O falso negativo #SP500
Talvez
o leitor, ao se deparar com o título do post, seja levado a pensar que vou
falar de Covid-19. Não é o caso. O assunto que trago hoje é um livro lançado
por William J. Bernstein, neurologista e diretor da empresa de gestão de
recursos Effcient Frontier Advisor. O livro, intitulado The Delusions Of Crowds:
Why People Go Mad in Groups, investiga mais
profundamente o cérebro humano, e como seu desenvolvimento evolutivo pode nos desviar
do caminho nos atuais mercados de capitais.
Barry
Ritholtz faz um resumo do livro após uma conversa entre ambos.
O
sistema límbico humano controla nossa emoção, comportamento e memória de longo
prazo (entre outras funções). "Seu eventual sucesso nas finanças se dá pela
supressão do sistema límbico — seu sistema 1, o sistema emocional muito rápido.
Se você não puder suprimi-lo, vai morrer pobre."
O
livro se concentra em três de nossas principais caracterizações: Os humanos são
os Macacos que contam histórias, imitam outros e buscam status. Essa
combinação, em última análise, leva a dinâmicas de grupo onde uma população
inteira pode ficar profundamente entrincheirada em um sistema de crenças, que
se espalha de forma caótica antes de se revelar falso. As consequências podem
incluir colapso econômico, ruína financeira pessoal e milhares de mortes.
Bernstein
discute os vetores e meios de "infecções" que levam a ilusões em
massa. Os humanos são "avarentos cognitivos", confiando em narrativas
simples ao invés de um pensamento analítico mais complexo. Quanto mais
convincente é uma narrativa, mais corrosiva ela se torna para nossas
habilidades analíticas. Os dois agentes causadores mais convincentes: O "Fim
dos Dias" apocalíptico e "riquezas sem esforço". Assim, tanto as
narrativas sobre dinheiro quanto sobre religião podem criar delírios frequentes
e substanciais nas multidões.
De
uma perspectiva evolutiva, há pouco custo para nossa "padronização" –
enxergando um padrão onde não existe nenhum. Pular para longe ao ver uma vara
que parece uma cobra venenosa — o "falso positivo" — quase não tem
custo. Mas o "falso negativo" — ignorar algo que se parece com uma
cobra inofensiva e é uma víbora mortal — pode ter um custo evolutivo fatal. É
em parte por isso que atentamos para as más notícias, enquanto ignoramos as
boas. Os investidores devem entender por que os traços evolutivos que nos
ajudaram a sobreviver na savana podem contra intuitivamente nos levar a cometer
erros caros hoje.
Esse
artigo talvez venha num bom momento para ser testado. Todos nós ficamos chocados
com a decisão do Ministro Fachin, que anulou as sentenças do ex-Presidente Lula,
tornando-o elegível. Depois de toda a raiva provocada por uma decisão dessa
magnitude, algumas interpretações foram dadas sobre algo que já foi amplamente
discutido no passado pelo STF.
As
bolsas e o real reagiram imediatamente com quedas expressivas — afinal, o Lula
poderia novamente ser eleito.
Não
vou comentar o absurdo racional que tal medida pode representar. Afinal, ele
foi julgado em Segunda Instância, o que tiraria qualquer viés que Sergio Moro
poderia ter. Mas esse é o sistema judicial do Brasil, que foi elaborado para
poder inocentar os corruptos.
Mas
até o Lula poder se candidatar há um longo caminho, pois poderá ser condenado
pelo novo juiz antes de agosto do próximo ano — e depois, será que ele teria a
mesma votação do passado?
Supondo
que ele passe por todas essas etapas, me parece que as eleições ficariam
polarizadas entre Bolsonaro x Lula, e todos os candidatos de centro deveriam
optar para um desses lados — o que parece uma missão impossível. Essa é a visão
de hoje, mas que também poderá mudar em função dos possíveis candidatos.
Muita
água vai rolar até lá, e se tudo der certo, daqui a um ano as discussões não
serão mais sobre a Covid — espero! Provavelmente, a economia já se terá
recuperado significativamente. Será que esse evento não é o “falso negativo”
apontado por Bernstein?
Muitos analistas estão criticando o governo, dizendo que o real não estaria tão desvalorizado, não fossem as maluquices do Presidente. Para manter sua tese, comentam que as moedas de países emergentes se valorizam quando as comodities se apreciam. O gráfico a seguir contrapõe essa tese no movimento observado recentemente. Quero enfatizar que não acho que as ações adotadas por Bolsonaro não tenham efeito no câmbio (lógico que sim), mas o real também teria se desvalorizado mesmo sem elas, embora bem menos.
Caso se confirme o cenário mais otimista, as altas serão expressivas e sem poder tomar fôlego, pois devemos entrar na fase mais aguda de alta. O gráfico a seguir dá uma dimensão da projeção para a primeira fase. O cálculo é ainda estimativo para o objetivo do índice 5.100! Uma alta de 30!
-
Oba David, vamos mergulhar já!
Calma amigo, estou esperando ansiosamente esse momento, tomando todas as precauções para não ser pego de surpresa com uma queda indesejada. Você é testemunha que desde dezembro estou cauteloso.
Fiquem de olho no Mosca nos próximos dias, pois caso se confirme essa hipótese, vou entrar com trades de compra para os mercados de bolsa.
O
SP500 fechou a 3.875, com alta de 1,42%; o USDBRL a R$ 5,8025, com queda de
1,24%; o EURUSD a € 1,1900, com alta de 0,48%; e o ouro
a U$ 1.715, com alta de 2,01%.
Fique
ligado!
Temos que tentar construir uma candidatura para ter uma terceira opção forte entre Lula e Bolsonaro, seja de centro-esquerda ou centro-direita. Vejo que a decisão do Fachin, apesar de drástica, foi menos pior que a poderia ter sido tomada hoje. A decisão de hoje abre o caminho para passar a boiada. Se Bolsonaro tivesse indicado alguém sério, a segunda turma ficaria 3x2 a favor do combate a corrupção, com o caminho livre para consolidação de um pais mais justo e maior estabilidade jurídica. Espero que a Lava-Jato não seja enterrada por inteiro.
ResponderExcluir