Isso é juros!


Num mundo sem juros, ou melhor, com juros negativos, vide abaixo o total acumulado de bonds que rendem negativamente, a Turquia resolveu botar lenha na fogueira.

Poucos dias depois do presidente turco Erdogan ter prometido medidas contra especuladores e lançado uma ação contra o JPMorgan, que orientou seus clientes a venderem a moeda na terça-feira, as autoridades turcas tomaram suas vendetas contra vendedores. Consultaram o manual de manipulação de moeda chinesa, e tornaram virtualmente impossível para os investidores estrangeiros apostar contra a lira.

A taxa de swap overnight subiu mais de dez vezes nas últimas duas sessões, para mais de 300% a.a., o maior nível já registrado desde a crise financeira de 2001, enquanto fundos estrangeiros clamam pelo fechamento de posições, não conseguiram encontrar contrapartes e o custo da lira curta explodiu.


A repentina evaporação da liquidez foi em parte resultado das restrições impostas pela Agência de Supervisão e Regulamentação Bancária, ou BDDK, atribuídas durante a rotatividade do mercado no verão passado, que limitou a quantidade de liras que os bancos turcos podem emprestar, para 25% do capital.

Mas, a situação se agravou e uma crise desceu sobre o setor financeiro na Turquia, nesta semana, depois que as autoridades iniciaram investigações sobre o JPMorgan e outros bancos por supostamente alimentar a queda da lira na sexta-feira. O presidente Recep Tayyip Erdogan advertiu no domingo que os banqueiros considerados responsáveis ​​por especular contra a moeda seriam punidos.

Os traders que participaram de swaps de curto prazo para obter o suculento rendimento de 24% da lira nos últimos meses foram pegos de surpresa pela depreciação violenta da moeda no final da semana passada e correram para a saída ao mesmo tempo. Como resultado, a liquidez da lira evaporou, elevando as taxas de juros.

Como resultado do aperto forçado, pouco depois das 2h da manhã, a lira repentinamente atingiu mais de 2% em questão de minutos, o mais recente movimento abrupto em uma onda de volatilidade que tomou conta da moeda da Turquia, que culminou capitulando os vendidos na moeda.



Os movimentos da lira na terça-feira ocorrem durante um período crítico politicamente, com eleições locais no domingo; A fim de evitar uma acentuada desvalorização da moeda antes das eleições, na segunda-feira o banco central da Turquia revelou uma série de operações que ajudaram a sustentar a lira, enquanto analistas observavam que os traders estavam vendo bancos domésticos vendendo grandes quantidades de moeda estrangeira, na aparente tentativa de sustentar a lira.

Mas o problema da Turquia se resolveu com esse susto que o banco central turco preparou para os especuladores? Uma conta simples do custo de se financiar por um dia a 300% a.a., se chega a uma taxa diária de 2, 3%, e se o governo bancar esse custo, provavelmente a lira turca subirá. Mas isso é viável? Não saberia responder qual é o apoio que Erdogan possui, porém é certo que, o país seria jogado numa baita recessão.

Me recordo que em 1991, a Suécia com graves problemas econômicos, sofria desvalorização de sua moeda diariamente. Num determinado momento, o governo anunciou medidas para conter essa situação, que de 99 em 100 vezes, implica levar o país a recessão. Além disso, elevou as taxas de juros ao mesmos 300%. Depois de alguns anos, as medidas surtiram efeito, e hoje esse país tem uma economia saudável.

Conclusão: Juros altos são condição necessária num ataque a moeda, porém não suficiente, é necessário apoio político e introdução de medidas de ajuste.

A bola da vez é a inversão da curva de juros. Como existem títulos de vários vencimentos, a diferença entre um curto e outro longo, implica numa extensa tabela. Porém algo que vem sendo pouco divulgado, é a comparação entre vencimentos curtos e o título de 30 anos. Nessa medida, a curva não só não está invertendo com está steep -  se elevando, conforme se nota no gráfico a seguir. O que isso pode significar? Além de diminuir parcialmente o argumento do anuncio de uma recessão, denota pouca confiança no dólar numa visão de longo prazo.

Agora se você quiser ficar no vencimento mais observado para esse fim, a diferença entre o título de 2 anos e o de 10 anos, o gráfico a seguir, que denominei de “recessometro”, permite um valor instantâneo, para essa probabilidade. Basta subtrair os juros desses dois vencimentos e pronto, no eixo y encontra-se essa probabilidade, que atualmente se encontrar próximo de 50%. 

 
Para que vocês tenham uma ideia da popularidade desse assunto, a figura a seguir mostra o número de consultas a esse tema, através do Google Trends. Será que indica um ápice que ocasionaria uma reversão desse indicador?


No post so-falta-avisar-quem, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” objetivo esperado para esse trade – 106.000 a 107.000. Vocês também devem ter notado que coloquei um stoploss bastante apertado. Quando eu faço isso, é porque a convicção não é muito grande e/ou o objetivo está próximo ao um final de movimento. No caso do Ibovespa, é por ambos os motivos” ... Depois da queda expressiva da última sexta-feira, publiquei nessa data, um alerta para esse ativo. Depois de ser stopado no dia anterior, reforcei que estaria neutro.

Mas não vou permanecer estático, pois uma oportunidade parece estar se formando. Que me desculpe a grande maioria dos gestores locais, porém minha sugestão será de venda. Tudo indica do ponto de vista técnico a queda atual do Ibovespa não atingiu a mínima. E é esse o assunto que irei explorar.

O primeiro intervalo compreendido entre 88.000 a 80.000, onde visiono poderia acontecer uma reversão. Esse processo deverá levar algumas semanas, compatível com um ceticismo maior do mercado em relação a reforma da Previdência. Mesmo o primeiro nível, comparado à eventual venda que pretendemos fazer, corresponde uma queda de 10%, e o segundo de 17%.

Caso a bolsa não reverta nesses níveis e continue caindo abaixo dos 80 mil, o novo objetivo passaria a ser de 74.000. Mesmo que isso aconteça, ainda seria aceitável essa retração.

Porém, se a queda continuar além desse nível, o próximo ponto seria a 68 mil, uma queda nada desprezível de 30%. E caso continue, vou ter que rever todo os meus parâmetros, pois indica que a bolsa passou para um movimento de queda no longo prazo.

- David, cuidado com suas previsões, pode ser apedrejado nas ruas!
Não estou pessimista com a bolsa nem tampouco com o Brasil, sobre esse último apenas um pouco decepcionado. Na verdade, o que eu estou propondo originalmente é uma correção, algo normal que acontece nos mercados. Mas, ao não ter posições agora, posso ter uma visão mais pragmática, e sobre esse prisma, o mercado está me dizendo que antes de começar uma nova roda de alta, é necessário dar uma “limpada”.

Gostaria de republicar o que comentei no post acima: ...” O que me intriga ultimamente é que, não encontrei ninguém que não acredita que a bolsa brasileira irá subir, além do mais, o objetivo deles são muito superiores ao do Mosca” ... ...” tecnicamente, o mercado parece demostrar uma certa fadiga, sobe com muito esforço, vejam no gráfico. Sendo assim, prefiro muita cautela nesse momento, não acho bater em morto essa compra! ” ...

Notem que, mesmo estando pouco animado com a bolsa, tinha uma posição comprada, afinal era isso que a análise técnica sugere, seja feito num rompimento. Mas por outro lado, estava consciente que não parecia um bom risco. Melhor observar agora que estar posicionado.

Ok, vamos lá. Sugiro uma venda do Ibovespa a 97.000, com um stoploss a 99.000. Coincidentemente, inversa ao trade anterior.

O SP500 fechou a 2.818, com alta de 0,72%; o USDBRL a R$ 3,8653, com alta de 031%; o EURUSD a 1,1270, com queda de 0,37%; e o ouro a U$ 1.316, com queda de 0,43%.

Fique ligado!

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