O Fed afinou
No post publicado esta semana so-falta-avisar-quem, elaborei algumas alternativas para o resultado da reunião realizada ontem no
Fed. A alternativa mais branda contemplava uma perspectiva para os juros, com
aumentos em 2019 e 2020 de: 0,25% + 0%. Mas a decisão inverteu, projetando 0%
para 2019 e 0,25% para 2020. Como o histórico do Fed em termos de previsões tem
sido ruim, o mercado interpretou que os juros não vão subir nunca mais –
usei o termo grifado para fazer uma brincadeira com os leitores, pois toda vez
que alguém faz uma declaração deste tipo, pergunto se quer apostar, bom risco,
não acham? Hahaha .... No caso, não aposto!
Não bastasse essa indicação de receio por parte do Fed, suas
projeções sobre crescimento e inflação para o futuro foram revisadas para
baixo. Aí o mercado coçou a cabeça, e depois de algumas horas de negociação,
percebeu que o Fed poderia estar dando um recado que a economia não está tão
bem assim, olhando-se para o futuro, embora não tenha sido essa sua colocação
durante a secção de perguntas e respostas.
Mas será que o receio dos investidores está baseado em
sinais que o mercado de títulos está enviando, onde o juro de 10 anos está
abaixo de 2,5%, e a diferença entre o título de 2 anos e 10 anos, relação muito
acompanhada pelo mercado, se aproxima de 0%, dando indicações que uma recessão
estaria se aproximando.
Mas se isso é possível, qual seria então a razão da queda de
juros, a níveis mínimos, em tantos países como mostra a figura a seguir? Notem que tem de tudo, pais desenvolvido, emergente latino e emergente asiático.
Talvez a única exceção esteja acontecendo com nossos Hermanos, que vivem um problema deixado
pelo desastroso governo de Cristina Kirchner, ao segurar aumentos, principalmente
de preços públicos, por anos. Agora a inflação se aproxima de 50%, e nos padrões
atuais se poderia considerar uma hiperinflação, pois o caso da Venezuela nem
merece comentários.
O peso argentino recomeçou uma escalada de desvalorização há
alguns dias, e o banco central argentino resolveu elevar o juro para evitar uma
corrida maior sobre sua moeda, com o risco de virar uma espiral inflacionaria.
Mas o caso argentino não entra nos argumentos que desenvolvi
no post o-quarto-fator-de-produção, pois o capital fluiria para os países
com bom risco de crédito, o que não parece ser o caso argentino. Mas existem
forças que estão pressionando os juros para baixo de uma forma global.
É natural que o mercado encare essas quedas, como receio em
termos de crescimento econômico, afinal o ciclo atual já é um dos mais longos
da história. Olhando-se os fundamentos, tudo indica nesse sentido, mas não é
intrigante que seja um movimento global, todos os países estariam na mesma sintonia?
Como enfatizei no post, o quarto fator é apenas uma ideia,
não sugiro ninguém fazer apostas neste sentido, pois se realmente for isso, vai
demorar um bom tempo até que seja reconhecido. Mas não fiquem ansiosos, a
análise técnica está aí para nos auxiliar nos investimentos. Vamos deixar os
fundamentos para os economistas decifrarem.
No post decisão-em-mão-errada, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ...” antevejo duas possibilidades: ou o movimento traçado em
verde (1), onde a bolsa buscaria novas altas, podendo até suplantar a máxima
histórica de 2.940; ou a região de 2.800/2.830, será novamente rejeitada, o que
desencadearia uma correção até o nível aproximado de 2.700, indicada no gráfico
com a linha marrom (2)” ...
Na segunda-feira, a bolsa americana atingiu o nível de
2.850, onde tudo indicava que a possibilidade de um false break ficara para
trás, porém nesses dois últimos dias, encontra-se novamente no nível de
2.800/2.830, levantando novamente a questão. Nada definitivo, nem para um lado,
nem para o outro, pode ser que, foi dar um último “beijinho” no nível de
rompimento. Como não estamos aqui para nos “enamorarmos” com nenhum ativo, o
stoploss de nosso trade nos protegerá, caso o beijo seja de ódio! Hahaha ....
Vou fazer uma análise, caso nosso stoploss seja executado. Os
dois cenários que considero mais prováveis são:
Para o alto – No gráfico a seguir tracei, a retração
inicial que levaria o SP500 ao nível aproximado de 2.700. Uma reversão
aconteceria nesse patamar fazendo a alta tomar impulso novamente, induzindo o
índice a novos recordes.
Triângulo – Neste caso, o processo de correção deverá
ser estender por um prazo maior, onde o SP500 poderia atingir a mínima de
2.550/2.600, uma queda nada trivial de 10%. Somente depois de terminado esse
ciclo, voltaria a subir novamente.
- David, legal, acho
que eu entendi, mas porque você decidiu comprar se a queda ainda pode ser
elevada?
Por um único motivo, não sei se vai acontecer a queda, e se
não acontecer estaremos comprados. Mas por outro lado, também não quero estar
posicionado, caso o mercado entre numa dessas situações, razão pela qual, o
stoploss é tão curto.
Resumindo, houve um rompimento, e nessas situações é
recomendando entrar no mercado, mas também não elimino a possibilidade de um false break. Esse trade espelha uma
postura pragmática, se der certo beleza estamos dentro, se der errado, perdemos
um pouco. O resto, Let´s the market
speak!
Como de costume, escrevo o post normalmente pela manhã, e hoje durante o dia, o SP500 subiu sem parar, fechando praticamente na máxima. Até pensei em reescrever o post, pois perdeu um pouco o sentido as quedas que sugiro acima. Porém, acho que além das recomendações, tem um caráter instrutivo. Resolvi manter.
O SP500 fechou a 2.854, com alta de 1,09%; o USDBRL a R$
3,8016, com alta de 0,69%; o EURUSD a € 1,1364, com queda de 0,42%; o ouro a
U$ 1.309, com queda de 0,24%.
Fique ligado!
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