Seus dez mais dez
Ao ouvir essa frase sabemos que se trata de um repique no
jogo de poker. Essa situação acontece quando um dos jogadores tem um jogo muito
alto, considerando seus oponentes, e um deles faz uma aposta dando oportunidade
para se dobre sua aposta.
Será que o retorno dos investimentos continuara a ser tão
elevado quanto nos últimos anos? Um artigo publicado Michael Batnick, levanta
esse assunto para o mercado americano.
A perspectiva de menores retornos futuros para investidores
nos EUA é dita há anos. A tese por trás disso é bastante direta; altos retornos
recentes, juntamente com altas avaliações no mercado de ações e baixas taxas de
juros no mercado de títulos, não conduzem a retornos acima da média.
Considere o seguinte:
Uma carteira apenas nos EUA 60/40 – 60% em ações e 40% em
bonds, acumulou 10,5% nos últimos 10 anos.
O CAPE (*) ratio é de 30,9
O título de dez anos está atualmente rendendo 1,8%
(*) O CAPE
ratio é uma medida de avaliação que usa o lucro real por ação (EPS) ao longo de
um período de 10 anos para atenuar as flutuações nos lucros corporativos que
ocorrem em diferentes períodos de um ciclo de negócios. Seu cálculo é feito
pela divisão do preço da ação pela média dos lucros deflacionados nos últimos 10
anos.
Quanto mais se paga por um ativo em relação aos seus
fundamentos, menos espera receber no futuro. Essa relação pode ser vista no
gráfico abaixo, que plota a taxa CAPE invertida no eixo esquerdo e os retornos
avançados de 10 anos da bolsa no eixo direito.
Mas as avaliações não importam no curto prazo, às vezes
importam no médio prazo e geralmente importam no longo prazo. É um longo
caminho para dizer que as avaliações são uma ferramenta de tempo terrível, como
aprendemos nos últimos anos. Podemos ver a relação entre avaliações mais altas
e retornos mais baixos no gráfico abaixo. Novamente, eles importam, mas não há
garantias.
Suspeitamos que os retornos acima da média que estamos
acostumados não continuarão para sempre. A pergunta óbvia é: o que fazemos com
essa informação?
No mercado americano, a parte correspondente a renda fixa
vai render pouco. Para que rendam expressivamente é necessário que os juros longos
caiam mais, como aconteceu na Europa ficando até negativos. Isso não parece ser
o caso dos EUA.
Em relação as ações, como grande parte do índice é composto
por empresas de tecnologia, e como essas empresas tem na sua maioria P/L
elevados – sem contar as que tem prejuízo, para que haja mais ganhos num portfólio,
ou os lucros crescem mais rapidamente, ou os P/L sobem mais, o que por si só é
uma aposta mais arriscada.
Minha hipótese é que uma carteira com a composição clássica de
60/40, daqui a 10 anos, não terá retornos de 2 dígitos, como ocorreu nos últimos
10 anos. Na comparação do jogo de poker, melhor não pagar a aposta.
No post quando-o-minimo-e-bom, fiz os seguintes comentários
sobre os juros de 10 anos: ... “Se a reta em cinza não
romper para baixo, os juros deveriam atingir um patamar contido num
intervalo entre 2,0% - 2,2%. A partir daí um movimento de queda deveria tomar pulso”
...
Acontece que hoje os juros romperam essa reta, não porque ocorreu
a publicação de dados econômicos ruins, mas porque a propagação de um vírus
respiratório mortal sacudiu os mercados globais, imprimindo queda as bolsas dos
EUA e alimentando a demanda por títulos do governo e ouro. As pessoas estão
preocupadas que esse problema seja pior do que a China está nos dizendo. Como o
mercado estará fechado nos próximos dois dias, os investidores tiram algumas
fichas da mesa antes do fim de semana, porque não poderão reagir a nenhuma
novidade imediatamente.
Observando o gráfico abaixo, ainda não se pode estabelecer um
trade para queda dos juros, pois o triangulo, redesenhado, ainda é possível de
prevalecer. Porém conforme os juros recuam, esta hipótese se torna menos provável.
Como destaquei no gráfico acima, uma queda seria suportável na
hipótese de alta de curto prazo, se for contida no intervalo entre 1,65% -
1,50%, abaixo disso a aposta tem que se voltar para queda, o que acabaria acontecendo
prematuramente em relação ao meu cenário base.
No momento nada a fazer, mas a queda desses últimos dias
merece um acompanhamento mais de perto.
O SP500 fechou a 3.295, com queda de 0,90%; o USDBRL a R$
4,1829, com queda de 0,30%; o EURUSD a € 1,1026, com queda de 0,23%; e o ouro
a U$ 1.570, com alta de 0,50%.
Fique ligado!
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