Presidente disruptivo
Acabou a lua de mel, se é que ela existiu. Depois do término
de uma eleição extremamente polarizada, inclusive com atentado a vida do atual
presidente, parecia que ao ser empossado, Jair Bolsonaro, mudaria seu jeito
explosivo e confrontador, no intuito de dar um rumo ao país. Mas quem imaginou
esse cenário róseo, partiu de premissas erradas. Para um ex-Capitão das Forças
Armadas, foi educado a obedecer e a comandar, de uma forma booleana, mas nunca
negocial.
Sua equipe já dá uma ideia de como pretende conduzir os
próximos 4 anos, composta em sua grande maioria por militares, não se poderia
imaginar que seria como seus antecessores, o toma lá dá cá. Agora ou se é amigo
ou inimigo. Notem como ele trata a imprensa, para entender sua forma de agir.
Ontem por exemplo, num encontro realizado na casa do presidente da Cyrella, a
Folha, Globo e o Estadão foram proibidos de entrar, somente tiveram acesso SBT,
Bandeirantes, Record, a segunda linha do jornalismo.
Vou fazer um aparte, que chamou minha atenção quando da visita
de Bolsonaro ao Presidente Trump. Fiquei com a impressão que o nosso presidente
teve uma postura submissa, como se estivesse falando com o Comandante Mor.
Acredito que Bolsonaro se espelha no Trump. Perceba como suas ações se
assemelham ao do presidente americano.
Voltando as confusões que ocorreram ontem, a briga publica
entre Bolsonaro e Maia, mas parece birra de criança que a de dois homens
públicos de extrema importância, e modelo para a população. Acontece que, os
objetivos entre eles são um pouco diferentes, enquanto o primeiro enxerga o
Presidente da Camara como seu subordinado, o segundo quer mostrar sua força.
Como Maia também é emotivo, não soube engolir o sapo, o que demonstra uma certa
coerência no argumento dado por Bolsonaro.
Essa briga se continuada, só tem perdedores, pois ambos têm
poderes que podem afetar um ao outro. A não ser que, como última instância,
Bolsonaro imagina fechar o Congresso em algum momento, a lá 64, como vem exaltando.
Hahahaha .... Só pode ser uma brincadeira!
Por outro lado, não acredito que o presidente esteja agindo
de forma a descoberto, deve ter apoio de seus Ministros, para conduzir dessa
forma.
Podemos nos preparar, será assim que ele pretende conduzir o
país, agora se vai conseguir ou não, veremos no futuro.
Mas o pior no meu ponto de vista, foi o debate na Comissão
de Assuntos Econômicos do Senado, com o ministro Paulo Guedes, quando, depois
de muita pressão disse “voltarei para onde sempre estive. Tenho uma vida fora
daqui”. Todos sabíamos do temperamento explosivo do ministro, e que esse
poderia ser um sério problema. Essa frase não é novidade, todos parlamentares
conhecem sua vida profissional, não precisaria ser repetida naquele momento.
Mas como bom operador que é, quis deixar os “vendidos” (parlamentares) sob
pressão.
Me fez lembrar uma situação no passado onde a empresa que eu
estava tinha uma posição contraria a do banco em que dirigia. Num determinado
dia, nosso operador nos fez chegar o recado de Guedes, “iria nos quebrar”. Acabou
não acontecendo, pois, essa posição, eles tiveram que zerar com prejuízo.
Mas operar mercado, não é como operar parlamentares, eles
não têm stoploss para zerar suas posições. Outro recado grosseiro que fica nas entre
linhas, é a de que ele não depende se seu cargo, muito menos do troco, no seu
padrão, que recebe como salário, ao contrário dos parlamentares, que não tem
opção de “uma vida fora daqui”.
Disruptivo é a palavra da moda no mundo dos negócios, indica
novos serviços oferecidos aos consumidores através da tecnologia, que ameaça
outros negócios estabelecidos. Essa é a forma figurativa que denomino a gestão
de Bolsonaro, disruptiva. Se terá sucesso ou não, só saberemos no futuro. Uma
grande diferença entre ambas as situações, é que o primeiro é composto de
profissionais altamente qualificados!
Então, vocês também estão sendo bombardeados pelas notícias
de queda dos juros ao redor do mundo? O mercado resolveu apostar de forma
irrestrita que uma recessão de aproxima. Este é pelo menos o argumento. No
gráfico a seguir, vejam como o mercado já prevê corte de juros no mercado
americano, para os próximos dois anos.
Uma outra ilustração interessante sobre esse assunto é a
comparação das curvas de juros hoje e antes da recessão de 2008. Notem que, o
nível nominal é muito diferente, naquele momento as taxas estavam um pouco
acima de 5% enquanto hoje rondam na casa dos 2,5%. Em consequência, as taxas
mais longas têm perfis diferentes. A diferença no primeiro ponto aponta para
uma menor efetividade do Fed, pois os juros hoje, sendo mais baixos, não
permitem usar com eficiência a política monetária da maneira clássica.
No post o-quarto-fator-de-produção, fiz os seguintes
comentários sobre o ouro: ...” Não vou ficar surpreso se o ouro se retrair até o nível
de U$ 1.250, pois a partir daí, espero um novo movimento de alta. Ficaria um
pouco surpreso – não esperado, se a queda se estender até o nível de U$ 1.130.
Nesse caso, dependo do shape da queda, poderia entrar com um trade de compra.
Abaixo desse nível, considero inesperado, mas mesmo assim, ficaria na
observação para verificar se não ultrapassa o nível de U$ 1.050. Agora, abaixo
de U$ 1.050, minhas previsões antigas de mais queda voltariam à tona” ...
Acabei não sugerindo um trade de venda a U$ 1.325, embora
tenha mencionado no post acima. Paciência! Agora vou aguardar um ponto de
compra conforme níveis apontados.
No gráfico a seguir, se encontra a região onde acredito
possa haver valor. Como destaquei no gráfico, entre U$ 1.255 – U$ 1.235 vamos
arriscar uma compra, a princípio.
- David, como a
princípio? Ou compra ou não compra!
A colocação da palavra neste contexto, é por conta da forma
como ouro poderá chegar nesse intervalo. Se for muito íngreme a queda, ficarei
desconfiado que o triângulo representado a seguir, ao invés de romper para
cima, como é esperado em 2/3 dos casos, rompa para baixo. Nesse caso, elenquei
no post acima o que poderia acontecer.
Sendo assim, vamos acompanhar o movimento do ouro, e
comprovar se realmente é isso que vai acontecer. Inicialmente, o nível de U$ 1.280
precisa ser rompido, e considere que, ultimamente, tanto a Rússia como a China são
compradores líquidos. Esse último tem muita bala na agulha.
O SP500 fechou a 2.815, com alta de 0,36%; o USDBRL a R$
3,9022, com queda de 2,27%; o EURUSD a € 1,1227, com queda de 0,20%; e o ouro
a U$ 1.290, com queda de 1,44%.
Fique ligado!
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