Alegria de rico dura pouco


Não houve engano no título do post, é isso mesmo, viver de juros não está dando mais. Foram-se aqueles bons tempos onde um indivíduo com um patrimônio razoável colocava seus recursos em investimentos seguros e o rendimento era suficiente para manter seus gastos mensais, e ainda sobrava um troco. Hoje em dia, é necessário um grande patrimônio para esse mesmo fim.

O IPCA de janeiro foi publicado em 0,21%, muito abaixo da estimativa do mercado de 0,35%. Em 12 meses, o indicador passou de 4,31% para 4,19%. O grande responsável pela queda foram as carnes que recuaram de 18,06% para – 4,03%.


Os leitores antigos sabem que eu observo com muita atenção dois indicadores: Preços Livres, que continuam estáveis apresentando ligeira queda de 3,88% para 3,56; e o Índice de Difusão mantendo-se na casa dos 55%.

Para 2020 a Rosenberg projeta IPCA de 3,2%. O choque das carnes indica arrefecimento, enquanto os núcleos seguem em território benigno, o que, em conjunto com uma recuperação econômica moderada, indica inflação abaixo da meta fixada pelo BC.

Ficar no CDI é suicídio, significa não gostar de receber rendimento. O Mosca já fez sua parte nesse campo, há 2 anos vem alertando seus leitores para realocarem seus investimentos saindo do CDI. Mais recentemente, sugeriu que uma parte deveria ser alocada em investimentos de risco como: Bolsa de Valores e Fundos Imobiliários.

Outro dia comentei que a política monetária brasileira se encontra frouxa haja visto que, a taxa SELIC teria um componente de juro real, que naquele momento, era negativo. Mas, observando as projeções de inflação acima, levam o juro real para 1,0% a.a.

Os títulos pré fixados e os indexados ao IPCA, com vencimentos mais longos, encontram-se arbitrados sem que haja uma preferência num sentido nem no outro. Por exemplo:

NTNB 29 (*) – IPCA = 2,86%
Pré fixado 29 – 6,62% a.a.
(*) Como não existe títulos para esse vencimento efetuei uma interpolação entre as NTNB 26 e NTNB 35

Um cálculo entre ambos aponta para uma inflação implícita de 3, 66%. Quem acredita que será menor compra o pré fixado e vice-versa. Nada muito animador, não acham?

Muitos leitores estão perplexos como desempenho de nossa moeda, como pode o Brasil melhorando em todos os aspectos o real se desvalorizar? Acontece que esses leitores ficaram acostumados durante décadas a um ambiente que não existe mais. O diferencial de juros era muito atrativo agora não mais.

Eu escolhia algumas informações para que possam entender o que vem ocorrendo. Na área de carry trade, uma modalidade muito usada nos mercados internacionais, o real perdeu seu lugar de preferida. Ela consiste em comprar moedas com juros elevados e vender o dólar. Desde 2019, o peso mexicano desbancou nossa moeda.


Como resultado do motivo acima, além da piora na balança comercial e troca de dívidas em dólar por dívidas em reais efetuadas pelas empresas, o fluxo de dólar tem se tornado bastante negativo desde 2019, razão pela qual o BC teve que fazer várias intervenções no ano passado.


É natural que existem outras entradas que acontecem como os Investimentos Diretos. Daqui em diante o real deverá encontrar a um outro equilíbrio quando essas operações de saídas voltarem a um nível normal. Isso deverá acontecer com uma taxa de cambio mais desvalorizada.

Por essa razão, coloquei um trade de compra de dólar a R$ 4,29 com stoploss curto de R$ 4,24, pois o rompimento de hoje poderia ser um false break.



Outra boa notícia do dia, foi o anúncio dos dados de emprego americano. As contratações em janeiro e os ganhos salariais se recuperaram, fornecendo novas evidências de um mercado de trabalho durável que apoia a decisão do Federal Reserve de parar de cortar as taxas de juros e entrega ao presidente Donald Trump um impulso no início das eleições.


O número de novas vagas aumentou 225 mil após um ganho revisado para cima em dezembro de 147 mil, superando todas as estimativas dos economistas. A taxa de desemprego subiu para 3,6%, ainda perto da baixa de meio século, enquanto o salário médio por hora subiu 3,1% em relação ao ano anterior.


A taxa de participação, ou parcela de pessoas em idade ativa na força de trabalho, subiu para 63,4%. Ganhos constantes na taxa de participação reforçam o desejo da presidente do Fed, Jerome Powell, de sustentar a expansão "para que o forte mercado de trabalho atinja mais pessoas que ficaram para trás". O mais impressionante é esse indicador para a parcela considerada como Principal, que é definida pelos indivíduos entre 25 a 54 anos. Com esse aperto, é possível que em algum momento ocorra a alta da inflação por conta do aumento de salários.

No post flash-back-mesmo, fiz os seguintes comentários sobre o juro americano: ... “A opção de queda do juro parece ter ganho preferência, praticamente eliminado a opção de uma alta mais acentuada. Sendo assim, vou propor um trade no sentido de queda dos juros esperando um ponto de entrada um pouco mais elevado que o atual. Minha proposta é vender os juros a 1,65% com stoploss a 1,75%” ... ... “Se tivermos sucesso na entrada do trade, e o nível de 1,40% seja vencido, o target passa a ser 0,85%. Se for abaixo disso tenho até medo de anunciar o próximo objetivo!” ...

Durante a semana, a taxa atingiu uma máxima de 1,68% permitindo que nossa ordem fosse cumprida. A seguir atualizei o gráfico com esses novos movimentos, e friso que o nível de 1,44% passa a ser de grande importância, isso claro, se negociar abaixo de 1,5%, como apontado a seguir.

Não sei se o juro já está no caminho de novas mínimas, se vai reagir e subir ao atingir 1,44%, ou uma correção mais chata está se desenvolvendo. Com tantas dúvidas nada mais prudente que elevarmos o nível do stoploss para 1,69%.

A expectativa do mercado está dividia entre os efeitos que o coronavírus terá sobre a economia e os dados recentes mostrando mais firmeza. Vamos ver quem o mercado elege como vencedor.


O SP500 fechou a 3.327, com queda de 0,54%; o USDBRL a R$ 4,3201, com alta de 0,88%; o EURUSD a € 1,0944, com queda de 0,31%; e o ouro a U$ 1.571, com alta de 0,29%.

Fique ligado!

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