Uma miragem #eurousd
É
impressionante como alguns dogmas econômicos estão sendo desafiados nos últimos
tempos. Se eu tivesse que escolher, acredito que os juro negativo é o mais
chocante. Me recordo uma passagem da minha vida econômica ao redor de 1987,
quando trabalhava na Tendencia e o diretor de investimentos propôs uma operação
com risco aparentemente muito baixo.
A
ideia era vender uma opção de venda relativa aos juros do título governamental
japonês (não me recordo o vencimento) recebendo um prêmio. O nível de juros do
exercício dessa opção era de 0,25% a.a. No mercado à vista, a taxa se
encontrava próxima desse nível, e a aposta era de que não poderia cair mais—
afinal, quanto se poderia perder?
Me
recordo que naquele momento esse diretor disse “quanto pode cair os juros,
menor que zero impossível!”. Ainda bem que não fizemos essa operação nos dias
de hoje!
Ontem, o spread dos rendimentos de 10 anos dos títulos da
Grécia caiu para seu nível mais baixo desde 2008, a apenas 107 pontos-base.
Isso está muito longe do pico no início de 2010, quando a reestruturação da
dívida e a crise soberana europeia viram os spreads explodirem.
O que é ainda mais notável, no entanto, é que esse aperto
ocorreu apesar do fato de que a dívida pública da Grécia continuou a subir
desde então, e agora está em mais de 200% do PIB, graças à pandemia.
No entanto, grande parte dessa dívida é detida pelo setor
“oficial” e é concessional, o que torna as métricas dívida / PIB tradicionais
muito menos relevantes. Na verdade, com os bancos centrais detendo enormes
participações em títulos de outros países, isso também pode ser considerado o
caso em muitos países altamente endividados.
Essa intervenção “oficial” do setor em títulos do governo
mudou a ortodoxia dos anos imediatamente posteriores ao GFC – Grand
Financial Crisis . Naquela época, os governos foram forçados a uma rápida
austeridade para garantir que não veriam uma crise soberana desastrosa. Hoje,
com a dívida muito mais alta, mas com enorme envolvimento do setor “oficial”,
nenhum comentarista sério está falando sobre risco soberano de curto a médio
prazo. Isso provavelmente torna mais fácil a política fiscal ficar muito mais
flexível após a pandemia do que após a GFC, com todo o crescimento, inflação e
implicações de longo prazo associadas.
Se esse gráfico for levado a uma sala de aula de um curso de economia, garanto que a totalidade dos alunos, inclusive o professor, diriam que a ilustração está errada, o spread que identifica a dívida da Grécia está invertido, ou seja, o spread deve ter explodido.
Bem,
mas como sempre digo, economistas trocam de opinião como eu troco de camisa, e
achariam uma boa explicação. A verdade é que os monetaristas estão perdendo a
batalha para os Keynesianos.
Para
os leitores que não estão muito familiarizados com esses conceitos veja a
seguir as definições do Wikipédia.
Monetarismo é uma teoria de economia
monetária que
enfatiza o papel da política
monetária para
a estabilidade macroeconômica de uma economia de mercado através de
instrumentos como alteração na oferta de moeda e
de outros meios de pagamento. Economistas monetaristas
entendem que os objetivos da política monetária são cumpridos de maneira melhor
ao criar metas de aumento da oferta monetária, e não ao engajar em política
monetária discricionária.
A escola
Keynesiana ou Keynesianismo é a teoria econômica
oposta às concepções liberais, fundamentada na afirmação do Estado como agente
indispensável de controle da economia, com objetivo de conduzir a um sistema
de pleno
emprego.
Tais teorias tiveram uma enorme influência na renovação das teorias clássicas e
na reformulação da política de livre mercado.
A
escola keynesiana se fundamenta no princípio de que o ciclo econômico não é
autorregulado como defendem os neoclássicos, uma vez que é determinado por um
suposto "espírito animal" (animal spirit no original em
inglês) dos empresários. É por esse motivo que Keynes defende a intervenção do
Estado na economia.
O Mosca,
que foi formado na escola monetarista, sente desconfiança do modelo intervencionista
— afinal, o governo emprega mal o capital e é ineficiente. Existem alguns
fatores no estado atual da economia que enfraquecem o monetarismo. Do conceito
básico relativos aos fatores básicos de produção: Capital, Trabalho e Terra,
todos sem exceção são muito abundantes.
Tudo
bem, vamos nessa, agora: um país que aumenta seu endividamento e sua taxa de
risco cai, só pode ser uma miragem!
Já que o assunto é Europa, vou comentar sobre o dólar. No post a-china-estraga-festa, fiz os seguintes comentários: ... “Ainda não se pode estabelecer com mais assertividade o nível de entrada. Uma simulação apontaria para algo entre € 1,2160/ € 1,2120, que nessa nova visão colocaria o stop loss em € 1,2040. Acompanhem o Mosca, que indicará quando entrar” ...
Hoje pela manhã, na Reunião da Rosenberg, ao comentar sobre o euro e minha indefinição em relação ao nível de entrada, um dos participantes disse “não sei porque você está na dúvida, eu já comprei usando suas informações”. Entendi o recado e parece que faltava um trabalho mais pormenorizado na moeda única. Foi o que fiz na sequência.
Parece que existe um bom nível de entrada com um stop loss bastante curto. Na verdade, esta opção também será um trade oportunista como podem ver acima. Minha sugestão é comprar euro a € 1,22 com stop loss a € 1,2110, com target inicial de € 1,257/1,26.
O
SP500 fechou a 4.195, com alta de 0,19%; o USDBRL a R$ 5,3080, com queda de
0,45%; o EURUSD a € 1,2193, com queda de 0,47%; e o
ouro a U$ 1.895, com queda de 0,19%.
Fique
ligado!
Viva Adam Smith!!!
ResponderExcluir