Quando a bolsa está cara? #nasdaq100
Se
você olhar somente para o nível do índice de uma bolsa, pode chegar a uma
conclusão errada. Se o critério for a evolução desse indicador, é logico que ela
está mais cara quando o índice subiu nos últimos 12 meses, mas aí pode estar um
grande erro cometido pela maioria das pessoas — eu inclusive.
Acredito
que seja a forma mais intuitiva de análise — afinal, se o Ibovespa estava em 70
mil há um ano e agora a 115 mil, a bolsa ficou mais cara.
Mas
a pergunta que você deve se fazer é se ela está cara a 115 mil ou não, e não
comparar com um nível no passado.
Os
analistas usam o critério de P/L para essa avaliação. Nessa relação simples, para
saber o P basta ligar o terminal, mas para calcular o L é uma questão mais discutível.
Muitos usam o Lucro passado nesse cálculo pois é um número concreto que não
depende de julgamentos; outros usam as projeções de lucro em função de alguns
parâmetros: guidance da empresa, taxa de juros, crescimento de receitas
e outros critérios. Naturalmente, esse é um número sujeito a muitas
interpretações e erros.
O
ano passado foi repleto de ocorrências inéditas. No início da pandemia, a queda
das bolsas foi ocasionada pelo pessimismo generalizado — o mundo ia acabar! Decorrido
um tempo, as ações do setor de tecnologia iniciaram a alta enquanto outros
setores ficaram para trás, em seguida, a rotação entre ações Value em
detrimento das ações Growth, quando a vacina foi anunciada.
Nesse
período, tanto os analistas como as empresas fizeram projeções muito
conservadoras sobre os lucros. Afinal, tudo parecia bastante incerto — uma boa
parte das empresas nem anunciou suas projeções.
Um
relatório elaborado pela empresa Fisher Investments trata dessa situação ocorrida
em 2020.
Se você já visitou
um site de notícias financeiras ultimamente, provavelmente ouviu falar que as
relações preço-lucro (P/L) estão no seu mais alto nível desde a Bolha
Tecnológica, supostamente sinalizando que as ações estão infladas e prontas para
estourar e golpear os investidores com um choque de realidade. Há muito tempo,
porém, temos a visão — apoiada numa montanha de dados — de que nenhum nível de
P/L é inerentemente bom ou ruim para as ações. Enquanto o P/E pode indicar
euforia, essa é uma declaração sobre a taxa de mudança, não o nível. Mesmo
assim, é importante usar o P/L mais relevante e olhar para ambas as metades da
razão. Hoje, essa análise mostra que as ações não estão efetivamente
supervalorizadas, mas também que é importante manter expectativas racionais.
Grande parte da
cobertura que encontramos se concentra na relação P/E do S&P 500 — preço
dividido pelos últimos 12 meses de ganhos. Esse número saltou de 17,06 quando
as ações caíram em 23 de março passado para 27,76 em 8 de janeiro, antes de
cair um pouco. Enquanto isso, até o fechamento de ontem, o S&P 500 havia
retornado 80,4% desde a baixa. Esses factoides estão levando a considerar a
grande maioria das ações como supervalorizadas. Mas eles são
um olhar incompleto, porque ignoram o denominador do P/E — os ganhos. Uma
proporção pode subir de três maneiras: o numerador pode subir, o denominador
pode cair, ou ambos. Este último é o que aconteceu com as relações P/E no
último ano. As ações subiram, mas o lucro do S&P 500 por ação caiu — 11,2%
no ano passado, com quedas nos quatro trimestres e grandes quedas no 2º e 3º
trimestre. Isso ajudou o P/L a disparar.
O problema em
usá-lo como um indicador de futuro é que as ações olham para frente, não para
trás. Eles não estão precificando os ganhos nos últimos 12 meses. As ações incorporaram
a queda dos lucros do ano passado, quando sofreram, em fevereiro e março de
2020, a queda mais íngreme e mais rápida da história. Neste ponto, para as
ações, os baixos lucros são um elemento óbvio e não deveriam, em
nossa opinião, ser levados em conta numa previsão. Quando você compra uma ação,
você está comprando uma participação em seus lucros futuros. Então o que
importa daqui para frente é se as ações estão supervalorizadas em relação aos
ganhos futuros.
Felizmente, também
temos um P/L para isso, e ele é muito significativo quanto ao sentimento. A
relação do P/L futuro divide os preços das ações pelos ganhos esperados ao
longo do próximo ano. Não é perfeito, pois as estimativas são apenas previsões.
Os ganhos reais raramente atingem estimativas — às vezes o erro é para baixo, e
mais frequentemente para cima. Mas o P/L futuro ainda é útil como uma medida de
sentimento, já que mostra como os investidores se sentem sobre o futuro, e um
P/L futuro em alta geralmente sinaliza mais otimismo.
É por isso que achamos o P/L futuro do S&P 500 bastante curioso agora. A figura abaixo mostra o índice de retorno total do S&P 500 e o P/L futuro a partir de 2020. Como você verá, há uma divergência interessante a partir do início de junho.
Nos últimos nove
meses e meio, o P/L futuro do S&P 500 é basicamente constante, com
volatilidade mínima. É elevado em relação à história, mas não se pode chamar de
“pico” um período de três trimestres no mesmo nível. Note que esse trecho
achatado aconteceu quando o índice deu um retorno de 32,1%.[i] Voltando a
nossa lição de matemática anterior, se uma proporção se mantém estável enquanto
o numerador sobe, então o denominador também deve estar subindo. É o caso
agora: mesmo com a queda dos ganhos no ano passado, os analistas olharam para o
futuro, para o fim dos bloqueios e o retorno de uma atividade econômica (mais
ou menos) normal, e projetaram uma forte recuperação. Os preços das ações
subiram acompanhando as expectativas, em um sinal de que os investidores
estavam olhando para esse mesmo futuro.
Se as ações estão acompanhando
expectativas racionais de ganhos — e não colocando um prêmio cada vez maior
sobre esses ganhos — isso sinaliza para nós que as avaliações não estão fugindo
da realidade. Mas também dá um aviso importante: a recuperação dos ganhos deste
ano provavelmente já está precificada. As ações provavelmente estão olhando
mais adiante agora, para 2022 e além. Portanto, o que importa é como as
expectativas para esse futuro vão se desenvolver e se elas vão se tornar muito
estranhas. Achamos que esse provavelmente será o fator chave a ser observado quando
os analistas dissecarem os resultados deste ano.
Não que estejamos
pregando cautela para este momento. Sentimento otimista não é euforia, e
euforia por si só não indica baixa. Na verdade, o perigoso coquetel é euforia e
deterioração de fundamentos. Não estamos nesse ponto agora, então achamos que acreditar
na alta é a atitude mais benéfica no momento. Mas quanto mais positivo o
sentimento, e quanto mais as pessoas ficarem otimistas sobre o futuro distante,
mais aumenta a probabilidade de desconsiderarem algo negativo. Então fique
atento, mesmo aproveitando a alta de hoje.
Não
tenho como avaliar os critérios adotados por essa empresa. Esse não é o
objetivo do post, mas sim chamar a atenção dos leitores para o fato da bolsa de
valores ser diferente de boa parte dos ativos — moedas, ouro e bitcoins — por
ter o lucro como variável importante para fundamentar seus preços.
Assim,
não dê uma opinião imediata se uma determinada bolsa está cara ou barata
somente observando seu preço histórico. Isso também vale para as ações, é
claro.
No post contra-o-fluxo-nao-tem-argumentos , comentei sobre a atitude das pessoas em investir em ações e como isso pode representar uma ameaça. O gráfico a seguir não deixa dúvidas sobre esse movimento — é espetacular, nos últimos 20 anos nunca aconteceu nada parecido Considere ainda 2 pontos: estamos no início do ano, e os cheques do governo americano nem chegaram ainda à população. Lógico que isso pode se reverter, mas por enquanto o fluxo está no sentido da entrada.
No post a-mulher-maravilha, fiz os seguintes comentários sobre o nasdaq100: ... “No curto prazo daremos uma sugestão de compra no intervalo apontado a seguir, provavelmente mais próximo de 12.600” ...
Chegamos lá, ou próximo, a mínima atingida hoje pela manhã foi de 12.704.
-
Vamos lá David, mete ficha!
Meu
amigo é sempre apressadinho, conheço muitos investidores com essa
característica — qualquer semelhança não é mera coincidência! Hahaha ...
Eu
poderia elencar inúmeros cenários aqui para o nasdaq100, com decisões que
diferem substancialmente, mas como bom analista tenho que optar por uma. É bom
saber, porém, qual a probabilidade de eu estar correto e quanto se quer apostar.
Neste
momento, preciso de mais tempo de negociação para ter uma confiança maior. Como
sempre enfatizo, não é objetivo nosso literalmente acertar na mosca, mas entrar
numa boa condição de risco x retorno.
Para que o leitor não fique sem parâmetros, demarquei no gráfico a seguir quais os passos que o nasdaq100 deveria atingir.
O
intervalo entre 13.300 e 13.600 é de suma importância nesse momento — é
fundamental que a bolsa ultrapasse esse nível para validar meu cenário. Mas não
apenas isso: o shape tem que ser condizente com uma onda 3. Passando
esse estágio, a confirmação só virá com o índice ultrapassando 13.900. Podem
estar certos de que, se isso tudo ocorrer, estaremos com posição nesse mercado.
Ultimamente
as bolsas americanas ficaram reféns da taxa de juros de 10 anos, depois que esta
ultrapassou a marca de 1,5% a.a., onde tecnicamente passou de queda para alta, e
um certo temor assolou os mercados.
Eu
dividira esse receio em dois: os juros estão subindo porque a economia tem
perspectivas boa de crescimento, ou esse mesmo crescimento vai gerar inflação
indesejada — com toda a liquidez e frouxidão dos bancos centrais. Esse é o
dilema desta alta de juros: se é pelo bom motivo ou pelo mau motivo.
Hoje
ninguém é capaz de responder com segurança em qual dos casos esta situação se
enquadra — vide tema do Mosca para 2021. Mesmo Powell jurando por Deus
que não vai mexer nos juros por um bom tempo, todos sabemos que não vai poder
cumprir com sua promessa se a inflação subir, o que é bastante comum no caso de
autoridade monetária — o caso clássico é dizer que não vai mexer no câmbio quando
existe fluxo de saída de reservas.
Se
for pelo bom motivo, não vejo problemas a taxa ir para 2% - 2,5%a.a. —afinal, é
o juro zero que está errado. Já no segundo caso, não é nada bom para a bolsa, e
essas últimas semanas mostraram isso claramente, quando as ações de tecnologia caíram
mais que as outras.
Vários
analistas fundamentalistas estão na ponta do Fed e acreditam que não teremos
inflação, mas esses, também sabemos, mudam de opinião como eu mudo de camisa,
agora Polo! Hahaha ...
O Mosca vai ficar com a análise técnica para nos guiar, e “escutar” o que o mercado tem a nos dizer. Como nosso compromisso é com o bolso, tanto faz qual é o motivo que irá movimentar os juros.
O SP500 fechou a 3.913, sem variação; o USDBRL a R$ 5,4890, com queda de 1,45%; o EURUSD a € 1,1903, com queda de 0,12%; e o ouro a U$ 1.744, com alta de 0,48%.
Fique
ligado!
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