Bolsa de valores sem ações



Hoje é feriado nos EUA, e nesses dias, a liquides fica comprometida com movimentos limitados.

O Mosca vem postando sobre o crescente fluxo para os fundos passivos denominados de ETF. No Brasil essa onda ainda não se tornou tão popular, porém, eu acredito que dentro de alguns anos, vai canalizar parte dos recursos que devem migrar para o mercado acionário. Minha convicção se deve as elevadas taxas cobradas pelos gestores de fundos de ações.

Nos mercados desenvolvidos e principalmente nos EUA, esses fundos não param de crescer, sendo hoje responsáveis por mais de 50% dos recursos destinados a essa classe de ativos. Em 2009, os fundos ativos gerenciados ativamente eram três vezes os ativos baseados em índices fundos ou fundos ETFs.


O Mosca sempre foi um incentivador dessa forma de investir. Porque pagar mais caro à um gestor se o que define o resultado de um portfólio são as classes de ativos e não a escolha do melhor fundo. Para o leitor que não é muito familiarizado com o assunto, o que quero dizer é que, vários estudos acadêmicos demostraram que o determinante de seu retorno é se você está investido na bolsa quando ela sobe, e não se escolheu o melhor fundos de ações.

Agora o que aconteceria se 100% dos fundos fosse investido em fundos passivos? As informações das empresas sobre seus resultados, não teriam valor, o que não deixaria de ser uma grande distorção. Além do mais, como ocorreria o re-balanceamento periódico da composição da carteira desses índices. 

Outra possível distorção vem acontecendo num mercado” vizinho”, o chamado Private Equity, onde os investidores entregam seus recursos para gestores, adquirirem participações em companhias. Sabemos que se 100% do patrimônio for privado, os mercados públicos deixariam de existir.

O portfólio dos investidores institucionais americanos possui uma alocação de 25% em investimentos alternativos. Dessa alocação, os investimentos em private equity subiram para 25% dos ativos, ante 18% em 2018. Os fundos de private equity têm US $ 1,5 trilhão em caixa que não recebem remuneração, a menos que seus gestores comprem ações, que continuam a se valorizar.

A capitalização no mercado de ações dos EUA é de US $ 35 trilhões, um recorde de 1,5 vez o PIB anual de US $ 22 trilhões. O que não podemos saber ao certo é: se chega um ponto bem antes de 100% de todo investimento ser feito passivamente;, ou antes de todo o patrimônio público se tornar privado, em que o preço de mercado das ações se torna sem sentido.

Num mundo em que todo investimento é passivo, quanto uma entrada incremental de US $ 1 bilhão elevaria os preços do mercado? E o que dizer de uma saída de US $ 1bilhão? Os movimentos de preços se tornariam absolutamente extraordinários nesse mundo. E em um mundo em que todas as ações públicas são privadas, os gestores de Private Equity certamente marcariam suas participações cada vez mais altas, para múltiplos cada vez mais extremos.

Acredito que ainda estamos distantes desse ponto, mas a dúvida merece uma reflexão profunda e talvez justifique diversas distorções que ocorrem atualmente no mercado. Por exemplo, o gráfico a seguir, mostra que as 5 maiores ações do índice SP500 representam 17% de todas as outras, um recorde histórico, porém suas receitas em relação ao todo, vem caindo.


Para complicar o assunto, o volume de recompras feitas pelas empresas americanas durante os últimos 5 anos estão num ritmo crescente, ocasionado uma diminuição no volume de ações disponíveis ao público.


 Hoje em dia não é importante dar lucro quando grande parte das empresas de tecnologia apresentam prejuízo, essa é outra distorção observada. Em função disso, empresas que distribuem elevados dividendos tem suas ações mais desvalorizadas que as empresas que pagam menores dividendos.



Um post que escrevi cobre esse assunto com grande número de acessos versa sobre essa questão o-prejuízo-que-da-lucro. Nessa postagem, de forma irônica, abordo esse tema.


Para quem não tem investimentos nos mercados internacionais esses dados e reflexões não tem muita importância, pois como comentei acima, não se aplicam a bolsa brasileira. Na verdade, essa conclusão acima é válida, desde que, não haja uma queda expressiva das bolsas internacionais ocasionadas por uma eventual saída de recursos.

Não sei dizer qual é o impacto dessa migração de fundos daqui a 5 anos. Mas posso dizer que a retirada de liquidez de forma passiva das bolsas é possível de acarretar elevadas distorções nos preços das ações.


 No post recuperação-sem-brilho, fiz os seguintes comentários sobre dólar: ...” acredito que o mais provável movimento seja o triangulo apontado acima. Minha sugestão e vender o dólar a R$ 4,17 alocando um stoploss a R$ 4,23, cujo objetivo seria alcançado num recuo do dólar recue a R$ 3,90 - R$3,85” ...


Na semana passada o dólar atingiu nosso limite do trade, atingindo a máxima de R$ 4,20. Quero reforçar que esse é um trade de curto prazo contra a tendência de médio prazo de alta do dólar.

O gráfico a seguir mostra o que eu espero para o curto prazo, um movimento em correção onde levaria o dólar ao redor de R$ 3,95, isso se o triangulo for o movimento que está sendo traçado. Existem outras hipóteses que não correspondem ao mais provável neste momento.


Não vou ficar surpreso se formos estopados nesse trade e o dólar ultrapassar a máxima atingida recentemente de R$ 4,2770. Não parece o mais provável, porém o movimento de médio prazo que prevalece é de alta do dólar.

Minha experiencia em mercados me ensinou que, operar contra a tendência de longo prazo pode ser frustrante. Traça-se um plano de acordo com o que é esperado, implementando uma operação com uma visão de curto prazo, e de repente o mercado reage diferente, acionando seu stoploss. Também aprendi que, o pior que pode acontecer é ficar torcendo, só para satisfazer seu ego. Em 100% dos casos, você vai perder dinheiro e perder o movimento que estava visionando para o médio prazo.

Esse é o nosso caso nesse trade, vamos ficar alertas e seguir com o plano, até que o mercado nos diga que o plano dele é diferente.

A bolsa americana não operou; o USDBRL fechou a R$ 4.1878, com alta de 0,63%; o EURUSD a 1,1093, sem alteração; e o ouro a U$ 1.563, com alta de 0,50%.

Fique ligado!

Comentários