O Dia V! #juros de 10 anos

 


Hoje tomei a primeira dose da vacina Coronavac. Uhuuu! É uma sensação estranha: por um lado, uma certa excitação de um momento tão esperado dados os riscos com qual convivemos nos últimos tempos; por outro lado, uma ação simples de tomar uma vacina, como as dezenas já tomadas na minha vida, pode ser algo tão importante assim?

Uma dica para quem vai se vacinar: Como a grande maioria das pessoas que estão na fila têm a sua idade, você pode fazer uma comparação de seu estado físico na sua faixa etária. Na minha amostra acho que estou muito bem – sem roubar! Hahaha ...

O mercado financeiro me tornou uma pessoa muito pragmática. Quantas não foram as vezes em que o lucro estava no bolso, sob minha ótica, e sumiu ou até virou prejuízo. Talvez a melhor passagem tenha ocorrido no ano de 1991, quando o Banco Garantia resolveu peitar o Banco Central comprando ouro às toneladas. Naquele momento, o único provedor de porte era o BCB.

Eu estava no BFB e entrei na onda, esse momento era logo após o anúncio do plano Collor. Fiz uma posição para o banco de U$ 10 milhões e estava com lucro de U$ 1,0 milhão, nada mal para essa posição. Mas a volatilidade era muito grande e qualquer desatenção era perigoso. Entrei numa reunião que durou uma hora — não esqueçam, nem celular existia —, voltei à minha sala e o lucro de U$ 1,0 milhão virou prejuízo de mesma magnitude, uma queda de 20% em 1 hora!

Essa batalha entre o Garantia e o Banco Central, cujo Presidente na época era o astuto Ibrahim Eris, culminou com o Garantia pedindo “penico” à autoridade, pois ficou sendo o único detentor (ou quase isso) de todo o ouro vendido. O BCB deu liquidez a um preço módico, para ele é claro. O Garantia realizou um belo prejuízo!

Mas porque toda essa introdução? A vacina predominante aqui no Brasil no momento é a Coronavac, de origem chinesa e fabricação local, pela falta de visão do governo — que não comprou as outras marcas na hora certa.

Eu recebi alguns dados que colocam algumas dúvidas sobre sua eficácia contra a variante brasileira do vírus, embora não haja nenhuma manifestação das autoridades sobre esse assunto.

Incialmente, o quadro a seguir elaborado pelo banco Goldman Sachs não é muito animador, relatando que estudos preliminares apontam falhas em neutralizar eficientemente as variantes do vírus.



Em segundo lugar, o Chile tem sido um exemplo na velocidade de vacinação de sua população e coloca-se entre os mais eficientes globalmente. Como a figura abaixo aponta, a grande maioria foi vacinada com a mesma Coronavac. A grande surpresa nesse país é o recente anúncio de um lock-down muito rigoroso, que só faria sentido caso as vacinas não estejam se mostrado tão eficientes.



Bem, eu tomei mesmo assim — afinal, é melhor arriscar com a vacina tomada que sem ela, mas vou manter grande parte das medidas para evitar o contágio, mesmo depois de tomar a segunda dose. Na pior das hipóteses, tomo outra no futuro que se mostrar mais segura.

Agora, um artigo de Andreas Kluth na Bloomberg aponta para um quadro incerto sobre o futuro da pandemia no mundo, cujo título é:

Devemos planejar uma pandemia permanente

No último ano, uma suposição — às vezes explícita, muitas vezes tácita — fundamentou quase todos os nossos pensamentos sobre a pandemia: Em algum momento, ela vai acabar, e então voltaremos "ao normal".

Esta premissa está quase certamente errada. O SARS-CoV-2, metamórfico e esquivo como é, pode se tornar nosso inimigo permanente, como a gripe, mas pior. E mesmo que eventualmente desapareça, nossas vidas e rotinas já terão mudado irreversivelmente. Voltar não será uma opção; o único caminho é para a frente. Mas para o quê, exatamente?

A maioria das epidemias desaparece quando as populações atingem a imunidade de rebanho e o patógeno tem poucos hospedeiros vulneráveis disponíveis para sua auto propagação. Essa proteção de rebanho surge através da combinação de imunidade natural em pessoas que se recuperaram da infecção em conjunto com a vacinação da população restante.

No caso do SARS-CoV-2, no entanto, desenvolvimentos recentes sugerem que talvez nunca alcancemos a imunidade de rebanho. Mesmo os EUA, que lideram a maioria dos outros países em vacinação e já tiveram grandes surtos, não chegarão lá. Esse é o resultado de uma análise de Christopher Murray na Universidade de Washington e Peter Piot na London School of Hygiene and Tropical Medicine.

A principal razão é o surgimento contínuo de novas variantes que se comportam quase como novos vírus. Um teste clínico de vacina na África do Sul mostrou que as pessoas do grupo placebo que haviam sido infectadas anteriormente com uma cepa não tinham imunidade contra seu descendente mutante e foram reinfectadas. Há relatos semelhantes de partes do Brasil que tiveram surtos maciços e, posteriormente, sofreram novas epidemias.

Isso deixa apenas a vacinação como um caminho para a imunidade duradoura do rebanho. E, reconhecidamente, alguns das vacinas disponíveis hoje ainda são pouco eficazes contra algumas das novas variantes. Mas com o tempo elas se tornarão impotentes contra as próximas mutações.

Claro, os fabricantes de vacinas já estão trabalhando febrilmente na fabricação de novos vacinas. Em particular, as inoculações baseadas na revolucionária tecnologia mRNA que descrevi anteriormente podem ser atualizadas mais rapidamente do que qualquer vacina na história. Mas o soro ainda precisa ser feito, enviado, distribuído e aplicado.

E esse processo não acontecerá rápido o suficiente, nem cobrir o planeta de forma ampla o suficiente. Sim, alguns de nós podem ganhar uma ou duas rodadas regionais contra o vírus, vacinando uma população em particular — como Israel tem feito, por exemplo. Mas a evolução não liga para onde faz seu trabalho, e o vírus se replica onde quer que encontre corpos quentes e não vacinados, com células que lhe permitam reproduzir seu RNA. À medida que se copia, comete erros ocasionais de codificação. E alguns desses erros aleatórios se transformam em mais mutações.

Esses avatares virais estão aparecendo onde quer que haja muita transmissão acontecendo e alguém resolva olhar de perto. Um britânico, um sul-africano e pelo menos uma cepa brasileira já se tornaram notórios, mas também vi relatos de primos e sobrinhos virais aparecendo na Califórnia, Oregon e em outros lugares. Se tivéssemos amostras em mais lugares, provavelmente encontraríamos ainda mais parentes.

Devemos, portanto, supor que o vírus já está se transformando rapidamente nos muitos países pobres que até agora não receberam nenhuma vacina, mesmo que suas populações jovens mantenham a mortalidade controlável e, assim, mascarem a gravidade dos surtos locais. No mês passado, Antonio Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, lembrou ao mundo que 75% de todas as vacinações foram administradas em apenas 10 países, enquanto outros 130 não haviam preparado uma única seringa.

A evolução de um patógeno não é surpreendente nem automaticamente preocupante. Um padrão frequente é que os insetos ao longo do tempo se tornam mais contagiosos, mas menos virulentos. Afinal, não matar seu hospedeiro de forma muito eficiente confere uma vantagem na seleção natural. Se o SARS-CoV-2 for por esse caminho, eventualmente se tornará apenas mais um resfriado comum.

Mas não é isso que tem feito recentemente. As variantes que conhecemos tornaram-se mais infecciosas, mas não menos letais. Do ponto de vista epidemiológico, essa é a pior notícia.

Os mercados estão extremamente otimistas quanto ao resultado da vacinação, projetando a volta de uma vida normal. Essa animação é tamanha que o pêndulo pendeu para o outro lado, levando a um receio de aumento da inflação pelo excesso de demanda.

Eu sugiro acompanhar as notícias nesse front e torcer para que o mercado esteja certo — afinal, que graça terá a vida incrustados dentro de casa!

Hoje foi publicado o índice de inflação que o Fed usa para a definição da política monetária — o PCE. O resultado Core, que retira os itens voláteis como alimentos e combustíveis, em fevereiro subiu 0,09% e em 12 meses ficou em 1,41%. Por enquanto, nenhum problema por aqui.

No post hcontra-o-fluxo-nao-tem-argumentos, fiz os seguintes comentários sobre o juros de 10 anos: ...” As taxas ultrapassaram o limite de 1,5% a.a.. Sendo assim, a tendência de baixa que eu tinha — mas na qual não apostava — fica eliminada no curto prazo. No gráfico a seguir, traço uma possível trajetória para o curto prazo. De imediato, o juro poderia atingir 1,4% a.a., para depois rumar para algo ao redor de 2,0% a.a.” ... ...” Do ponto de vista dos fundamentos, não acredito que 2% a.a. seja algo assustador — afinal, com a economia entrando nos eixos, não vejo por que a taxa teria que ficar tão baixa. Inclusive, no tempo, deveria ultrapassar esse nível — o que importa aqui é a velocidade, bem como a inflação” ...



As taxas acabaram não se retraindo ao nível esperado de 1,4%, atingindo apenas 1,5% a.a. Desta forma, a marcha rumo aos 2% a.a. volta à cena. Por se tratar de uma onda V - em amarelo, poderá ser de forma mais “tortuosa”. Depois de atingida essa marca, uma retração que poderá perdurar por algumas semanas deveria levar os juros ao patamar de 1,5%.




O que poderia acontecer para essa queda para 1,5% se materializar? Vejo 3 possibilidades: inflação menor; atuação do Fed; ou elevação de número de infectados pelo corona vírus em sua versão atualizada. Espero que não seja esta última.

Estou entrando em uma posição que aguardava o momento: compra de SP500 a 3.920 com stoploss a 3.850 e monitorando o dólar que está chegando ao nível apontado no post ate-eu.


O SP500 fechou a 3.974, com alta de 1,66%; o USDBRL a R$ 5,7506, com alta de 1,83%; o EURUSD a 1,1792, com alta de 0,24%; e o ouro a U$ 1.732.

Fique ligado!


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