Incrivelmente quieto #usdbrl

 


Enquanto no mundo Ocidental as discussões seguem em todos os fronts, na segunda economia do mundo nada se ouve, a vida continua de forma normal —assim imaginamos!

É pacote fiscal para cá e para lá, receio de inflação acima do desejável, bancos centrais ativos na compra de títulos, todos no intuito de não deixar cair a peteca, ou melhor, o PIB.

Na China não se noticia nada de muito expressivo, mas os resultados publicados são de dar inveja. Um artigo de Tom Hancock e outros na Bloomberg apresenta os últimos resultados da produção industrial e vendas no varejo.

A atividade econômica da China cresceu nos dois primeiros meses do ano em comparação com um ano atrás, embora os números mostrem uma recuperação desigual, com forte produção industrial alimentada por Exportações mas com gastos de consumidores mais devagar.

Os dados oficiais divulgados na segunda-feira mostram taxas de crescimento sem precedentes de mais de 30% para indicadores-chave, em grande parte devido a distorções em comparação com as paralisações do ano passado. O crescimento da produção industrial de 35,1% superou as expectativas dos economistas de 32,2%, refletindo um feriado de Ano Novo Lunar mais curto este ano, com o governo encorajando os trabalhadores a permanecerem nas fábricas em vez de voltarem para suas cidades natais.

Combinadas com fortes dados de exportação para janeiro e fevereiro, as estatísticas mostram que a China continuou em grande parte o padrão estabelecido no ano passado de uma recuperação baseada no crescimento da produção industrial para exportação e investimento em setores como o imobiliário — o que adiou os esforços de Pequim para balancear a economia dando prioridade à demanda doméstica do consumidor.

As vendas no varejo relatadas pelo bureau de estatísticas da China subiram 33,8% no período, superando a previsão de 32% de uma pesquisa da Bloomberg com economistas. Em uma base média de dois anos, que corrige a enorme queda vista no ano passado quando a China efetuou restrições contra a pandemia, o crescimento das vendas no varejo foi de 3,2%, um forte contraste com o crescimento de 8,1% na produção industrial no mesmo período.

Os dados mostraram que as vendas no varejo em fevereiro cresceram apenas 0,56% em relação ao mês anterior. Isso indica que "o Ano Novo Lunar pode ter tido um impulso mais fraco para o consumo nacional do que o esperado", segundo Bruce Pang, economista da China Renaissance Securities.

Leia Mais: China lidera crescimento recorde do PIB em meses de balanços de dados selvagens

O mercado de ações da China caiu nesta segunda-feira após os dados, com o Índice CSI 300 retraindo 3,0% às 2:20 p.m. em Xangai, depois de perder 2,2% na semana passada. O yuan enfraqueceu ligeiramente em relação ao dólar. O Banco Central manteve neutra a liquidez do mercado , levando as taxas do mercado monetário a subir com as preocupações persistentes sobre a liquidez.

A ação do banco central "apenas ajustou os vencimentos, indicando a intenção de aperto do Banco Popular da China", disse Xing Zhaopeng, economista do Australia & New Zealand Banking Group. "Desde o início deste ano, o PBOC drenou mais de 600 bilhões de yuans do mercado, a fim de conter bolhas de ativos."

Restrições de viagem

Antes das férias de ano novo — que caíram em fevereiro deste ano —, o governo impôs restrições de viagem para conter casos esporádicos de vírus em algumas partes do país. Isso ajudou a impulsionar a produção industrial, com fábricas permanecendo abertas ou retomando a produção mais cedo do que o habitual para atender à crescente demanda de exportação. Mas isso também conteve os gastos com viagens, restaurantes e atividades de lazer.

O investimento em ativos fixos subiu 35%, bem abaixo da projeção de 40,9%. Como o setor imobiliário tem sido o maior impulsionador do crescimento dos investimentos no último ano, isso provavelmente reflete o aperto de Pequim no financiamento para os desenvolvedores de imóveis. Economistas acreditam que o investimento dos fabricantes se fortaleça em 2021 após uma recuperação de seus lucros. No entanto, os números de investimento abaixo do esperado mostraram que os industriais ainda estão cautelosos, acrescentou Pang.

"Internamente, ainda se observa uma recuperação desequilibrada, e a base para a recuperação econômica ainda não é sólida", disse em comunicado Liu Aihua, porta-voz do departamento de estatísticas da China. A taxa de desemprego urbano de 5,5% em fevereiro permaneceu acima dos níveis pré-pandemia, com a percentagem entre os mais jovens particularmente elevada.


"Os números de vendas no varejo e consumo industrial foram amplamente acima das estimativas e mostram que há resiliência na economia", disse William Ping, diretor administrativo da Peaceful Investment Co. Ltd em Shenzhen. "Atualmente, minha única possível preocupação seria se a nação colocará ênfase suficiente no consumo interno a longo prazo", acrescentou.

A China ainda é a única grande economia a sair da pandemia após um rápido controle do vírus e o aumento da demanda global por bens médicos e dispositivos para o home office. A economia cresceu 2,3% em 2020 e a previsão dos economistas é uma expansão de 8,4% este ano.

O gráfico a seguir, com a contribuição dos países e regiões para o PIB, mostra a notória resiliência da economia chinesa. Com resultados positivos, e de certa forma expressivos nos últimos anos, tem se mostrado o motor que sempre está funcionando para impulsionar o crescimento global.



O governo está mirando um crescimento mais modesto "acima de 6%" em 2021, permitindo que o governo se concentre em desafios de longo prazo, como a atualização tecnológica e a redução do risco no sistema financeiro. Pequim sinalizou que quer reduzir seu estímulo pandêmico, com analistas prevendo uma redução gradual do apoio monetário e fiscal.

Poderíamos classificar esses resultados como mais do mesmo, a China sendo a fábrica do mundo e lutando para que sua população eleve o consumo e deixe de ter um nível de poupança muito elevado. Mas depois que o governo Trump infernizou a vida dos chineses, outro objetivo se tornou mais premente: o de transformar o Yuan em moeda de troca universal. Esse objetivo não é simples, e desbancar o dólar vai demorar.

Um dos pré-requisitos é que exista um mercado de títulos suficientemente grande para que os investidores possam aplicar seus recursos nessa moeda, além de se mostrar interessante em termos de retorno.

Esse último requisito já vem acontecendo nos últimos anos, como mostra o estudo a seguir elaborado pela Gavekal.  O primeiro gráfico aponta que a moeda com melhor retorno em dólares durante a pandemia foi o Yuan; o segundo mostra que, num período de 10 anos, o investimento em títulos chineses é muito superior a todos os investimentos em títulos de 1 ano nas principais moedas (libra esterlina, dólar, euro e yen).



Em termos de balança comercial, a Ásia se tornou naturalmente o maior parceiro da China, o que era de se esperar. Mas o que talvez não seja de se esperar é que a Europa já é o segundo parceiro, ultrapassando os EUA — e nós, como se diz em linguagem coloquial, ficamos na rabeira — “o cocô do cavalo do bandido”.



Outro dado interessante, e também de certa forma surpreendente, é que os circuitos integrados correspondem a um volume de importações pela China superior ao do petróleo, indicando claramente a direção apontada pela economia chinesa.



Tirem suas próprias conclusões!

No post http://o-mercado-odeia-surpresas, aventei duas possibilidades para o próximo movimento do dólar. A que acabou prevalecendo foi: ... “Se AB (verde) for uma correção, seria esperada uma queda ao redor de R$ 5,10, para só em seguida voltar a subir” ...



O banco central brasileiro entrou de forma firme, oferecendo contratos de swap de dólar, desde a decisão do Ministro Fachin de anular as condenações do Lula. Essa ação provocou a queda do dólar muito próxima de onde a análise técnica sugeria (destacada a seguir com a elipse em azul). A análise que eu tinha proposto foi alterada por efeitos secundários: ao invés de um triângulo, a configuração que se forma é denominada de Correção Complexa.



Como destacado acima, um movimento de ida e vinda, que deve durar algumas semanas, teria como objetivo final R$ 5,27 ou, caso ultrapasse esse patamar, R$ 5,12.

Destaco que desde maio do ano anterior, onde o dólar atingiu a máxima de R$ 5,97, a moeda brasileira se encontra dentro de um intervalo compreendido entre R$ 5,00 e R$ 5,80, sem haver uma definição. Esse período tem se mostrado mais extenso do que se poderia esperar, mas do ponto de vista técnico materializa uma alta do dólar acima do nível máximo apontado acima.

Em situações como essa, é prudente que só se tome alguma posição em níveis extremos, pois dessa forma o stop loss pode ficar em planos compatíveis com o risco.

O SP500 fechou a 3.968, com alta de 0,65%; o USDBRL a R$ 5,6420, com alta de 1,62%; o EURUSD a 1,1929, com queda de 0,22%; e o ouro a U$ 1.730, com alta de 0,26%.

Fique ligado!

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