retorno: miragem ou engano



Os leitores de longa data do Mosca sabem que não sou fã da categoria de fundos denominada de Hedge Funds, e aqui no Brasil Multimercados. Talvez minha própria experiência nesse segmento me tornou mais cético sobre seus retornos de forma consistente.

Em 2015, quando resolvi me reciclar na academia, participei de algumas matérias do curso de pós graduação da FEA. Como resultado, elaborei em conjunto com Marina Braga, sênior portfolio manager da Scopus, um estudo que cobriu 10 anos de performance – 2005 a 2015, dos multimercados brasileiros. Ao analisar uma carteira dos 7 melhores fundos, segundo janelas que variavam de 3 meses a 12 meses, e ao contrário do que se poderia esperar, os retornos só foram superiores ao CDI quando se efetuava trocas dos fundos a cada 3 meses, indo contra as recomendações de permanecer por um longo período.

Hoje tive acesso a um estudo elaborado pela revista Institutional Investor, motivado pelo resgate dos clientes dos fundos hedge, após sua recente onda de baixo desempenho. Mas uma análise desses fundos nos últimos 30 anos pela Universa Investments, uma empresa de fundos de hedge focada na mitigação de riscos, mostra que os veículos nunca cumpriram sua promessa de proteger o capital dos investidores.

A Universa comparou o desempenho de um portfólio "hedge" – composta com 75% de seus ativos no índice SP 500 (SPX) e 25% em um índice de fundo de hedge personalizado - com o próprio SPX.

O portfólio coberto incluía nove índices HFR e um do Barclay / Hedge como proxies para fundos de hedge. O desempenho anualizado dessas carteiras hipotéticas de 1990 até o final de 2019 variou de um desapontador negativo de 1% a 0,4% em relação ao S&P 500.

"Juntando tudo isso, a maneira de avaliar o sucesso dos fundos de hedge é através do valor de mitigação de risco que eles agregam a um portfólio", de acordo com o relatório.

Um investidor que deseja proteção contra riscos patrimoniais e uma quebra de mercado poderia ter construído um portfólio com 75% dos ativos no S&P 500 e 25% em títulos. De acordo com a pesquisa da Universa, esse portfólio supera o S&P 500 em 0,1% ao ano desde 1990.

Mark Spitznagel, presidente e diretor de investimentos, explicou no relatório que queria determinar o "efeito do portfólio", essencialmente se eles aumentaram ou não os retornos de médias geométricas (ou a taxa de crescimento anual), mitigando seu risco sistemático.

Quando os resultados dos fundos hedge, do período pontocom entre 2000 a 2002 foram removidos do período de 1990 a 2019, os fundos hedge foram ainda mais prejudiciais para as carteiras cobertas. O portfólio coberto perdeu para o S&P 500 em 0,2% a 1,9%, sem esses anos.

De 2000 a 2002, os 10 índices de fundos de hedge analisados ​ pela Universa obtiveram um retorno de 4,4% a 23,4% ao ano, enquanto o S&P 500 perdia 37,6%. Esses retornos impressionantes estimularam bilhões em fluxos de investidores. Mas os fundos de hedge nunca mais replicaram esses resultados.

Em 2008, os veículos decepcionaram os investidores em busca de proteção contra a crise financeira global. Os 10 índices de fundos de hedge estudados perderam entre 26,7% e 14,1%, enquanto o S&P 500 caiu 37%. O portfólio 75/25 perderam entre 34,4% a 24,2%, segundo a Universa.

"Desde 1990, a gama de valor agregado dos fundos hedge veio da mitigação de risco que eles forneceram em 2000-2002. "Quer chamemos isso de 'crash-alpha' ou 'crash-beta' ', fora do que eles fizeram de 2000-2002, nenhum de nossos índices de fundos de hedge moveu a agulha por qualquer margem observável", escreveu Spitznagel.

Spitznagel disse que há um mal-entendido sobre baixa volatilidade e variação média: diminuir a volatilidade não é sinônimo de mitigação de riscos. O papel dos fundos de hedge em um portfólio deve ser mitigar o risco de uma maneira que maximize a riqueza. Mas isso não está acontecendo. "Esse é o principal mal-entendido, e a moderna teoria do portfólio é a culpada", disse ele.

Esses assuntos trazidos recentemente pelo Mosca visam auxiliar os investidores em seus investimentos, uma vez que, a alteração dos portfolios será, ou é, um fato nesse novo cenário de juros baixos. Quero lembrar que o mais importante em sua carteira é ter a distribuição certa nas classes de ativos segundo seu grau de tolerância de risco. Um estudo acadêmico mostrou que 85% do retorno se dá pela classe de ativo e não pela escolha do fundo, em palavras financistas o que importa é o Alfa.

Os Multimercados brasileiros têm em sua maioria se sofisticado. A sua atuação se expandiu do que se denomina “kit Brasil” – operavam somente em mercados locais: no câmbio, juros e bolsa, para posições nos mercados internacionais. As vezes me pergunto qual seria a vantagem deles (os locais) em relação aos fundos localizados no exterior para esse fim. Fico muito em dúvida.

As elevadas taxas cobradas nesses fundos, normalmente 2% de taxa de administração e 20% de performance que não são devolvidas caso existam perdas no futuro, não dão margens a erros, mas sabemos que impossível acertar sempre. Minha sugestão é que se direcione pequenos montantes para essa classe e se faça um acompanhamento periódico. Caso o fundo comece a ir mal em relação aos seus pares, resgate!

No post e-se, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “Como comento no gráfico a seguir, tudo indica que a correção foi pequena, muito pequena! e as cotações estariam próximas a romper o nível de 3.337, 0,09% abaixo do nível de fechamento. Não se pode cantar vitória antes do tempo, é importante que esse nível seja rompido e não aconteça um false break em seguida” ...


Após o mercado ter “esquecido”, ou melhor, deletado o coronavírus, a bolsa americana atinge novas máximas quase que diariamente. Porém, um nível importante se aproxima. No gráfico com janela de 1 hora aponto um potencial nível onde poderá ocorrer o final de um ciclo de de alta de curto prazo.



Como medida preventiva vou atualizar o stoploss para 3.340 e deixar uma realização de lucros no nível de 3.385, o que acontecer primeiro. Essa é a forma de se posicionar quando existe o receio de um potencial correção.

A título de curiosidade vejam o que ocorreu com a economia e com os preços de ativos desde 2009. Não precisa dizer quem seu deu melhor, o trabalhador ou o investidor.



O SP500 fechou a 3.379, com alta de 0,65%; o USDBRL a R$ 4,3548, com alta de 0,54%; o EURUSD a 1,0874, com queda de 0,37%; e o ouro a U$ 1.565, com queda de 0,12%.

Fique ligado!

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