Você sabe o que é CAPE Ratio? #usdbrl

 

Não é porque eu uso a análise técnica como base para os investimentos que não acompanho análises fundamentalistas. A combinação entre ambas é perfeita. Quando os fundamentos estão alinhados com a técnica, a confiança aumenta.

Um indicador bastante usado no mercado de ações para analisar se a bolsa de valores está cara ou barata é o CAPE Ratio. Acredito que alguns leitores não conhecem esse indicador, vamos ver o que significa.

O CAPE Ratio (também conhecido como Shiller P/E ou PE 10 Ratio) é um acrônimo para Cyclically-Adjusted Price-to-Earnings Ratio [Razão Preço-Lucro Ciclicamente Ajustada]. A razão é calculada dividindo o preço das ações de uma empresa pela média dos ganhos da companhia nos últimos dez anos, corrigidos pela inflação.

A razão CAPE é uma variação do Relação Preço-Lucro (P/E). Semelhante à relação P/E, a relação CAPE visa indicar se uma ação está desvalorizada ou supervalorizado.

O índice CAPE permite avaliar a rentabilidade de uma empresa em diferentes períodos de um ciclo econômico. A relação também considera flutuações econômicas, incluindo a expansão da economia e a recessão. Essencialmente, fornece uma visão mais ampla da rentabilidade de uma empresa, suavizando os efeitos cíclicos da economia.

A relação CAPE foi derivada por Robert Shiller, economista americano e ganhador do Prêmio Nobel de Economia.

Uma relação CAPE extremamente alta significa que o preço das ações de uma empresa é substancialmente maior do que os ganhos da empresa indicariam e, portanto, supervalorizado. Espera-se que o mercado eventualmente corrija o preço das ações da empresa, empurrando-o para baixo para seu verdadeiro valor.

No passado, a relação CAPE provou sua importância na identificação de potenciais bolhas e quebras de mercado. A média histórica da razão para o Índice S&P 500 está entre 15-16, enquanto os níveis mais altos da razão ultrapassaram 30. Os níveis recordes ocorreram três vezes na história dos mercados financeiros dos EUA. A primeira foi em 1929, antes da queda de Wall Street que sinalizou o início do Grande Depressão. O segundo foi no final da década de 1990 antes do Acidente do Dotcom, e o terceiro veio em 2007 antes da Crise Financeira de 2007-2008.

Michael Batnick traz um artigo contendo a avaliação desse índice em conjunto com estatísticas de resultados futuros da bolsa americana.

Vamos viajar de volta no tempo para junho de 2014. O Cleveland Cavaliers tinha acabado de fazer de Andrew Wiggins sua primeira contratação. "Fancy", de Iggy Azalea, era a música #1 nas paradas. O quarto filme dos Transformers, aquele com Mark Wahlberg, foi o filme de sucesso do verão. E a relação CAPE atingia 25 pela terceira vez nos últimos cem anos.



Muito se falou desse número arbitrário na época. Vindo de um ganho de 32% no ano anterior, que havia sido o maior retorno anual desde 1997, a cautela era justificada. Algumas pessoas estavam prevendo um crash. Outros diziam aos investidores para esperar retornos mais baixos dali em diante. Ambos estavam errados.

Historicamente, as avaliações têm feito um trabalho decente na previsão de retornos futuros, como você pode ver no gráfico abaixo.



De um modo geral, avaliações baixas levam a retornos maiores, e altas valorizações a retornos mais baixos. Mas nos 7 anos desde que o índice CAPE atingiu 25 em 2014, o S&P 500 cresceu a uma taxa anual de14%. Mesmo que não ganhe nada nos próximos 3 anos, terá rendido 9,3% anualizados em um período de 10 anos. Esse seria o período de 10 anos mais forte após o CAPE de 25.

Venho escrevendo há anos sobre como a relação média do CAPE tem aumentado ao longo do tempo, o que você pode ver abaixo em vermelho. Na Crise Financeira Global (2007-2008), o CAPE ficou abaixo de sua média por cerca de um minuto. No mercado de baixa de março de 2020, quando o S&P 500 perdeu 34%, o CAPE caiu abaixo de 25 por um segundo. Nos 377 meses desde 1990, o CAPE esteve acima da média de longo prazo em 367 deles, ou 97% do tempo. As médias históricas devem ser vistas com cautela.



A boa notícia é que o mercado não se importa há muitos anos com a relação CAPE piscando uma luz amarela. A má notícia é que avaliações importam de fato, e estamos nos aproximando de uma luz vermelha. Eu não me importo como você mede as coisas, mas 37 no CAPE é um número alto pra burro. Se você está esperando que os próximos dez anos de retornos se pareçam com os últimos dez, você vai ficar severamente desapontado.

Eu adoraria estar errado aqui, mas em algum momento, essas coisas importam.

A lição dos últimos 7 anos é que baixar suas expectativas faz muito mais sentido do que fazer mudanças em seu portfólio por atacado. Trancar tudo por causa de uma tempestade que nunca chega não é nenhum jeito de construir um portfólio. Tenha sua esperança no melhor, prepare-se mentalmente para o pior.

Ficou preocupado com nossa posição na bolsa americana? O resultado obtido sob qualquer métrica fundamentalista nos tempos atuais será elevado. Acredito que existam três razões para esses extremos: a primeira, a taxa de juros muito baixa combinada com a injeção de liquidez pela maior parte os bancos centrais; a segunda, as perspectivas de crescimento sólidas para a economia americana; e por último, mas não mesmo importante, a mudança na composição do SP500 com cada vez mais empresas de tecnologia.

Aprendemos que a empresas de Growth — onde se enquadra boa parte das empresas de tecnologia — têm múltiplos elevados por princípio, pois espera-se que seus lucros cresçam de forma mais acelerada no futuro.

A participação das empresas de Growth no índice SP500 cresceu de forma sistemática durante os últimos 10 anos. Desta forma, o cálculo do CAPE 10 anos atrás incluía menos lucros dessas empresas. Sendo assim, e considerando que o CAPE Ratio considera os lucros passados, não seria razoável supor um índice hoje mais elevado que o considerado normal à época?

Por outro lado, se essas empresas não entregarem os lucros projetados, a bolsa irá sofrer — mas esse não é o espírito desse post, e sim entender o CAPE Ratio, saber onde se encontra, e avaliar se está num extremo indicando algum risco.

No post bolhas-racionais, fiz os seguintes comentários sobre o dólar: ... “ Por enquanto o dólar está seguindo bem os movimentos de acordo com o esperado, uma pequena correção deveria levar a moeda ao intervalo de R$ 5,48 / R$ 5,53, para em seguida voltar a cair” ...



Iniciamos uma operação de venda de dólar dentro dos parâmetros acima. A teoria de Elliot Wave poderia ser explicada com esse movimento do real, parece estar seguindo o livro-texto. Conforme vocês poderão notar no gráfico a seguir, um ponto de suporte se aproxima entre R$ 5,20/R$ 5,13. Vou fazer algo que não costumo, com intuito de testar a teoria na prática, zerando a posição a R$ 5,15.



No retângulo em azul o dólar deveria reverter a queda e um movimento de correção o levaria para R$ 5,40 onde pretendemos entrar novamente, para em seguida voltar a cair e terminar o ciclo de queda ao redor de R$ 4,90. Enfatizo que esse níveis estão sujeitos a ajuste conforme o movimento se desenrola.

Muita coisa pode sair diferente do planejado, por exemplo, a queda atual não se limitar ao retângulo, ou o ponto de entrada na sequência ser inferior. Com tudo isso, vou arriscar uma postura mais ativa.

Uma forma de explicar o que quis dizer com um movimento livro-texto pode ser visto no gráfico com a quantidade de retângulos em verde nos diversos vértices. Isso indica que o movimento transcorreu dentro dos níveis considerados mais prováveis.

O SP500 fechou a 4.188, com queda de 1,04%; o USDBRL a R$ 5,2272, com queda de 0,18%; o EURUSD a 1,2135, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 1.836, com alta de 0,30%.

Fique ligado!

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