de seu ciclo de taxas altas.
O otimismo de Powell sobre a economia, no entanto, não
aumentou os rendimentos dos títulos. Embora os investidores em ações estejam
reagindo a indícios de que o Fed estava tentando reduzir o risco de queda nas
ações, os investidores em bônus estão focados em desenvolvimentos que apontam
para uma desaceleração das economias dos EUA e do mundo.
Nos EUA, aprendemos na semana passada que: As vendas de
novas casas, depois de um pico em novembro, foram menores em quase 15% em
janeiro; As encomendas de bens duráveis ex-transporte, uma medida dos gastos
de investimento, caíram 0,2% em janeiro; A produção industrial norte-americana
caiu em fevereiro pelo segundo mês sucessivo.; O núcleo do índice de preços ao
consumidor (que exclui alimentos e energia) aumentou apenas 2,1% no ano
passado, desmentindo as repetidas previsões do Fed de que a inflação estava
subindo.
Sinais crescentes de desaceleração levaram os líderes
chineses a reduzir suas expectativas de crescimento econômico para 2019 para um
intervalo de 6% a 6,5% - 6,8% em 2018, que já era o crescimento mais lento em
28 anos. Enquanto as ações dos EUA reagiram ao otimismo de que o presidente dos
EUA, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, pudessem resolver suas
divergências sobre o comércio antes de uma cúpula no próximo mês, os detentores
de bonds se preocupam que os dois lados estejam muito distantes de questões
estruturais e de verificação.
Na Europa, o Reino Unido ainda precisa resolver os termos de
seu "Brexit" da União Europeia poucos dias antes da proposta data de
separação de 29 de março. A Itália já está em recessão e o resto do continente
pode em breve estar em uma também. A economia alemã enfrenta riscos devido à
ameaça das tarifas a ser imposta por Trump sobre automóveis e peças - a maior
exportação da gigante europeia. As exportações alemãs representam cerca de 40%
de seu produto interno bruto.
A retomada das tensões geopolíticas aumentou a demanda por
títulos com atributos de refúgio. As conversas entre Trump e o líder
norte-coreano Kim Jong Un terminaram abruptamente sem um acordo, levantando
dúvidas sobre se Kim continuaria a moratória nos testes nucleares e no lançamento
de mísseis.
O argumento para os investidores é que Powell percebe que,
mesmo que o banco central aumentasse as taxas apenas uma vez em 2019, isso
poderia levar a curva de juros a inverter. E o Fed poderia até cortar as taxas,
ou retomar a flexibilização quantitativa, se as condições globais piorarem mais
do que o previsto. Ações que estiveram em uma correção durante os últimos dias
de dezembro podem voltar a ter bom desempenho por vários meses com um Fed
benigno.
No entanto, como a economia norte-americana desacelera de um
primeiro trimestre já fraco e o peso combinado de nove aumentos de taxa nos
últimos três anos, seria hora de reduzir a presença em ações e aumentar a
alocação para os títulos do Tesouro. As ações estão reagindo ao otimismo de curto
prazo, mas o mercado de títulos parece antecipar problemas em 2020 e 2021.
Todos os argumentos desse artigo são coerentes,
aparentemente, a bolsa americana não deveria estar subindo se o mercado de
títulos está dizendo que as coisas não parecem boas no futuro. Mas, e se o
motivo da queda dos juros não for exatamente esse, qual poderia ser?
Aqui entra agora uma “nova” teoria, a de que o “conhecimento”,
completaria o quarto fator de produção – Capital, trabalho e terra. A
tecnologia tem desenvolvido um papel importante e crescente na atividade econômica,
empresas, normalmente Start Ups, vem crescendo de forma exponencial com impacto
disruptivo, palavra da moda.
De maneira bastante grosseira, essas empresas são compostas
por quatro garotos com ideias novas para atender algum mercado de forma mais
eficiente, gerando queda de preços. Essas empresas por sua vez, necessitam um
capital ínfimo de investimento, pois seu maior ativo são esses jovens.
Não precisaria citar os exemplos que todos já conhecem e que
estão em pleno funcionamento, mas centenas de outras que nós não sabemos. Por
exemplo, um familiar que está envolvido na captura de imagens médicas em massa,
outro dia, pega seu Iphone e mostra a lista de exames que foram coletadas
naquele dia em diversas parte do país. O diagnóstico é feito através de
inteligência artificial apontando as possíveis anomalias, imediatamente é
enviado ao médico que solicitou o exame para que tome as providencias. As
imagens podem ser vistas no Iphone! Quantos empregos não foram eliminados? Qual
a economia de custo? Qual a melhoria no diagnóstico?
Serviços como esse estão se multiplicando e colocando em
risco determinados trabalhos, fábricas e empresas. Recentemente duas empresas
enormes estão em serias dificuldades, sendo que, uma delas está numa situação
semelhante à nossa concordata: Sears e GE.
Assumindo essa premissa, duas das fontes de produção se se
encontram em excesso: Trabalho e Capital. O primeiro existe uma certa
flexibilidade, pois quem é despedido poderá buscar uma outra colocação, e/ou
aumenta-se as horas de lazer. Não é necessário espanto quanto esse último, pois
se o PIB cresce, qual o problema de aumentar as horas de lazer? Os trabalhos
que agora executados em casa, já estão se beneficiando dessa condição.
Agora, em relação ao Capital não tem como, o efeito é queda
nos juros. Tenho notado que além da Europa, EUA, Japão, diversos outros estão
com taxas de juros, em recordes de baixa. Para citar alguns: Austrália, Nova
Zelândia, Coreia do Sul, e por que não, o Brasil, com a menor taxa SELIC da
história. Poderíamos dizer que, o capital já está sendo “reciclado”.
Nesse mesmo raciocínio, a inflação teria uma tendência de
ficar baixa, pois mesmo que os salários subam, a pressão das novas tecnologias
ainda tem muito curso pela frente.
Nesse cenário imaginado pelo Mosca, qual seria o problema se a taxa de juros caí, inclusive nos
títulos governamentais e a bolsa subir? Nenhum, faz todo sentido. Pensem um
pouco nas anomalias que acontecem, e considerando a hipótese de “destruição
construtiva”, investir em ações, imóveis e commoditie é melhor que investir em
juros. Agora muito cuidado para não investir na empresa errada, que vai
desaparecer.
Será que tudo isso faz sentido, ou é uma grande ilusão? Só o
tempo poderá comprovar ou não essa tese.
No post razões-que-nem-o-diabo-sabe, fiz os seguintes comentários
sobre o ouro: ...”
No gráfico a seguir, tracei um cenário que parece o de maior chance observado
de hoje” ... ...” o ouro teria uma alta, onde pretendemos propor um trade de
venda, com todos os níveis a serem melhor definidos” ...
O nível de oscilação de hoje em dia, fazem com que as
análises de uma semana para outra, fiquem sem muita alteração – acho que o Mosca vai embarcar na ideia do laser!
Hahaha .... Desde a última publicação, não tenho nada a acrescentar. Assim,
vamos observar com uma visão de mais longo prazo.
No gráfico a seguir, traço o cenário que estou esperando, o
que não ficaria surpreso pois não altera minha visão de sentido, e aquele que
ficaria surpreso.
Não vou ficar surpreso se o ouro se retrair até o nível de
U$ 1.250, pois a partir daí, espero um novo movimento de alta. Ficaria um pouco
surpreso – não esperado, se a queda se estender até o nível de U$ 1.130. Nesse
caso, dependo do shape da queda,
poderia entrar com um trade de compra. Abaixo desse nível, considero
inesperado, mas mesmo assim, ficaria na observação para verificar se não
ultrapassa o nível de U$ 1.050. Agora, abaixo de U$ 1.050, minhas previsões
antigas de mais queda voltariam à tona.
Pronto, são essas as premissas que o Mosca espera para os próximos meses. Ainda faltou uma, que seria a
continuação da alta já, onde o nível de U$ 1.370, seria rompido.
Como as alternativas colocadas são para cima e para baixo,
não perco a “imagem” percebida por alguns leitores de que o posicionamento do Mosca não erra: “se não subir pode cair”.
Até pode ser real essa colocação, porém o que não é real é que, os trades não
sugeridos para os dois lados, na maioria das vezes existe uma preferência, e o
stoploss para a “não preferência”.
O SP500 fechou a 2.824, com queda de 0,29%; o USDBRL a R$
3,7742, com queda de 0,35%; o EURUSD a € 1,1419, com alta de 0,63%; e o ouro a
U$ 1.313, com alta de 0,53%.
Fique ligado!
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