O sinal do Dr. Cooper



Existe uma crença no mercado que, para saber como anda a economia global, veja o que acontece com o preço do cobre, essa commoditie seria o “médico a ser consultado”. O maior fabricante dessa commoditie é a empresa Freeport-McMoRan que pegou uma carona no assunto coronavírus. Suas ações estão à beira de um mercado de baixa (queda de 20%), já que a mesma, alertou sobre a queda dos preços do cobre devido a preocupações com o coronavírus, que afetou gravemente a economia da China.

O presidente-executivo da empresa, Richard Adkerson, disse em uma entrevista na terça-feira que o surto de coronavírus na China é um "verdadeiro evento do cisne negro" para a economia global.

A China é a maior compradora de metais industriais do mundo e, com grandes setores do setor industrial fechados por causa do vírus e do feriado, a demanda entrou em colapso, reduzindo os preços nas últimas dez sessões, a maior série de perdas desde 1986.



No histórico de preços dos últimos 12 meses se nota claramente dois momentos, primeiro de março a setembro de 2019, onde o risco de recessão culminou com uma queda de 15%. A partir daí, com o receio da recessão colocado de lado, uma recuperação ocorreu até praticamente os níveis predominantes no ano anterior. Num espaço curto de tempo, em janeiro de 2020, o metal fez meia volta, caindo próximo das mínimas dos últimos 12 meses.

Comparado com o SARS em 2003, o cobre sofreu uma queda de 10% que recuperou alguns meses depois. O gráfico a seguir mostra um bom paralelo entre os dois surtos, onde o coronavírus apresenta um maior número de casos de infecção, porem com o mesmo número de mortes.


Mas tem uma diferença importante entre esses dois surtos, em relação ao seu impacto no crescimento mundial. Em 2003, a China representava 4% da economia mundial, enquanto agora esse número é de 16%, quatro vezes superior, sugerindo um impacto mais elevado desta vez.


Voltando ao cobre, a declaração de Adkerson que o coronavírus é um evento “black swan” para a economia mundial é porque a China tem o segundo maior PIB do universo. Sendo assim, se suas indústrias e consumidores ficarem “desligados”, poderá criar um choque massivo que empurrará a economia para uma recessão. O gráfico a seguir fornece uma dimensão da correlação entre esse metal e o índice de surpresa da China.


Não sei qual será o impacto deste surto, mas me incomoda um pouco a forma como o mercado quer fazer um “past copy” do seu primo o SARS, sem que até agora se saiba qual foi a causa, nem falar do seu tratamento. Como bem lembrou o CEO da Grou Capital, Tiago Cunha, empresa especializada na gestão de fundos de ações, um colaborador na época do SARS. “ Pouca gente deu atenção na época, mas você foi o primeiro a falar: isso vai dar merda...Tiagão, acompanha isso por favor”.

Tiagão, essa pode dar merda também, foi o que respondei!

Os comentários dessa semana foram voltados a esse novo surto que ganha dimensão em termos globais. Não para menos, causou impacto nas bolsas, e como temos posições nesses mercados, alguns pontos técnicos merecem acompanhamento. Ontem postei um novo vídeo sobre o SP500, cujo link se encontra a seguir.




No post insiders-na-contra-mão, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” o cenário “Bola para frente”, tem objetivos que podem deixar os investidores mais felizes, lógico, os que estão comprados. De imediato, um nível de curto prazo aponta para 3.370 – 3.390, aonde uma pequena correção poderia acontecer. No médio prazo esperem patamares bem superiores” ... ... “Tudo indica que o cenário que prevalecerá é o “Bola para frente”, mas é fundamental que o nível atual seja ultrapassado” ...

Na semana passada, o SP500 atingiu a máxima de 3.337, um pouco abaixo do objetivo mencionado acima, quando o receio do coronavírus se tornou uma ameaça. Em seguida, uma correção tomou pulso. Sempre que num movimento direcional sofre uma correção, e principalmente em níveis críticos, é fundamental que o acompanhamento passe a ser mais “cirúrgico” sem que se perca a visão de médio prazo. Desta forma, o gráfico com janela de 1 hora se encontra a seguir.

Que houve uma correção não tenho dúvidas. A queda desde a eclosão do coronavírus corrobora essa afirmação. O que não sabemos ainda é de qual a sua extensão, se uma correção pequena, média ou grande, como costumo qualificar esses momentos.

Para nos guiar no curto prazo, o gráfico a seguir fornece os níveis a serem observados.

O mercado vai nos fornecer insight sobre qual delas está ocorrendo. De imediato, talvez até o final da semana, saberemos se é pequena ou não: se for pequena o SP500 deveria recuperar o nível de 3.305; por outro lado, se a bolsa cair abaixo de 3.235, é eliminado a opção pequena, ficando em aberto se é media ou grande. No segundo caso, nosso stoploss será acionado.

Para complicar (ou facilitar!), daqui algumas horas, o Fed anunciará sua decisão de política monetária, onde a manutenção é o esperado. O resultado foi de acordo com o esperado, com efeito zero no mercado.

Nos resta a famosa frase usada pelo Mosca, Let’s the market speak!

O SP500 fechou a 3.273, sem variação; o USDBRL a R$ 4,2290, com alta de 0,835; o EURUSD a 1,1009, com queda de 0,12%; e o ouro a U$ 1.576, sem variação.

Fique ligado!

Comentários