Medo de quedas #eurusd

 


Estão ocorrendo quedas expressivas no mercado americano embora não seja verificado em tal magnitude nos índices da bolsa. Ações que não tem peso importante no índice como Peloton e Zoom tiveram queda de 40%. Ontem comentei sobre a mudança de preferência do investidor em relação aos setores da economia.

Em todo caso se nota uma certa apreensão com a queda observada, embora o SP500 esteja apenas 5% abaixo da máxima. Por que isso ocorre?

Vou aproveitar os gráficos postados por Michael Batnick enfatizando as quedas que ocorreram no SP500 nos últimos 10 anos. Cada gráfico termina na parte inferior da correção, quando parecia que o mundo estava prestes a acabar. Isso nunca ocorreu. Ok, no ano passado aconteceu em março (veja comentário mais adiante).

As ilustrações agrupadas a seguir se referem a períodos relativamente recentes, desde 2018. Dentre esses – embora não saibamos onde a retração atual deva terminar, a maior queda ocorreu no final de 2018 quando o então presidente Trump ameaçou a China impondo tarifas sobre as importações desse país.



O próximo grupo de gráficos as quedas ocorreram entre 2012 e 2016, sendo que a mais profunda aconteceu no ano de 2016, a maior de todas – 14,2%, apontadas nessa amostra.



Propositadamente o gráfico de março do ano passado não foi publicado, pois esse realmente foi um acidente que independia das empresas ou mesmo da avaliação das empresas.

Tivemos um punhado de recuos e correções nos últimos dez anos e apenas um levou a preços muito mais baixos. Isso não quer dizer que agora seja uma boa hora para entrar, só vale a pena lembrar que parece isso toda vez. Toda vez que as ações caem um pouco, parece que vão cair muito.

Mas por que essa sensação? Em relação ao momento atual citaria duas razões: a primeira é por conta da queda que ocorreu no ano passado – ninguém poderia esquecer; a segunda é que nunca se comentou tanto sobre a bolsa estar muito cara, ou de que está se formando uma bolha - e tantos outros argumentos. Mas o que se observou foram recordes sobre recordes. Uma tabela comparando vários momentos da bolsa americana em situações consideradas de bolhas segundo esse analista, se pode ver a seguir.


Estou certo de que em cada um dos outros 7 casos apontados nos gráficos acima uma serie de argumentos sustentavam as quedas.

Mas porque essa sensação de que haveria uma queda eminente de caráter expressiva? O motivo que o Mosca sugere está relacionado com o conceito de Teoria da Relevância desenvolvido por Daniel Kahneman, como demonstrado por ele e por Tversky através de múltiplos e consistentes experimentos. Nem sempre os agentes econômicos agem de forma a maximizar sua utilidade – ainda que não façam ideia disso.

Por exemplo, os autores mostram como que, no geral, perdas financeiras exercem impactos emocionais maiores às pessoas em comparação a ganhos financeiros equivalentes – por mais contra intuitivo que isso soe sob uma perspectiva utilitarista. Essa teoria explica, entre outros comportamentos, o fenômeno da aversão ao risco – trazendo, por exemplo, distorções irracionais nos processos de decisão de investimentos, sejam eles financeiros ou não. 

É esse comportamento que temos que estar sempre atentos para não acabar liquidando um investimento na bacia das almas (*).

Quem acompanha o Mosca sabe que não proponho nenhum trade sem que exista um stop-loss agregado. Essa é a maior garantia que nunca irá ocorrer uma queda de proporções muito grande em seu portfólio. Isso deveria deixá-lo tranquilo, pois acredito que mudar o comportamento humano demonstrado na teoria de Kahneman seria impossível.

(*) Numa definição anônima que consta no Dicionário Informal, a bacia das almas é o “último momento, última oportunidade oferecida como piedade, quando outras oportunidades foram esquecidas anteriormente”.

No post quando-os-paises-querem-mesma-coisa, fiz os seguintes comentários sobre o euro: ... “O caminho traçado em azul no gráfico acima deveria levar a moeda única ao nível de  1,25, podendo eventualmente superar esse nível, embora eu acredite que deva ocorrer no mínimo uma correção ao término desse ciclo” ...



O euro reverteu do nível atingindo naquela data da postagem, e fomos estopados a 1,21, sendo que em seguida, ainda rompeu 1,1950 o que fez eu reestruturar minha análise. Por enquanto, até que 1,1602 seja rompido, continuo com uma visão altista para a moeda única.



Na figura acima destaquei uma área entre 1,1880/1,1840 onde deveria ocorrer a reversão. Caso continue em queda, somente abaixo de 1,1600, teria que refazer minhas premissas o que aumenta a chance de o movimento de queda começar a ganhar tração, e provavelmente abandonaria minha visão de alta.



O SP500 fechou a 3.841, com alta de 1,95¨; o USDBRL a R$ 5,6908, com alta de 0,38%; o EURUSD a 1,1917, com queda de 0,41%; e o ouro a U$ 1.700, com alta de 0,22%.

Fique ligado!

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