Qualquer motivo é um motivo
As bolsas ao redor do mundo estão em trajetória ascendente
nos últimos meses. Pouco a pouco, o risco de uma recessão foi perdendo força,
além dos riscos de uma eventual ruptura do Brexit na Inglaterra e um não acordo
parcial entre EUA e China foram colocados de lado.
Como se houvesse uma transformação total, os argumentos
negativos são substituídos pelos positivos, e a sensação que começa a
prevalecer é que nada pode fazer o mercado recuar. O céu passa a ser o limite.
Um novo vírus apareceu na China, o Wuhan, que levou a morte 6
pessoas e 15 médicos foram infectados. Semelhante ao SARS, as autoridades
chinesas confirmaram que o Corona vírus pode ser transmitido por contato
humano, e a doença mortal está se espalhando para outras nações asiáticas.
Na Tailândia, Japão, Coreia do Sul, alguns casos foram
observados fazendo com que as autoridades temessem as repercussões do SARS em
2018. A consulta sobre esse assunto cresceu muito recentemente.
As bolsas ao redor do mundo se retraíram, e as taxas de
juros dos bonds recuaram – se é que existe alguma margem para tanto! Mas será
que essa reação dos mercados é compatível com o que ocorreu?
Os leitores do Mosca conhecem uma frase que uso para
denotar situações onde parece que nada pode acontecer, a de que “preço não leva
desaforo”. Nesses momentos, qualquer ocorrido pode momentaneamente fazer o
mercado mudar de direção.
O grande problema que o mundo vive atualmente é a de um
crescimento muito baixo. Fico surpreso com a palavra colocada em artigos sobre
esse assunto: recuperação. Ë possível considerar que vivemos uma
recuperação sobre uma recessão que ocorreu em 2008? Ou será que o crescimento baixo é o novo
normal?
Acredito que vários fatores estruturais são responsáveis por
esse cenário, tais como: envelhecimento da população, endividamento dos países
desenvolvidos, ruptura tecnológica que ameaçam diversos setores.
O FMI publicou ontem suas novas projeções para o crescimento
mundial. A atualização do World Economic Outlook, projeta um crescimento global
modestamente superior de 2,9% em 2019 para 3,3% em 2020 e 3,4% em 2021.
Nas economias avançadas, o crescimento deve desacelerar
levemente de 1,7% em 2019 para 1,6% em 2020 e 2021. Economias dependentes de
exportação como a Alemanha devem se beneficiar de melhorias na demanda externa,
enquanto o crescimento nos EUA deve desacelerar à medida que o estímulo fiscal
desaparecer.
Para mercados emergentes e economias em desenvolvimento,
prevê-se um aumento de 3,7% em 2019 para 4,4% em 2020 e 4,6% em 2021, uma
revisão em baixa de 0,2% em todos os anos. O maior colaborador da revisão é a
Índia, onde o crescimento desacelerou acentuadamente devido ao estresse no
setor financeiro não bancário e ao fraco crescimento da renda rural. O
crescimento da China foi revisado para cima em 0,2% a 6% em 2020, refletindo o
acordo comercial com os Estados Unidos.
No geral, os riscos para a economia global permanecem para
baixo. Novas tensões comerciais podem surgir entre os Estados Unidos e a União Europeia,
e as tensões comerciais EUA-China podem retornar. Tais eventos, juntamente com
o aumento dos riscos geopolíticos e a intensificação da agitação social, podem
reverter as condições fáceis de financiamento, expor vulnerabilidades
financeiras e interromper gravemente o crescimento.
A política monetária deve permanecer acomodatícia onde a
inflação ainda é baixa. Com a expectativa de que as taxas de juros permaneçam
baixas por muito tempo, as ferramentas macro prudenciais devem ser usadas de
forma proativa para evitar o acúmulo de riscos financeiros.
Dadas as taxas de juros historicamente baixas, juntamente
com o fraco crescimento da produtividade, os países com espaço fiscal devem
investir em capital humano e infraestrutura favorável ao clima para aumentar a
produção potencial. Economias com níveis insustentáveis de dívida precisarão
se consolidar, inclusive por meio de uma mobilização efetiva de receita.
Para concluir, embora haja sinais de estabilização, a
perspectiva global permanece lenta e não há sinais claros de um ponto de
virada. Simplesmente não há espaço para complacência, e o mundo precisa de
cooperação multilateral mais forte e políticas em nível nacional para apoiar
uma recuperação sustentada que beneficie a todos.
Mesmo sem comentar situações exógenas com a nova ameaça do
vírus Wuhan, que leva o nome da cidade na China onde surgiu, o FMI alerta para
a fragilidade que vivemos atualmente. E como de forma paradoxal as bolsas sobem
como se o PIB mundial crescesse a 4% a.a. do passado, qualquer motivo é um motivo
para a bolsa cair, ou será que a morte de 6 chineses vai afetar dramaticamente
o consumo?
No post saindo-do-túnel, fiz os seguintes comentários
sobre o euro: ... “Resolvi colocar uma sugestão de
venda ao nível atual de € 1,11 com stoploss a € 1,12, com a metade do risco
habitual, pela pequena convicção” ... Esse trade acabou sendo
estopado.
O leitor poderia imaginar que a moeda única finalmente tomou
um rumo, depois de 50 dias da última publicação, já deveria estar na hora de se
decidir. Falso engano, o euro continua praticamente no mesmo nível, depois da
tentativa de alta.
Eu imagino a frustração do chefe da mesa de câmbio dos
grandes bancos, ao receber seu bônus de final de ano. Fico com vontade de não
acompanhar mais, afinal por que perder tempo. Mas minha experiência mostrou que,
esses momentos podem vislumbrar boas oportunidades, pois não sou só eu, que
raciocínio desta forma. Em algum momento acontecerá esse movimento.
No gráfico a seguir aponto qual o principal motivo para não
desistir. São as 5 ondas completadas conforme destacado em azul.
Uma hora o euro deve subir. O que eu não sei é se vai
acontecer a partir de agora, e se a alta será de uma vez ou por etapas. Como
vocês sabem, existe sempre um plano B, mas vamos deixar ele de lado por
enquanto.
- David, como você pode saber?
Boa pergunta companheiro, observando os movimentos em
períodos mais curtos, com gráficos diários ou em escala ainda menor.
Por enquanto, nada feito, nenhuma pista neste sentido. Em
todo caso, não vou desistir, podem aguardar que em algum momento vou sugerir um
trade. O mais provável é que seja de alta do euro, contra tudo e contra toda a
expectativa dos investidores. Embora o posicionamento no dólar se modificou
bastante ultimamente, como se pode observar no gráfico a seguir, a moeda única continua
paralisada nesse intervalo diminuto.
O SP500 fechou a 3.320, com queda de 0,27%; o USDBRL a R$
4,2123, com alta de 0,54%; o EURUSD a € 1,1081, sem variação e o ouro a U$
1.558, com alta de 0,32%.
Fique ligado!
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