Caverna 2021 #SP500

 


Os mercados estão apostando firmemente na normalização das atividades dentro em breve. Naturalmente esse desejo se modifica país a país em função da velocidade de vacinação e o status da pandemia, aqui no Brasil não está nada animador, com grande chance de lock-down em diversos estados, pode acontecer em breve.

Ao mesmo tempo, me deparo com artigos como o que vou compartilhar hoje com mudanças importantes no comportamento das pessoas, e com contrapartida das empresas.

Stefan Nicola da Bloomberg reporta que diversas empresas estão adotando semana com quatro dias de trabalho.

Quando o mundo entrou em confinamento no ano passado, os 1.000 funcionários da empresa de tecnologia com sede em Berlim Awin fez o que milhões de outros fizeram: eles abriram seus laptops e começaram a trabalhar da cozinha ou sala de jantar. Ao mesmo tempo, a Awin começou a funcionar seu negócio com varejistas online, que disparou, colocando intensa pressão sobre os funcionários. Então, na primavera passada, a empresa disse a todos para terminar em torno da hora do almoço todas as sextas-feiras para facilitar o fim de semana. O experimento foi tão bem-sucedido — vendas, engajamento dos funcionários e satisfação dos clientes aumentaram — que, em janeiro, Awin decidiu dar um passo adiante, lançando uma semana de quatro dias para toda a empresa sem cortes nos salários ou benefícios. "Acreditamos firmemente que funcionários felizes, engajados e bem equilibrados produzem um trabalho muito melhor", diz o diretor executivo Adam Ross. Eles "encontram maneiras de trabalhar mais inteligentes, e eles são tão produtivos."

Awin está na vanguarda de uma tendência que está recebendo maior atenção em todo o mundo. O site de empregos ZipRecruiter diz que a participação de postagens que mencionam uma semana de quatro dias triplicou nos últimos três anos, para 62 por 10.000. A Gigante de bens de consumo Unilever Plc, em dezembro, começou um experimento de trabalho por 4 dias na semana para sua equipe neozelandesa. O governo da Espanha está considerando uma proposta para subsidiar empresas que oferecem uma semana de quatro dias. E mesmo no Japão, cuja língua inclui a palavra karoshi— morte por excesso de trabalho — os legisladores estão discutindo uma proposta de conceder aos funcionários um dia de folga todas as semanas para proteger seu bem-estar.

Trabalhadores e até muitos funcionários de escritório costumavam aparecer no trabalho seis ou sete dias por semana, embora no final do século XIX a maioria pelo menos tivesse domingo de folga. Em 1926, Henry Ford decidiu dar aos trabalhadores dois dias grátis por semana, argumentando que comprariam mais carros se tivessem mais tempo livre. Eles fizeram, e no final da década seguinte a maioria dos fabricantes americanos tinha seguido sua liderança. Demorou um pouco mais para outro lugar, com a Alemanha eliminando os turnos de sábado apenas na década de 1960, depois que os sindicatos fizeram campanhas dizendo que as crianças precisam de mais tempo com seus pais. Nas últimas duas décadas, o tempo de trabalho nos países desenvolvidos diminuiu gradualmente; A França liderou o caminho em 2000 com a adoção de uma semana de trabalho de 35 horas. "Muitas economias desenvolvidas enfrentam uma escassez de mão-de-obra qualificada", diz Terry Gregory, pesquisador do Instituto Alemão de Economia do Trabalho. "Isso dá aos trabalhadores mais poder para exigir menos horas de trabalho."

A aceitação ampla de uma semana de quatro dias pode ser mais difícil. Jack Ma, o bilionário co-fundador da gigante chinesa de comércio eletrônico Alibaba Group Holding Ltd., frequentemente saúda a cultura de trabalho "996" de seu país — 9 a.m. a 9 p.m., seis dias por semana — como vital para o sucesso a longo prazo. No Reino Unido, o Partido Trabalhista perdeu as eleições gerais de 2019, mesmo fazendo campanha com a promessa de reduzir a semana de trabalho padrão para 32 horas em uma década. E os chefes estão relutantes em reduzir horas sem cortar os salários, temendo que a produção caia. "Os funcionários executam uma tarefa de forma mais eficiente quanto mais fazem isso", diz Holger Schäfer, analista de mercado de trabalho do Instituto Econômico Alemão em Colônia. "Eu não acredito que realmente haverá ganhos de produtividade provenientes de menor tempo de trabalho."

No entanto, como a pandemia desacelerou o crescimento e aumentou a desigualdade, há um novo impulso para reprojetar locais de trabalho. Quase dois terços das empresas com um relatório de quatro dias semanais melhoraram a produtividade, de acordo com um estudo da Universidade de Reading. Um grupo liderado pelo ex-chanceler britânico John McDonnell escreveu uma carta a líderes como Joe Biden, Boris Johnson e Angela Merkel instando-os a adotar uma semana de quatro dias para salvar empregos, repensar padrões de trabalho e reduzir o consumo de energia. Em agosto, o sindicato alemão IG Metall, de 2,3 milhões de membros, propôs uma semana de trabalho mais curta em resposta à crise de saúde e às mudanças sísmicas na indústria automobilística, que precisará de menos mãos de fabricação à medida que se desloca para veículos elétricos. Montadora francesa Renault SA está dando cerca de 13.000 funcionários Sextas-feiras de folga até meados de agosto, enquanto busca cortar custos à medida que as encomendas caíram. (Os trabalhadores receberão o mesmo, mas só porque seus salários são parcelados com o seguro-desemprego estatal.)

O CEO da Awin, Ross, diz que a semana de quatro dias tem o objetivo de manter os engenheiros de software e gerentes de contas que ajudam pessoas como Asos, Nike e Samsung a se conectarem com blogueiros, influenciadores e editores. Houve alguns problemas de escalas, como decidir quem estará de folga quando (os funcionários podem escolher o dia em que querem ficar longe ou tirar dois dias e meio), exigir que o departamento financeiro fique em torno de cinco dias por semana durante o período de relatórios de janeiro, e garantir que as solicitações dos clientes que chegam às sextas-feiras recebem atenção imediata.

Awin avaliará os resultados do programa de testes neste verão, mas Ross diz que a experiência tem sido tão positiva que ele não pode imaginar voltar. O CEO sentiu a mudança ele mesmo: Depois de registrar viagens semanais para Berlim de Londres por seis anos, ele agora desfruta de um dia livre toda semana, permitindo que ele passe tempo com sua família ou pense no que vem a seguir. As empresas costumavam "fazer provisões para a saúde física das pessoas, mas nunca para sua saúde mental", diz Ross. "Eu vejo isso mudando, e nós queremos ser um pioneiro."

Quando estava fazendo ginástica pela manhã, fiquei pensando qual a diferença entre os homens da Caverna, como assim os conhecemos, e a vida hoje com as consequências da pandemia. Incialmente, refleti como era naquela época: moradia para a família, caça para os alimentos, e armas para se proteger de intrusos ou animais. Existia muito pouco contato com outros humanos. Hoje: moradia com mais conforto que no passado, deliver ou preparação dos alimentos, contato com o trabalho ou escola através de aplicativos e muito pouco contato com o exterior e outras pessoas. Lógico que nem todos se enquadram nesse perfil, mas uma grande maioria.

Olhe para seu armário e me diga honestamente se pretende usar 30% das roupas que estão lá, e pior, provavelmente daqui em diante serão mais confortáveis e mesmo Fashion. O seu carro tem o mesmo uso como no passado? Viagens nem pensar nesse momento, a não ser as que se pode ir de carro, que não são muitas. Nos acostumamos a uma vida menos consumista.

Vou apresentar algumas tendências que surgiram hoje nos relatórios, mas que se repetem com frequência, para sustentar minhas ideias. Por exemplo veja o aumento dos gastos em construções com residências e escritórios nos EUA.



A ocupação em hotéis está muito distante ainda dos níveis existentes no passado. Em nenhum momento após a pandemia apresentou uma ocupação próximo ao que prevalecia.



O leitor poderá me questionar dizendo que ainda não voltamos ao normal, e que isso deverá ocorrer quando boa parte da população do mundo estiver vacinada. É verdade, existe uma enorme expectativa de todos não tendo muitas dúvidas que no início será um boom, com uma demanda reprimida. Quero deixar registrado que nesse cenário otimista, me assusta um pouco as mutações que estão ocorrendo, o que já de cara poderia minar essa iniciativa. Além do mais, os infectologistas vêm dizendo que haverá a necessidade de se vacinar periodicamente, anualmente? Todo o planeta? Se esse for o caso, será que vamos voltar a vida normal do passado ou nos adaptar a uma nova vida sem tanto consumo?

Agora vou mudar o foco para aos bancos centrais e governos que estão fazendo de tudo para manter as empresas vivas, distribuindo dinheiro a população na esperança de que tudo volte ao normal. Essa atitude está criando um divisor que denomino em: ativos digitais versus ativos reais e de consumo.

Como não tem muito onde gastar, o dinheiro permanece nos ativos digitais e com sua valorização crescente nos ativos, surgem aberrações como a que ocorre no NBA Top Shot, que é uma plataforma blockchain que permite fãs comprar, vender, versões numeradas especificas de vídeo e figuras, oficialmente licenciadas. Veja o preço das figuras a seguir.

Como alguém pode pagar o equivalente a U$ 30.000 em várias delas? E porque o coitadinho do #5734 vale só U$ 204!

Enquanto o dinheiro se encontra nos ativos digitais aberrações desse tipo ocorrem, afinal não tem muita coisa a se comprar no mundo real.

Esse assunto poderia continuar por muitas páginas, mas acredito que minhas ideias permitem que eu chegue no ponto final do meu raciocínio. Se não tem muita coisa para comprar ou consumir na caverna, para que serve tantos recursos digitas? Pois, não tem onde passear com a Ferrari (ou ninguém vai ver), comprar roupas caríssimas de marca, joias, viagens dos sonhos e etc.?

Admito que posso estar viajando na maionese como se diz coloquialmente, e também não acredito que será tão extremado, mas basta a demanda global cair 10% a 15% para criar um grande problema as empresas, e em consequência, aos trabalhadores.

Tudo isso não irá acontecer no curto prazo, pois acredito que uma onda de consumismo irá ocorrer com a vacinação, mas será que daqui a 2 a 3 anos, voltaremos ao normal, sem máscara, restaurantes cheios, festas e etc...? Nesse meu mundo hipotético o problema não é inflação, mas sim deflação. Bem-vindo a Caverna 2021!

No post saiu-mal-na-fita, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ...” Desta forma, podemos esperar mais altas até abril, porem de forma tortuosa (como estou enxergando agora). Essa estratégia fica válida desde que o SP500 não caia abaixo de 3.694” ...



Se tem alguma coisa que aprendi nos mercados financeiros é que quando estiver em dúvida não faça nada, é difícil, mas é o mais aconselhável. E, é como continuou ainda! Por exemplo, ao ler esse post mencionado, notei que existe outra possibilidade tão factível como essa.

Vou buscar apresentar o que essas duas alternativas diferem entre si. Incialmente a seguir uma atualização apresentado acima.



Eu procurei enfatizar as várias idas e vindas que o índice deveria percorrer para tingir um objetivo ao redor de 4.050. Em seguida, um período mais “chatinho” para dizer pouco, que levaria o SP500 ao redor de 3.600/3.700.

Uma outra possibilidade muito mais construtiva, o SP500 estaria num estágio final de uma correção pequena e pronto para voar, cujo primeiro objetivo seria em 4.220, conforme as linhas laranja traçadas.




Lógico que se alguém me desse certeza em qual dos dois cenários a bolsa está envolvida eu saberia o que fazer. E não dá para mergulhar, se o primeiro cenário ocorrer.

Mas conforme o mercado evolui as coisas devem ficar mais claras para onde está pendendo. Numa janela menor, a sequência desde a última sexta-feira deixa uma pista caso ultrapasse 3.920 – cresce a chance do segundo.

Mas saber ficar fora do mercado sem posições é um ensinamento. Sempre considere que essa não é a última chance, nem tampouco não poderemos entrar no mercado, mesmo em níveis piores que o atual.

O SP500 fechou a 3.870, com queda de 0,81%; o USDBRL a R$ 5,6761, com alta de 0,61%; o EURUSD a 1,2089, com alta de 0,42%; e o ouro a U$ 1.737, com alta de 0,75%.

Fique ligado!

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