Contágio não contabilizado



O assunto do momento é o coronavírus, com toda razão de ser, pois seu desenrolar pode ter serias consequências a população e aos mercados. Embora o contagio se dá com maior intensidade na China por razões óbvias, outras regiões estão sentindo a contaminação de outra forma, através dos mercados.

 As consequências do mortal coronavírus estão atingindo os emergentes, um sinal de ceticismo de que a economia mundial possa facilmente se recuperar do seu pior ano em uma década.

Após semanas de esperança de que um agente comercial impulsionasse a economia global, os investidores recuaram das apostas em commodities e mercados emergentes dependentes do consumo chinês. Nos oito dias de negociação até quarta-feira, o cobre industrial caiu mais de 10% e o petróleo Brent, o indicador global dos preços do petróleo, caiu quase 7,5%.


Os preços mais baixos dos materiais ameaçam o crescimento de países produtores como Chile e Brasil, e as moedas desses e de outros mercados emergentes se saíram mal até o início de 2020. Se necessário, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados, incluindo a Rússia, estão considerando aprofundar os cortes na produção para aumentar os preços do petróleo.

As ações dos mercados emergentes também sofreram com as novas preocupações de crescimento, superando um avanço que começou em meados de outubro. Para piorar a situação: o dólar se recuperou recentemente, com traders favorecendo ativos mais intimamente ligados à economia dos EUA.

Um dólar mais forte torna os investimentos denominados na moeda dos EUA mais caros para os compradores estrangeiros. Também torna mais caro para os países em desenvolvimento o serviço da dívida em dólar.

Apesar das preocupações de que a volatilidade que atinge os mercados emergentes se espalhe, as ações dos EUA permanecem próximas de máximos históricos. A recente lacuna no desempenho é o exemplo mais recente de baixas taxas de juros e gastos robustos dos consumidores, levando os principais índices dos EUA à frente do resto do mundo.

O yuan, moeda chinesa, sofreu importante reversão com a crise, situando-se próximo do nível crítico de 7, quando o problema era outro, a guerra comercial entre esse país e os EUA.


Também destaca se o risco de os investidores se amontoarem em países que têm perspectivas atraentes de crescimento a longo prazo, apenas para que mudem rapidamente de direção quando o sentimento mudar.

O mercado não acredita mais em uma história de crescimento global - acredita no apoio do banco central. Após uma recuperação de 1% na terça-feira e um declínio modesto na quarta-feira, o S&P 500 subiu 24% no ano passado e avançou cada vez mais durante a maior parte desse período. Por outro lado, um índice que rastreia ações de mercados emergentes subiu apenas cerca de 6,5% durante esse período.

Essas são as razões que estão levando o dólar a novas máximas contra o real e acionou nosso stoploss a R$ 4,23, como eu havia suspeitado nos comentários dessa semana sobre nossa moeda o-imprevisivel.

Não quero ser mal interpretado pelos leitores, a explicação acima não é uma desculpa para justificar o prejuízo, pois em análise técnica isso não existe. Minha intenção é simplesmente elencar a interpretação dada pelo mercado.

A reação dos mercados emergentes são consequência dos receios quanto ao crescimento que se desenhava nos últimos meses nessa região. Sem uma definição de como poderá ser contido, o contágio se deu nos ativos financeiros dos mercados emergentes e não estão divulgados nas estatísticas do surto.

No post a-recente-alta-da-inflação-preocupa, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ... “Como comentado em diversos posts, a bolsa está próxima do objetivo proposto de 120 mil, aonde deve apresentar resistência para ultrapassar. Caso ultrapasse esse limite, o novo objetivo passa a ser de 135 mil a 140 mil” ... ... “Anotei no gráfico acima a congruência de 3 fatores de resistência, normalmente nessas situações o mercado no mínimo para nessa região” ... ... “Muita atenção nos próximos dias para observar o que vai acontecer” ...


Dito e feito, como no caso do SP500 a bolsa brasileira se encontra numa correção denominada de área de contenção – em amarelo. Uma análise mais detalhada sugere que o Ibovespa entrou num ciclo de correção. Nesses casos, o importante é distinguir se é uma correção pequena ou média. Vou tratar hoje das duas hipóteses.

1)      Correção pequena – É possível, mas não muito provável que a bolsa brasileira esteja no final desse movimento que deveria ser contido em 112.500, conforme gráfico a seguir.


Se o Ibovespa ficar contido no intervalo entre 112.500 – 117.100, é bem possível que se trata de uma correção pequena. Se ultrapassar o limite superior aumentam as chances de novas máximas mais adiante, em contrapartida, se o limite de 112.500 for rompido é provável que se trate de uma correção média descrita a seguir.

2)      Correção média – Na linguagem de Elliot Wave, a onda 3 (verde) de uma sub onda 5 (cinza) teria sido completada. Sendo assim, estaria entrando numa onda 4 (verde).


Observado de hoje não é possível identificar qual seria o formato dessa correção e nem tampouco quanto tempo demoraria. Em relação a este último quesito, posso estimar que estaríamos falando em alguns meses.

Como podem notar, o intervalo que deveria conter a queda estaria entre 100 mil a 108 mil, a ser melhor calculado no futuro.

Fiz uma publicação de Youtube sobre esse tema cujo link se encontra a seguir.


- David, puxa teve uma boa mudança de cenário. E se a correção for grande.
Na verdade, não mudou tanto, pois ainda é possível que a correção seja pequena como expliquei acima. Se este não for o caso, seremos stopados e provavelmente vou sugerir um trade de venda do Ibovespa mais à frente. Por último, se for grande prefiro esperar mais indícios, pois deixaria os leitores preocupados sem que esse seja o caso principal.

O SP500 fechou a 3.283, com alta de 0,31%; o USDBRL a R$ 4,2430, com alta de 0,30%; o EURUSD a 1,1030, com alta de 0,20%; e o ouro a U$ 1.572, com queda de 0,27%.

Fique ligado!

Comentários