Mamãe eu quero! #Ibovespa


Temos observado uma mudança importante por parte das pessoas em relação a poluição do planeta. Uma sigla que se torna mais popular dia a dia, a ESG — Environmental, Social and Governance — faz parte de muitos fundos, indicando que as empresas onde investem seguem esse protocolo.

A entrada de recursos nesses ETF específicos, cujo valor foi de US$ 22 bilhões, só neste ano mais que dobrou. Segundo a Reuters, a demanda para investir em instrumentos sustentáveis cresceu 19% neste ano, atingindo a marca de U$ 2,0 trilhões no primeiro trimestre.



A demanda tem sido tão elevada pela sociedade que o assunto transbordou os negócios e foi cair na Justiça, como relata o artigo de Sarah McFarlane e outros publicado pelo Wall Street Journal.

A Exxon Mobil Corp. e a Royal Dutch Shell  sofreram derrotas significativas na quarta-feira, à medida que grupos ambientais e investidores ativistas intensificam a pressão sobre a indústria petrolífera para lidar com as preocupações com as mudanças climáticas.

Em uma decisão inédita, um tribunal holandês considerou que a Shell é parcialmente responsável pelas mudanças climáticas e ordenou que a empresa reduzisse drasticamente suas emissões de carbono. Horas depois, nos EUA, um investidor ativista conquistou pelo menos dois assentos no conselho da Exxon, uma derrota histórica para a gigante petrolífera que provavelmente exigirá que ela altere sua estratégia focada em combustíveis fósseis.

As decisões seguidas são um divisor de águas que demonstraram a forma dramática de como o cenário está mudando para as empresas de petróleo e gás, à medida que enfrentam a crescente pressão de ambientalistas, investidores, credores, políticos e reguladores para passar a adotar formas mais limpas de energia.

"Os eventos de hoje mostram definitivamente que muitos líderes da indústria de petróleo e gás se fazem de surdas e não entendem que as opiniões da sociedade e o ambiente legal e político em que operam estão mudando radicalmente", disse Amy Myers Jaffe, professora da Escola Fletcher da Universidade Tufts, que assessorou empresas de energia.

Mas será que esse desejo é factível, considerando esses objetivos ambiciosos além da estrutura da matriz energética de cada país? Não é o que acredita o JPM num extenso estudo sobre energia.

Começaria com as previsões feitas no passado em diversos momentos da história em comparação com a realidade. No gráfico a seguir, as 7 previsões feitas em comparação com a percentagem do consumo de energia renovável.



A questão ainda mais importante e mais ampla: mesmo se os EUA forem bem-sucedidos, e quanto a todos os outros? No decorrer dos últimos 25 anos, o mundo desenvolvido transferiu para o mundo em desenvolvimento grande parte de seu uso intenso de carbono na fabricação de aço, cimento, amônia e plásticos. Como resultado, a adoção do mundo em desenvolvimento de energia eólica, solar e de armazenamento e a energia nuclear pode acabar sendo o principal determinante dos resultados futuros das emissões globais. Isso certamente foi o caso na última década: Europa e Japão reduziram o uso de energia primária em 4% -6%, mas os aumentos no mundo em desenvolvimento foram 6x maiores que suas reduções; o uso de energia na China / Índia ainda está aumentando; e o uso de energia na África está aumentando em relação aos níveis per capita observados na Europa do século 19. O mundo fica mais eficiente todos os anos, mas os níveis de emissões continuam aumentando. É por isso que a maioria das ideias de descarbonização profunda dependem na substituição de combustíveis fósseis em vez de reduzir o consumo de combustível fóssil per capita ou por unidade de desempenho.


O mundo está se preparando para gastar trilhões de dólares para acelerar a quarta grande transição energética, desta vez para renováveis. As avaliações de mercado de empresas renováveis dispararam no início de 2020; não tenho certeza de que todas fazem sentido. Um exemplo: por que a avaliação total da indústria automotiva competitiva e de alto volume do mundo ganhou 70% em capitalização de mercado nos três anos encerrados em janeiro de 2021? Uma venda subsequente corroeu alguns dos ganhos, mas as altas desde 2019 ainda estão entre as maiores já registradas. Subsídios generosos, incentivos de impostos e preferências de rede irão sustentar muitas delas, mesmo que não sejam lucrativas. Para investidores, o desafio será definir os vencedores de longo prazo que sobreviverão mesmo quando / se os subsídios acabarem.

Os quatro grandes obstáculos para uma descarbonização profunda mais rápida: penetração lenta de veículos elétricos, atualizações necessárias na infraestrutura de transmissão, sequestro geológico de carbono e o uso da eletricidade na energia industrial. A mensagem abrangente não é o niilismo climático; é que as mudanças comportamentais, políticas e estruturais necessárias para a descarbonização profunda ainda são exageradamente subestimadas. Nesse caso, as empresas de que todos dependemos para energia térmica  disponível precisarão sobreviver e prosperar até chegarmos lá.

Não transcrevo a maior parte do artigo, mas deixo acessível a quem tiver interesse JPM - Energia. O principal recado é que as mudanças exigidas pela indústria — maior consumidor de energia fóssil—, além da mudança por parte dos proprietários de automóveis — que devem estar dispostos a gastar no mínimo o dobro na compra de seu carro equivalente —, e principalmente a China, que claramente não está na mesma página, tornam esses objetivos (desejos?) inatingíveis na velocidade que a humanidade deseja.

Outro problema muito importante é a extração de commodities necessárias para a construção dos equipamentos necessários nessa substituição. Um trabalho efetuado pelo Deutsche Bank aponta para esse problema.

As preocupações com Bitcoins e ESG são apenas a ponta do iceberg quando se trata dos tipos de dilemas que virão no que obviamente será uma década com o tema verde.

De fato, um dos maiores problemas é onde iremos encontrar as commodities necessárias para os planos de infraestrutura verde? Considere que os veículos elétricos precisam de muito cobalto e níquel; as turbinas eólicas precisam de alumínio e manganês; os painéis solares requerem muitos metais de terras raras.

O problema é que uma proporção significativa de todas essas commodities se encontra no subsolo em países ricos em biodiversidade. Isso complica os planos de extrair essas commodities sem prejudicar o meio ambiente. O trabalho de hoje mostra os 11 principais países da Terra classificados pela riqueza de sua biodiversidade. Para cada um, mostramos uma seleção das mercadorias que eles produzem e a proporção das reservas mundiais naquele país.

Os dados pintam um quadro preocupante. Dos 11 principais países, 9 são países em desenvolvimento com vários níveis de governança em relação à extração de recursos. Até mesmo os dois países desenvolvidos (EUA e Austrália) viram controvérsias sobre biodiversidade nos últimos 12 meses que abalaram as diretorias de empresas.

O que parece claro é que, à medida que o mundo avança com planos para infraestrutura verde, as empresas nos países desenvolvidos terão que se envolver muito mais de perto com seus fornecedores em mercados emergentes ou com os corretores intermediários. Garantir a procedência de commodities nas cadeias de suprimentos verdes provavelmente se tornará normal muito rapidamente. Os compradores de anéis de diamante já pedem rotineiramente provas de que a gema está livre de conflitos. Em breve, as empresas enfrentarão demandas semelhantes para garantir a integridade da biodiversidade mundial.


Fazendo uma analogia com uma criança que quer alguma coisa que não pode ou não deve ter e fica chorando por não conseguir, parece que não adianta o mundo ficar gritando “mamãe, eu quero”!

No post mundo-físico, fiz os seguintes comentários sobre o Ibovespa: ...” Parece que a área destacada em azul no gráfico acima deverá atingir vários coelhos ao mesmo tempo. Primeiro e mais importante seria o rompimento da máxima citada acima, depois caminharia para diminuir a probabilidade de uma correção mais forte que substituiria o cenário que estou trabalhando” ..



O Ibovespa caminha a passos de tartaruga sem com toda via ter conseguido romper o nível de 125.300. A característica desse movimento na onda 5 em amarelo é de certa forma esperada. Está situação é semelhante às bolsas internacionais, semelhante, mas não estão na mesma onda observado com um prazo mais longo.


No post citado acima, anotei uma possibilidade mais negativa para o Ibovespa que continua ainda válida pois ainda não foi possível eliminar.

O SP500 fechou a 4.200, com alta de 0,11%; o USDBRL a R$ 5,2538, com queda de 1,05%; o EURUSD a 1,2197, sem alteração; e o ouro a U$ 1.897, sem alteração.

Fique ligado!

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