A dor do erro #usdbrl
Cenas
impressionantes de Cabul, a cidade que está sendo ocupada pelo Taliban, como o
abandono dos americanos do Afeganistão. Eu nunca tinha visto algo semelhante
como o avião da Força Aérea Americana se preparando para levantar voo e pessoas
se penduraram sobre a estrutura do trem de pouso, como se conseguissem se
manter ali durante o percurso. Depois em outras imagens, com o avião no ar, a
queda de algumas. Um horror!
Hoje
vou comentar sobre a dificuldade de se desvencilhar de algum ativo que não foi
uma boa opção de investimento. Aqui, de novo, a análise técnica é mais
generosa. A diferença de atitude entre ambas, a fundamentalista e a técnica,
consiste na diferença de critério para execução. Na fundamentalista, o nível do
stop loss é subjetivo, enquanto na técnica é pré-estabelecido, sem
julgamento posterior.
Um
artigo de Janson Zweig no Wall Street Journal comenta sobre o aspecto comportamental
na tomada de decisão, e como vocês irão notar, não depende se é uma pessoa
física ou um grande fundo — esse dilema está sempre presente.
Investir
deveria se basear em ver o futuro. Isso é difícil de fazer quando você está
deliberadamente cego.
Como
o novo livro "The
Cult of We: WeWork, Adam Neumann and the Great Startup Illusion", dos meus colegas
Eliot Brown e Maureen Farrell, deixa vergonhosamente claro, o provedor de
espaço de escritório – We Work, não implodiu sem aviso prévio. Alguns dos
investidores mais renomados do mundo — incluindo o SoftBank Group Corp. do Japão
e a empresa de risco Benchmark Capital — viu todo o desastre de trem acontecer
em câmera lenta. Durante
meses e anos,
eles ficaram parados, relutantes ou incapazes de sair do caminho.
Muitos
outros investidores ficaram cegos para as evidências bem debaixo de seus
narizes. Fãs do ouro insistem que o metal é um poderoso hedge contra a
inflação quando
não é. Os
investidores de títulos têm previsto em vão um
aumento nas taxas de juros por
mais de uma década. Céticos sobre a Amazon Inc., que a chamaram eternamente de
ação absurdamente cara, perderam
ganhos gigantescos.
É
o que acontece quando o que você possui — ou despreza — se torna parte de quem
você é. Você não investe apenas em ouro; você se torna um maníaco do ouro. Você
não acha apenas que as taxas de juros vão subir; você se transforma em um baixista
dos títulos. Você não é apenas cético sobre a Amazon; você pertence à
comunidade de investimento de valor, que se considera racional em um mundo
financeiro enlouquecido.
Antes
que perceba, se tornou um verdadeiro crente: agarrando-se à sua ideia de
investimento de forma tão apaixonada, rígida e inquestionável como uma religião
ou ideologia.
Quanto
mais tempo você possui um ativo e mais fala sobre ele, mais provável é senti-lo
como parte de quem você é; mudar de ideia seria
como perder
um pedaço de si mesmo.
Isso
é ótimo se sua visão de investimento estiver correta; vai ganhar muito
dinheiro. É terrível se você no fim estiver errado; A WeWork, outrora
avaliada em US$ 47 bilhões,
vale no máximo US$ 9
bilhões hoje,
mais de 80% de perda em três anos.
O economista
comportamental Richard Thaler, da
Universidade de Chicago, batizou esse padrão de "efeito posse". O
valor que você coloca em um ativo difere drasticamente dependendo se você já o possui
ou não.
Em experimentos na década de 1980, o Prof. Thaler e colegas classificaram as pessoas em três grupos. Em um, você poderia comprar uma caneca de café. No segundo grupo, você pode optar por receber dinheiro ou caneca. No terceiro, você recebeu uma caneca e a oportunidade de vendê-la. Então todos foram perguntados: Quanto dinheiro é igual a ter a caneca?
As
pessoas que já possuíam uma caneca exigiam mais do que o dobro por ela, em
média, como aqueles que não possuíam uma estavam dispostas a pagar.
Agora
imagine dois investidores: John é dono de ações da Tesla Inc. Jane
está pensando em comprá-la. Considerando se deveria vender, John pensa na dor
de desistir de algo que já possui. Considerando a possibilidade de comprar, Jane
se concentra no prazer futuro de seus ganhos potenciais — ao lado da
dor imediata de se separar do dinheiro.
Porque
a dor é mais intensa do que o prazer, a Tesla vale
mais para
John do que para Jane. Ele tenderá a manter as ações até que o preço suba tão
alto que a venda se torne tentadora demais para resistir. Se o preço cair
abaixo do que John pagou, no entanto, ele vai resistir mais ainda: agora uma venda é uma
admissão de erro que
vai abalar sua autoestima.
Como
o Prof. Thaler me
disse uma vez:
O que os investidores temem ainda mais do que perder dinheiro é ter que dizer:
'Que idiota que eu sou'.
Tudo
isso não só te faz relutante em vender um bom investimento que deu errado. Faz
você relutante em ver que um bom investimento deu errado.
Também pode impedi-lo de reconhecer que alguns ativos são tão ruins que você
nunca deveria tê-los comprado em primeiro lugar.
Essa
cegueira intencional faz se importar menos com a precisão do que você sabe e
aprende. Em
vez disso,
procura reforçar a sensação de que está certo.
Um
estudo recente da neurociência descobriu
que, quando
alguém está altamente confiante, seu cérebro se torna mais receptivo a
informações que confirmam
sua visão original,
enquanto o processamento de outros dados que poderiam refutá-lo é
"abolido",
Então,
antes de fazer um investimento, pergunte o que pode dar errado depois. Faça o
experimento de pensamento chamado pré-mortem. Suponha que daqui a
um ano você perdeu cada centavo. Em seguida, enumere todas as razões
específicas possíveis para que seu investimento tenha ido para zero.
Esse
exercício deve ajudar a reduzir seu excesso de confiança e tornar sua mente
menos resistente a informações negativas.
Você
também pode tentar reverter o efeito posse reconcentrando
sua mente sobre
o que você poderia ganhar, e não perder, se vendesse. Pense como um trader
profissional:
se você já não possui esse ativo, você gostaria de comprá-lo a este preço? O
que você prefere comprar? O que você poderia fazer com os resultados da venda?
Outro
novo livro, "The
Scout Mindset: Why Some People See Things Clearly and Others Don't", da podcaster e
autora Julia Galef, aponta que algumas pessoas pensam como soldados: elas
lutarão até a morte para defender suas ideias e atacar as de outros. Em vez
disso, você deve reformular sua identidade para pensar
como um batedor,
que simplesmente quer entender a configuração do território .
Em
vez de se considerar um investidor de valor ou um altista ou um baixista, você
pode pensar: "Eu sou o tipo de pessoa que se orgulha de admitir quando está
errada."
Quanto
mais você defende sua visão em público, escreve a Sra. Galef, mais "mudar
de ideia é como deixar o inimigo vencer". É uma má ideia reiterar
constantemente sua tese de investimento para derrotar seus críticos.
Em
vez de avaliar, mais uma vez, se você está certo, gaste seu tempo avaliando
se eles estão.
Raciocine
de maneira isenta sobre momentos de sua vida de investidor e vai notar que se
encaixa exatamente nas situações abordadas acima. É muito difícil desfazer-se
de uma posição que não performou da maneira imaginada, mas seria ainda pior a
adoção de ir comprando mais barato para diminuir o preço médio. Pergunte a um
investidor profissional se ele age dessa forma. Só há um caso em que essa
situação é válida: se antes de iniciar uma posição, você decide comprar em lotes
menores porque tem dúvidas sobre o preço ideal de compra.
Em
casos vitoriosos, essa paixão também pode atrapalhar. Nessa situação, você será
compelido a acreditar que é um gênio e essas ações são, portanto, muito
valiosas e não têm preço de venda, o que o autor acima cita como a dor de se
desfazer da posição. Eu sempre digo e repito que não devemos nos apaixonar por
nenhuma posição, pois ela é temporária. Pense mais como uma laranja onde você
tira o suco e depois se desfaz dela.
Todos
esses pontos devem ser levados muito a sério pelos investidores, eu diria que o
mais importante é não se apaixonar por nenhum deles, nem ficar cego para as
evidências dos riscos existentes. Tudo isso é um aprendizado que se adquire com
o tempo e principalmente com as frustrações.
No post tombo-na-madrugada, fiz os seguintes comentários sobre o USDBRL: ...” O dólar saiu fora da linhas paralelas porém não rompeu o nível mais importante de R$ 5,3139. Observando numa janela mais curta também não existe evidências de tal rompimento. Tudo indica que é uma questão de tempo para que isso ocorra” ...
Durante a última semana, não houve nenhuma evolução dos preços que justificasse algum ajuste, prevalecendo as mesmas observações. As evidências até o momento não sugerem um rompimento do nível de R$ 5,3139; essa minha observação se baseia na configuração em prazos menores da onda b, em amarelo —nunca esquecendo que essas ondas são terríveis destruidoras de lucros.
Como anotei no gráfico acima eu espero uma queda estimada entre R$ 5,05/R$ 5,01. Esse seria o mais provável ocorrer, porém pode ser mais “curto”, ou seja, num nível acima.
As
ondas b podem ser tão enganosas que as vezes ultrapassam o nível mais provável,
ficando a indicação que o movimento de alta começou. Eu frisei dentro da elipse
que isso poderá ocorrer até o limite de R$ 5,3909.
-
David, essa é boa, de que adianta você dizer que o dólar vai subir e que a
indicação seria ultrapassar R$ 5,3139, se admite uma lambuja até R$ 5,3909.
Como iremos saber em qual dos dois casos?
Em
alguns momentos a onda b pode dar um falso sinal ultrapassando os níveis
normais que indicariam alta, recuando em seguida, e frustrando quem comprou no
rompimento. A forma de se ter uma pista é observando a estrutura de curto
prazo. Sei que é difícil para vocês entenderem se não conhece a teoria de
Elliot Wave. Vamos combinar que se isso ocorrer, ou seja, o dólar passar do
limite antes que a queda esperada ocorrer, vou postar em circunstância
extraordinária.
O
SP500 fechou a 4.479, com alta de 0,24%; o USDBRL a R$ 5,2665, com alta de
0,36%; o € 1,1774, com queda de 0,14%; e o ouro a U$
1.787, com alta de 0,46%.
Fique
ligado!
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