Diferença entre investir e especular
Acredito que boa parte das pessoas, bem como algumas
definições de dicionários, entendem o conceito de investir e especular que dão
margens a interpretações dúbias. Então vejamos:
Algumas fontes tratam todos os investimentos como
especulação. Por exemplo, o Cambridge Dictionary define especulação como
"comprando algo na esperança de que seu valor aumente e depois vendendo a
esse preço mais alto para obter lucro". Por essa medida, a compra de
títulos do Tesouro é especulativa. Essa fonte usa o termo de maneira tão ampla
que diminui seu significado.
A maioria, no entanto, sustenta que a especulação ocorre ao assumir alto risco. Um significado que a Merriam-Webster especula é assumir "um risco comercial incomum na esperança de obter ganhos proporcionais". O Collins Dictionary considera isso como "fazer investimentos muito arriscados na esperança de grandes ganhos". Para a Investopedia, a especulação envolve "conduzir uma transação financeira que tem um risco substancial de perder valor, mas também mantém a expectativa de um ganho significativo".
Melhor, mas incompleto. O que está faltando é a natureza do retorno.
Uma aposta com 80% de chance de perder $ 100 e 20% de chance de ganhar $ 1000 é
muito diferente de uma aposta com 80% de chance de perder $ 100 e ganhar $ 400,
porque a primeira tem um retorno esperado positivo (+ $ 100), enquanto a
segunda não (- $ 20). No entanto, as duas apostas são especulações, de acordo
com Merriam-Webster, Collins e Investopedia, porque cada uma envolve alto
risco, com a possibilidade de um grande ganho. Essas duas apostas não pertencem
à mesma categoria. Embora ambas tenham a mesma probabilidade, seu risco x
retorno são bem diferentes.
Na prática, é claro, os retornos esperados não podem ser calculados com tanta precisão, mesmo para títulos do governo. Portanto, eles devem ser estimados. O que levaria à definição de investimento: um valor que pode ser razoavelmente determinado como tendo um retorno esperado positivo. Por outro lado, a especulação ocorre quando o retorno é incerto demais para ser estimado, ou se a estimativa pode ser feita, mas é negativa.
Confesso que esta definição é muito simplificada. Por um lado, ignora os efeitos da riqueza. Apesar de seu retorno positivo esperado, a primeira aposta deve ser rebaixada para especulação para a pessoa que só tem US $ 100 a perder. Também negligência os benefícios da diversificação, pois a repetição torna a primeira aposta cada vez mais segura (e a segunda aposta cada vez mais perigosa).
O investimento mais seguro é o que paga em dinheiro. As
distribuições podem ser explícitas, como cupons de títulos, dividendos de ações
ou recibos de aluguel; ou podem estar implícitos, como nos descontos
incorporados nos preços das letras do Tesouro. De qualquer forma, eles geram
pagamentos em dinheiro que podem ser estimados e somados de maneira confiável,
enquanto consideram a probabilidade de inadimplência.
Em seguida, itens que podem pagar em dinheiro, mas não pagam. Exemplos incluem ações de empresas lucrativas que não declaram dividendos e propriedades usadas por seus proprietários, em vez de arrendadas a terceiros. Avaliar esses títulos é um pouco diferente de avaliar aqueles que já geram caixa.
Em seguida, itens que podem pagar em dinheiro, mas não pagam. Exemplos incluem ações de empresas lucrativas que não declaram dividendos e propriedades usadas por seus proprietários, em vez de arrendadas a terceiros. Avaliar esses títulos é um pouco diferente de avaliar aqueles que já geram caixa.
Um passo adiante na escada do investimento estão os ativos
que não podem render dinheiro em sua forma atual - por exemplo, terras não
desenvolvidas. Claramente, essas propriedades podem ser especulativas. Comprar
um terreno em área virgem com a vaga crença de que algum dia, de alguma forma,
o setor imobiliário o tornará valioso. No entanto, eles também podem ser
investimentos.
O que leva, finalmente, às criptomoedas. Elas pertencem a
mesma categoria que as barras de ouro, diamantes, garrafas de vinho e pinturas
a óleo como itens que nunca geram dinheiro. Eles não pagarão cupons, declararão
dividendos ou receberão aluguéis. Eles não possuem recursos ocultos. Seu valor
reside unicamente na maneira como são percebidos. Eles valem o que os outros
pagarão por eles, nem mais nem menos.
Talvez o leitor tenha ficado confuso com os exemplos citados pois existe uma área cinzenta entre os vários ativos. Para simplificar eu poderia resumir da seguinte forma: Investimentos são valores dispendidos com a expectativa de um retorno estabelecido ou estimado em função de sua utilidade econômica, um bem (por traz do investimento) que produz mais valia; especulação seriam os valores dispendidos através de ativos cujo potencial lucro depende do fluxo futuro, sem que haja nenhuma criação de valor.
Parece que hoje os mercados de ações resolveram levar mais a
sério, alguns analistas sobre as consequências do coronavírus. Pela terceira
vez consecutiva nesta semana, a China alterou o critério de contabilizar os
novos casos. Porém, o que mais influenciou hoje, foram os casos novos que
ocorreram na Coreia do Sul, A possibilidade do vírus se espalhar pelo mundo é
um grande temor.
O resultado foi mais observado no mercado de juros, conforme
é visto em nossa análise técnica. No post operando-no-escuro, fiz os
seguintes comentários sobre os juros de 10 anos: ...
“o nível de 1,44% passa a ser de grande importância, isso claro, se negociar
abaixo de 1,5%, como apontado a seguir” ... ... “Não sei se o juro já está no
caminho de novas mínimas, se vai reagir e subir ao atingir 1,44%, ou uma
correção mais chata está se desenvolvendo” ...
Os juros foram bastante influenciados pelo desenrolar das
notícias do coronavírus desta semana, rompendo o nível de 1,5%, mas não por
muito. Conforme frisado no gráfico a seguir, alguns níveis de suma importância
aparecem no radar.
Antes de prosseguir quero enfatizar dois pontos: qualquer
dos níveis abaixo, se encaixam como argumento para término da sequência de
quedas iniciada em outubro de 2018; quando houver a reversão, se pode esperar
alguns meses onde os juros deverão recuperar parte das quedas, desde os
longínquos 3,25%.
Bem antes de ficar imaginando quanto que o juro poderá
subir, vou me concentrar em quanto o juro ainda pode cair:
1)
No nível aproximado de 1,4%, existe dos fatores
fortes para que seja contido: é o mínimo atingido no “caixote” em diversos
anos, além de atender um parâmetro técnico segundo Elliot Wave.
2)
Se 1,4% for ultrapassado o próximo nível é de
1,25%.
3)
E por último, o intervalo entre 0,95% e 0.85%.
Se alguém me perguntar qual a chance de que existam quedas
abaixo dessa última vou classificar com muito pouco provável, pelo menos com as
evidências existentes hoje.
Hoje é véspera de Carnaval, e o Mosca deverá retornar
suas publicações na próxima quinta-feira. Porém, com a situação muito delicada
no exterior, posso postar de forma extraordinária.
Bom Carnaval!
O SP500 fechou a 3.337, com queda de 1,05%; o USDBRL a R$
4,3895, sem variação; o EURUSD a € 1,0843, com alta de 0,56%; e o ouro a
U$ 1.643, com alta de 1,48%.
Fique ligado!
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