A Indústria sob pressão #ouro

 


Nos últimos anos, a indústria se organizou para minimizar seus estoques. O desenvolvimento da inteligência artificial permitiu que os pedidos fossem feitos de forma integrada em função da demanda, tempo de produção e outros fatores, de tal forma que o estoque fosse o menor possível. E estava funcionando a contento, não se ouvia falar em falta de estoque de praticamente nada.

Com a globalização, as empresas buscavam os melhores lugares para produzir seus produtos ou comprar componentes, maximizando seu lucro potencial.

A pandemia bagunçou o coreto, como se diz em linguagem coloquial, instantaneamente tudo parou. No ano passado, a descoordenação deve ter sido gigantesca, países abrindo e fechando de forma não sincronizada, o que afetou de forma importante a cadeia produtiva, que está gerando pressão na inflação.

Um relatório produzido pela Goldman Sachs aborda esse assunto.

As cadeias de suprimentos dos fabricantes dos EUA estão cada vez mais esticadas, com o atraso nas entregas de fornecedores em seu nível mais alto em mais de 40 anos devido a uma rápida recuperação da demanda de mercadorias combinada com restrições persistentes relacionadas à pandemia nos serviços de transporte internacional. Como resultado, uma maioria significativa das empresas industriais indica atualmente que interrupções na cadeia de suprimentos e atrasos na entrega estão afetando negativamente sua produção.

Para entender melhor a causa das interrupções da cadeia de suprimentos, resumimos na Figura abaixo relatórios recentes da mídia sobre as interrupções. Uma característica marcante desses relatórios é que as interrupções da cadeia de suprimentos estão bem espalhadas. Embora a escassez de semicondutores e sua carga na produção de automóveis tenham atraído atenção significativa, muitos outros bens de consumo de fones de ouvido a sofás e patins também enfrentaram problemas de fornecimento este ano.

Embora a escassez de oferta tenha afetado uma grande variedade de produtos, as causas básicas são as mesmas na maioria dos casos. Primeiro, os fabricantes foram pegos de surpresa por uma recuperação na demanda mais rápida do que o esperado e não tinham encomendado com antecedência insumos suficientes para atender às necessidades de produção. Em segundo lugar, o aumento na demanda de mercadorias, com os serviços de transporte limitados pelo vírus, levou a uma oferta insuficiente de contêineres de transporte e a problemas de congestionamento nos portos da Costa Oeste, resultando em longos atrasos no transporte. Nenhum desses problemas deve diminuir em breve, infelizmente, uma vez que o auxílio emergencial deve manter a demanda de mercadorias elevada e o vírus deve continuar a interromper a oferta de serviços internacionais de transporte de mercadorias, até que a vacinação generalizada nos EUA e seus parceiros comerciais normalizem tanto a demanda quanto a oferta de mercadorias.



Esses desafios de fornecimento aumentaram significativamente os custos internacionais de transporte particularmente ao longo das rotas do leste da Ásia para os EUA, onde os preços dos contêineres de transporte triplicaram aproximadamente no último ano e alguns desses aumentos de custos provavelmente serão repassados aos consumidores.

No entanto, esperamos um impacto bastante limitado nos preços globais dos consumidores por duas razões. Em primeiro lugar, os custos de transporte fora do leste da Ásia têm tido aumentos de preços muito menores. Em segundo lugar, os custos totais de transporte representam apenas uma pequena parte do preço final das mercadorias. Como resultado, estimamos que os custos elevados de transporte estão atualmente aumentando a inflação dos preços ao consumidor principal em pouco menos de 10 pontos-base.

Infelizmente, é improvável que as interrupções na cadeia de suprimentos diminuam no curto prazo, e elas continuarão a pressionar os preços ao consumidor pelo resto deste ano: o estímulo fiscal manterá a demanda de mercadorias elevada e o vírus continuará a interromper a oferta de serviços internacionais de transporte de mercadorias. No entanto, no início do próximo ano, acreditamos que os gargalos de transporte provavelmente se resolverão e os preços serão moderados, diluindo o impacto do núcleo da inflação no total.

Infelizmente o trabalho não consegue medir o impacto no custo dessas interrupções — e ninguém conseguiria. Entretanto, pela diversidade de áreas em que está ocorrendo, seguramente irá afetar os preços de forma mais importante que somente o custo do frete apontado no estudo.

Esse é mais um dos impactos da pandemia que ainda não está solucionado.

A primeira impressão do mercado, ao receber o resultado do anúncio do Fed, foi positiva, pois como eu havia mencionado no post nem-jurando-por-Deus o presidente Powell jurou que não vai subir os juros. Mas isso não durou nem 24 horas, hoje pela manhã o mercado de juros já abriu nas máximas recentes com o título de 10 anos atingindo 1,75% a.a.

Mas porque a mudança de ideia do mercado? Acredito que seja por 2 motivos: primeiro, mesmo que Powell fizesse de tudo na seção de perguntas e respostas para dizer que não vai subir os juros, nas informações publicadas aumentou de 1 para 4 o número de diretores do Fed que preveem um alta já em 2022 — mesmo sendo um número pequeno, significa que nem todos compartilham da mesma opinião.



O mercado já trabalha com previsão para o PIB neste ano com níveis bem elevados — a Goldman Sachs, por exemplo, prevê 8% a.a. O Fed também atualizou suas estimativas de forma importante, passando de 4,0% para 6,5%. No quadro a seguir contendo os principais indicadores econômicos, mesmo projetando uma pequena alta nos níveis de inflação, foi o crescimento que colocou pressão nos mercados



No post tech-perde-lideranca, fiz os seguintes comentários sobre o ouro: ...” Estamos bastante próximos de um possível ponto de reversão apontado no gráfico abaixo em U$ 1.684, que caso não se sustente o próximo seria em U$ 1.628” ...



O metal chegou atingir U$ 1.674 — diamante vermelho abaixo, muito próximo do nível apontado acima. Demarquei a elipse em azul no movimento que se sucedeu, e ele não é nada inspirador, indicando que novas quedas podem acontecer nos próximos dias. O novo objetivo passa a ser U$ 1.638.



Aqui vale um parêntese para exemplificar como o fato de atingir um nível calculado, não significa que esse será o ponto de inflexão. Para que entendam o motivo de não ser uma boa opção, vejam o gráfico a seguir com janela de 2 horas.



O primeiro movimento em amarelo se deu em 3 ondas como demarcado, igualmente no segundo em verde. Isso na teoria de Elliot Wave indica correção. Sendo assim, o ouro ainda não está num movimento de alta, pois seria necessário que se observassem 5 ondas e não 3.

Essa é a razão pela qual, em determinados momentos, é importante a visualização em janelas menores para se certificar de que é possível uma mudança de rumo. Quero frisar que essa é uma condição necessária (5 ondas), porém não suficiente — outros pontos devem ocorrer.

O SP500 fechou a 3.915, com queda de 1,46%; o USDBRL a R$ 5,5697, com queda de 0,45%; o EURUSD a 1,1917, com queda de 0,50%; e o ouro a U$ 1.736, com queda de 0,47%.

Fique ligado!

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