Operando no escuro
Eu acredito que, o impacto do coronavírus ninguém sabe
exatamente qual será, nem tampouco como poderá evoluir. Em outros momentos os
mercados estariam bem apreensivos, afinal, não gosta de dúvidas. Porem, não é
isso que está acontecendo. O mercado caminha como se estivesse no escuro não se
preocupando com os eventuais riscos.
Comentei essa semana a enorme quantidade de liquidez
injetada pelos bancos centrais, o volume atingiu U$ 20 trilhões. Essa
abundância associada a juros baixos tem incentivado os investidores a assumir
mais riscos, qualquer risco!
Ontem foram publicados os dados de inflação. O CPI ficou em
2,5% a.a. Mesmo excluindo os itens voláteis como gasolina e alimentos, o nível
é aproximadamente o mesmo desde 2017. Ambos indicadores – CPI e CPI core,
encontram-se razoavelmente contidos, não apresentando nenhuma ameaça a uma
eventual deflação, ou mesmo a elevação da inflação.
Um outro argumento em termos de política monetária poderia
vir pelo fato de o Fed usar um outro indicador – PCE, que tem ficado abaixo do
CPI. Entretanto, segundo a projeção do Banco Nomura, no decurso deste ano,
deveria atingir o objetivo traçado pela autoridade monetária de 2% a.a.
Outo dia um leitor me perguntou se eu investiria no setor
Industrial no Brasil. Minha resposta foi um categórico não. O principal motivo
não é que não acredito no Brasil, mas não acredito na Industria em lugar nenhum.
O gráfico a seguir, que segrega a inflação de serviços dos produtos nos EUA,
aponta a diferença entre esses segmentos da economia americana.
Quando eu comecei minha vida profissional se dizia que havia
4 bons negócios: um banco ótimo, um bom banco, um banco mediano, e um banco
ruim, todos eram rentáveis. De maneira inversa se pode dizer hoje da indústria.
Sobre esse assunto, os analistas, vira e mexe, ficam
perplexos com a falta de investimentos num momento que as economias estão se
recuperando e as condições financeiras estão tão frouxas. As comparações são as
mais diversas para concluir que deveriam estar bem melhores. Uma parte deles
acredita que agora vai, e outra parte usa esse argumento para dizer que os
empresários estão receosos. Será que o motivo não é outro, mais estrutural? No
passado crescimento significava a compra de máquinas, contratações etc., hoje
em dia, meia dúzia de jovens iniciam um start up investindo quase nada,
no máximo comprando alguns computadores e espaço nas nuvens. Lógico que estou
exagerando, mas será que é necessário tanto investimento hoje em dia?
Uma comparação dos lucros das 5 maiores empresas de cada
setor comparado com as restantes do mesmo setor, aponta a diferença em seus resultados.
É indiscutível a concentração dos negócios em toda a economia americana, e
provavelmente do mundo. Isso por si só, já é uma indicação de menos necessidade
de investimentos, afinal, quando as grandes adquirem as pequenas é de se supor
que haja economia de escala.
No post alegria-de-rico-dura-pouco, fiz os seguintes comentários
sobre os juros de 10 anos: ... “o nível de 1,44%
passa a ser de grande importância, isso claro, se negociar abaixo de 1,5%, como
apontado a seguir” ... ... “Não sei se o juro já está no caminho de novas
mínimas, se vai reagir e subir ao atingir 1,44%, ou uma correção mais chata
está se desenvolvendo” ...
Nada de muito interessante tenho a acrescentar em relação a
semana anterior, haja visto que, houve pequena oscilação. Somente marquei no
gráfico acima, que pode estar se formando um triangulo cujo movimento mais provável
seria para uma queda dos juros.
O que sim pode soar estranho aos leitores é a precoce liquidação
da posição de dólar, feita hoje pela manhã. Vou tratar esse assunto com mais
detalhe numa postagem de Youtube, bem como, na próxima segunda-feira como de
costume. Para não deixar em suspense, vocês devem lembrar que eu tinha receio
de um false break: como-perder-as-calcas-com-uma-barbada ...” coloquei um trade de
compra de dólar a R$ 4,29 com stoploss curto de R$ 4,24, pois o rompimento de
hoje poderia ser um false break” ...
Na verdade, não foi um false break porém seu efeito é
semelhante. Quando propus o trade existiam dois cenários possíveis que acabei
não externando, pois acreditava mais num deles, e parece que o outro acabou
acontecendo.
Não mudei meu call de longo prazo, mas acredito que podemos
nos posicionar num nível melhor nas próximas semanas.
O SP500 fechou a 3.380, com alta de 0,18%; o USDBRL a R$
4,2974, com queda de 1,20%; o EURUSD a € 1,0831, sem variação e o ouro a U$
1.583, com alta de 0,49%.
Fique ligado!
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