Um espirro ou uma bomba
Quando alguém está com medo, qualquer estrondo tem um efeito
multiplicador, a percepção é de uma bomba explodindo. Desde que o Fed
surpreendeu o mercado, anunciando que não promoveria mais nenhum aumento de
juros este ano, o mercado ficou desconfiado que a autoridade monetária está
sabendo, ou tem receio, de algo ruim que não quer revelar. Afinal, porque
resolveu mudar assim de repente. Em apenas três meses, saiu de um ambiente
considerado benigno, que justificava aumento de juros três vezes este ano e mais
um no próximo, para zero!
Com exceção da bolsa que subiu forte ontem, os juros caíram
em todos os lugares do mundo, prevaleceu o dilema apresentado no post o-quarto-fator-de-produção. Como dizia um colega americano “os melhores traders
estão nos bonds não na bolsa”, sendo assim, a interpretação do mercado é que
tem alguma coisa no ar, e não é boa. Na dúvida, fique alerta.
E o ruído apareceu hoje na Europa, com a publicação dos
PMIs. Há duas semanas, os investidores ficaram
intrigados com a postura frouxa do ECB (alguns dias antes de o Fed seguir o
exemplo). Eles obtiveram sua resposta hoje com a publicação dos últimos PMIs de
fabricação da Alemanha e da França, os quais se aprofundaram em território de
contração.
Confirmando que a Alemanha e a Europa estão em recessão
industrial, o PMI de Manufatura publicado pela Markit caiu de 47,6 para 44,7, o
menor desde 2012 e muito abaixo da expectativa dos economistas de uma
recuperação modesta para 48. Essa é a terceira leitura consecutiva abaixo de
50, que indica contração (e recessão). As novas encomendas e componentes de
emprego também diminuíram.
O índice composto da Alemanha, que inclui serviços, caiu
para 51,5, o menor em 69 meses. O índice de serviços chegou a 54,9 depois de
publicar 55,3 em fevereiro.
O Instituto Markit disse que, se a fraqueza persistir no
próximo trimestre, pode deixar a economia da zona do euro lutando para crescer
mais de 1% este ano. O BCE atualmente projeta um crescimento médio de 1,1% em
2019.
Em outros países, a França - onde os protestos dos coletes
amarelos continuaram a enfraquecer a economia - foi atingida com o PMI da
Manufatura também caindo em contração, de 51,5 para 49,8, enquanto o índice de
Serviços caiu 50,2 para 48,7.
Essa ducha de água fria impactou as bolsas europeias. O mais
notável foi a última queda nos títulos alemães, onde o rendimento do papel de
10 anos recuou abaixo de 0%, o menor valor desde 2016. Da mesma forma, os juros
da dívida espanhola, francesa e italiana também cairam.
Agora será que um resultado de um mês é suficiente para
jogar completamente a toalha? Não seria esperado um resultado ainda fraco da
Industria, principalmente a Alemã, por conta da queda das exportações de
carros, além da confusão dos coletes amarelos, prejudicando o turismo e vendas
na Capital francesa.
No campo da tecnologia, o gráfico a seguir mostra o
impressionante distanciamento entre o custo de produção comparado a queda de
preço dos robôs. Esse movimento acontece paralelamente as preocupações atuais
de atividade, pressionado ainda mais a classe trabalhadora. O quarto fator de
produção em plena expansão.
Antes de entrar na análise dos juros de 10 anos, vou fazer
um pequena explicação sobre o Ibovespa. No post so-falta-avisar-quem, fiz
os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” No gráfico
abaixo coloquei qual seria o objetivo esperado para esse trade – 106.000 a
107.000. Vocês também devem ter notado que coloquei um stoploss bastante
apertado. Quando eu faço isso, é porque a convicção não é muito grande e/ou o
objetivo está próximo ao um final de movimento. No caso do Ibovespa, é por
ambos os motivos” ... ... “Para dizer a verdade, esse movimento após o
rompimento não me convence muito, existe ainda um risco de ser um false break”
...
Ontem fomos stopados nessa posição, com um pequeno prejuízo.
Com o movimento de hoje, posso afirmar que minha desconfiança se concretizou,
foi um false break. De agora em
diante, estou neutro na bolsa brasileira e estudando um possível momento de
venda. Mas isso é matéria para a próxima semana.
No post o-dinheiro-em-mãos-erradas, fiz os seguintes
comentários sobre os juros de 10 anos: … ” embora as
chances de o movimento sugerido acima ter diminuído vou ainda tentar essa
estratégia mantendo os mesmos parâmetros definidos anteriormente. Caso o juro
negocie abaixo de 2,55% e principalmente abaixo de 2,5%, o trade está
cancelado, pois provavelmente o movimento de queda que eu estava esperando já
está em curso” ...
No gráfico a seguir, aponto a trajetória que considero mais
factível, observada deste momento. Uma queda dos juros até o nível de 2,3% para
em seguida voltar a subir até aproximadamente 2,8% - a ser melhor calculado.
Notem que, no nível de 2,3%, existente a confluência com a reta de longo prazo,
sendo uma candidata para conter a queda.
Cabe agora duas grandes dúvidas:
E se os juros não reverterem a 2,3% e continuarem a cair?
Nesse caso o próximo ponto seria ao redor de 2%. Abaixo disso, aumentam a
possibilidade de o juro voltar a testar a mínima histórica de 1,5% - Xiiii... não
quero nem pensar como estará o mundo!
No caso da minha hipótese, o que acontece depois de
atingir 2,8%? Não tenho condições de responder, nem de dar qualquer
indicação. Vai depender de uma série de informações que só estarão disponíveis
com o andamento das cotações. Nesse caso, o juro pode cair, e se não cair pode
subir! Hahaha ...
De beijinhos e false
break, os mercados parecem querer pregar peça nos investidores, indicando
uma direção aparentemente segura, para imediatamente reverterem. Como nós não
estamos aqui para “casar” com nenhum ativo, nem tampouco “acreditar” em
mentiras, continuamos pragmaticamente, sem emoção, fixando níveis de stoploss,
a fim de evitar “brigas matrimoniais”! Hahaha ...
O SP500 fechou a 2.800, com queda de 1,90%/ o USDBRL a R$
3.9036, com alta de 2,94%/ o EURUSD a € 1,1294, com queda de 0,69%/ e o ouro
a U$ 1.313, com alta de 0,32%.
Fique ligado!
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