Incomodado
Tenho me sentido incomodado com o desenrolar do coronavírus,
a minha sensação é de que vai ser mais complicado que os mercados fazem aparentar.
Também é verdade que não tenho mais informação da que está na imprensa, é mais
uma percepção.
Os problemas que se pode ter encontram-se em duas frentes:
primeiro, saber quando haverá uma solução final nos casos observados diariamente,
ou em outras palavras, como e quando haverá o controle; segundo quais os
impactos econômicos que surgirão em função dessa paralisação.
Extrapolando o
padrão histórico, o Banco Goldman Sachs observa que "longos tempos de envio
para os EUA (geralmente 1 mês ou mais) implicam que os efeitos na cadeia de
suprimentos, referente ao déficit na produção chinesa, podem não se materializar
completamente até os próximos trimestres - quando a produção chinesa estiver
produzido acima da demanda, ou a substituição de importações de outros países
poderia compensar parte do impacto ".
No entanto, analisando dados granulares do comércio internacional do Census Bureau, a Goldman descobriu que quase um terço dos produtos chineses chegam por via aérea (em valor, incluindo mais de 75% do hardware de telecomunicações). Esses produtos representam 3,6% das vendas no varejo dos EUA e pouco menos de 1% das despesas de consumo pessoal. A composição desses produtos (e seu valor) é mostrada no painel esquerdo do gráfico abaixo e representa o setor com maior probabilidade de ser impactado, pois a China permanece paralisada. Não é de surpreender que as importações de frete aéreo sejam inclinadas para produtos leves e de alto valor, como smartphones, laptops e eletrônicos de consumo, representando um grande problema para uma empresa como a Apple, que depende dos três. Além disso, uma parcela significativa de vestuário e calçados (10%) também chega da China de avião.
Para resumir, aqui estão os setores mais em risco de uma
crise contínua nas fábricas chinesas:
A título ilustrativo, a Goldman observa que, se o frete
aéreo da China continental cair 50% em fevereiro e voltar ao normal em março,
as vendas perdidas poderão reduzir o controle mensal de varejo em até 1,8%.
Supondo que apenas metade desse dinheiro gasto seja usado na compra de outros
bens e serviços, os gastos do varejo em fevereiro seriam deprimidos em 0,9%,
diminuindo o crescimento do consumo no primeiro trimestre em 0,3%.
A boa notícia, pelo menos até a noite passada, é que praticamente nenhuma
empresa divulgou um impacto adverso imediato emergente devido às cadeias de
suprimentos chinesas, gerando algumas esperanças de que a maioria, se não
todas, encontrou substitutos alternativos na cadeia de suprimentos, para
compensar a crise chinesa. No entanto, com o corte das previsões da Apple,
agora parece que as empresas americanas esperavam apenas adiar o máximo
possível esses anúncios. Como resultado, espera-se agora uma cascata de
pré-anúncios negativos da maioria das empresas que têm uma exposição modesta à
produção chinesa, o que também significa que os ganhos do primeiro trimestre
estão cada vez mais sombrios depois da modesta recuperação do lucro por ação no
quarto trimestre.
Fiquei pensando na greve dos caminhoneiros em 2018, o Brasil
ficou parado por poucos dias, mas o estrago foi grande. Me recordo que vários empresários
tiveram problemas de abastecimento em sua linha de produção por algum tempo.
Outra consequência foi a elevação da inflação nos dois meses subsequentes. As
fábricas da China ficaram paradas por pelo menos 3 semanas, e não voltaram a
funcionar de forma regular, será que não teremos algo semelhante ao que ocorreu
aqui? Espero que eu esteja errado e as consequências sejam menores do que eu, o
melhor, o mercado de ações, imagina.
No mercado de moedas, desde que o coronavírus se tornou um
problema mundial, o dólar se fortaleceu contra todas as moedas, sendo que o real
teve a pior performance. Acredito que essa diferença da nossa moeda, seja consequência
de um posicionamento reprimido, por conta da queda de juros. O que quero dizer
é que, uma parcela dos investidores que já queria sair (ou foi stopado) de sua
posição, aproveitou esse momento para zerar.
No post retorno-miragem-ou-engano, fiz os seguintes comentários
sobre o SP500: ... “um nível importante se aproxima.
No gráfico com janela de 1 hora aponto um potencial nível onde poderá ocorrer o
final de um ciclo de alta de curto prazo”...
Num mercado impulsivo, como ocorre atualmente no SP500, fica
difícil a contagem de ondas pela Teoria de Elliot Wave, não que as 5 ondas não sejam
visíveis, mas sim porque acaba acontecendo desdobramentos de ondas, que fogem
um pouco ao padrão. Por essa razão, por mais que se tenha convicção da reversão
de um movimento, não opere vendido, no máximo zere sua posição e aguarde para
confirmar se estava certo.
Nossa posição no SP500 foi liquidada na semana passada, e
até o momento, não ocorreu a correção que eu estava esperando. Dependendo do
que acontecer entre hoje e amanhã, posso entrar novamente com um trade de
compra. Lembrem-se, compromisso é com o bolso!
No gráfico a seguir, apresento os novos objetivos, caso o
SP500 ultrapasse os níveis atuais ao redor de 3.390. O próximo objetivo se
encontraria ao nível de 3.470.
Não fico impressionado pelo fato de a bolsa atingir máximas
em sequência, afinal, se um ativo sobe é natural que ultrapasse níveis anteriores.
Esse efeito é mais psicológico, pois fica a sensação de que o mercado vai cair
logo em seguida a sua entrada. O que me incomoda é quando fico em dúvida sobre questões
técnicas, você espera uma configuração e acontece outra, ou não é clara.
Aprendi da forma mais cara - perdendo dinheiro, que em
dúvida não se deve fazer nada!
O SP500 fechou a 3.386, com alta de 0,47%; o USDBRL a R$
4.3649, com alta de 0.21%; o EURUSD a € 1,0808, com alta de 0,16%; e o ouro a
U$ 1.611, com alta de 0,59%.
Fique ligado!
Comentários
Postar um comentário