Qualquer juro é juro
Existem compradores compulsórios de títulos do governo. As previdências
e aposentadorias são as primeiras da lista seguidas por companhias de seguro e outros
investidores institucionais. O cálculo de um plano de previdência ou plano de
aposentadoria leva em consideração a estimativa de vida bem como a remuneração desse
capital. Em função desses dados é definido o valor da mensalidade a ser depositada,
para que no futuro exista recursos suficientes para a aposentadoria. Qualquer
alteração dessas variáveis afeta o valor futuro esperado.
Os planos efetuados no passado, há mais de 10 anos, as condições
eram bem diferentes. Tanto a expectativa de vida vem crescendo bem como os
juros caindo. Não é necessário muito cálculos para chegar à conclusão que, os
valores futuros calculados originalmente estão super estimados. Além dessas
novas condições, a diminuição da população ativa, função da queda da natalidade,
irão criar um descompasso nos ativos. Ou em outras palavras, tudo na contra
mão.
Mas pior que receber um juro baixo, e não receber juro
nenhum ou ainda negativo. Isso cria uma demanda adicional sobre os títulos americanos.
Os investidores que gerem trilhões de dólares estão investindo em dívidas do
governo dos EUA como nunca, em uma onda que está ganhando força apenas porque o
coronavírus que está se espalhando, lança dúvidas sobre as perspectivas de
crescimento global.
Evidências da demanda insaciável podem ser encontradas em
todo o universo de renda fixa. As aposentadorias, que vêm aumentando as
alocações de títulos há mais de uma década, agora detêm uma quantidade recorde
de títulos do tesouro de mais longo prazo. Os fundos mútuos de títulos
registraram uma entrada histórica de dinheiro no ano passado, sem sinais de
desaceleração. Até os fundos de hedge acumularam títulos do governo.
O volume de dinheiro é uma benção para os contribuintes americanos
à medida que o déficit federal aumenta, ajudando a financiar déficits cada vez
maiores. Esses excessos de recursos vêm mantendo os rendimentos do Tesouro, uma
referência para empréstimos globais, quase nos mínimos de todos os tempos. Com
os compradores prontos para atacar, até as ações em alta, o tamanho recorde dos
leilões e o mercado de trabalho mais restrito desde os anos 1960, mal podem
prejudicar os preços dos títulos do governo.
"Títulos do governo é uma peça de resiliência que faz
sentido", disse Scott Thiel, estrategista-chefe de renda fixa da BlackRock.
"E até agora, as pessoas foram recompensadas (*) por entrar e comprar
quando os rendimentos atingem o nível mais alto da faixa".
(*) quando as
taxas de juros caem, o preço dos bonds sobem para refletir juros mais baixos.
Alguns gestores têm expectativas de maiores quedas dos juros
no futuro. "Espero que o rendimento de 10 anos do Tesouro caia para zero,
talvez dentro de dois anos", disse Akira Takei, gestor de renda fixa da
Asset Management One, que supervisiona mais de U$ 450 bilhões. "Eu tenho
excesso de títulos, baseado na minha opinião de que as economias desenvolvidas
estão enfrentando uma combinação de dados: envelhecimento demográficos e taxas
de natalidade decrescentes, crescimento lento e inflação baixa ".
Os investidores que compram títulos do Tesouro como uma
apólice de seguro viraram a curva de rendimento dos EUA de cabeça para baixo.
Com a inflação ainda moderada, e a preocupação crescente de que o coronavírus
se espalhe e prejudique a economia global já frágil, os traders aumentaram suas
apostas nos cortes de taxas pelo Fed. Essa perspectiva, por sua vez, também está
incentivando as ações.
O apetite por dívida se estendeu às obrigações soberanas de
todos os “sabores”. Um exemplo: as taxas gregas de 10 anos, que no auge da
crise rendiam 45% a.a., caíram para menos de 1% a.a. neste mês. O rating de junk
do país está se revelando pouco dissuasor, com o total de dívidas com
rendimento negativo do mundo subindo acima de U$ 13 trilhões, em meio ao mais
recente rali global de títulos.
Os rendimentos de referência de 10 anos nos EUA caíram para
cerca de 1,6%, ante um pico de 1,94% em 2020 na primeira semana do ano. O maior
mercado de títulos do mundo ganhou cerca de 2,2% em seus preços este ano, após
um retorno de 6,9% em 2019 - o melhor desempenho desde 2011.
Todo este ambiente, motiva gastos públicos elevados, afinal,
o déficit é financiado com taxas de juros descrentes, quando não negativas.
Mesmo assim, o crescimento tem se mostrado pífio.
No curso de economia se aprende os fatores de produção:
Capital, Trabalho e Terra, todos em excesso atualmente, além da produção
representar parcela menor do PIB. Se for feita uma adaptação para fatores de
serviços, também se chega a mesma conclusão. O que poderia mudar esse cenário?
Inflação!
Hoje é feriado nos EUA, sendo assim, os mercados permaneceram
fechados.
No post como-perder-as-calças-com-uma-barbada, fiz os seguintes comentários
sobre o dólar: ...” coloquei um trade de compra de
dólar a R$ 4,29 com stoploss curto de R$ 4,24, pois o rompimento de hoje
poderia ser um false break” ... Nesse post tracei meus objetivos de
longo prazo.
Na última sexta-feira decidi zerar a posição. Com toda
razão, os leitores podem se perguntar o que aconteceu para essa reversão.
... “Em cinza: primeiro objetivo
a R$ 4,70 que se ultrapassado deve ir a R$ 5,70.
Em azul piscina: primeiro
objetivo a R$ 5,70 que se ultrapassado vai buscar R$ 6,75” ...
A correção que ocorreu desde setembro de 2018, permite
cenários alternativos, todos objetivando altas do dólar. Eu adotei um desses
cenários que implicariam em altas mais fortes depois de rompido a máxima de R$
4,28. Acontece que isso não ocorreu, sendo assim, um outro cenário pode estar
se formando, conforme explicação a seguir.
Nessa nova opção, o dólar poderia retrair até o intervalo
apontado em laranja – R$ 4,24 a R$ 4,15. Depois disso, o movimento de alta deve
ganhar tração.
Em algumas situações, a formação de ondas não corresponde as
configurações mais comuns. Isso em sua grande maioria ocorre em correções, uma
vez que, em movimentos direcionais, existem poucas alternativas.
No caso do dólar tenho dificuldade em estabelecer uma
formação da qual me deixe mais confiante. O que fazer nessas situações? Operar
com cautela e usar um cenário com stoploss de acordo. Quando a dúvida é grande
e as opções podem indicar alternativas em direções opostas, fique fora, não
tente adivinhar. No caso, minha maior dúvida é sobre a correção citada acima,
que pode indicar um movimento ascendente mais lento ou mais íngreme.
Vamos dar mais tempo ao tempo, e aguardar o mercado fornecer
mais informações.
A bolsa americana ficou fechada; o USDBRL fechou a R$
4,3270, com alta de 0,69%; o EURUSD a € 1,0834, sem variação; e o ouro a U$
1.580, com queda de 0,22%.
Fique ligado!
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