Misturando as estações #SP500
Quando
a inflação era alta no Brasil — e com “alta” quero dizer dois dígitos mensais —,
era muito difícil analisar os ativos, principalmente a bolsa de valores. Era
comum ver gráficos expressos em dólares, uma maneira de observar em valores
reais. Naquele momento nem eu nem ninguém tinha a menor ideia de quanto valia
um litro de leite, uma roupa ou qualquer outro item, pois as remarcações eram
frequentes.
Felizmente,
estes tempos mudaram e a inflação, que está em alta ultimamente, nem chega
perto daquela. Mas quando se observa algum ativo no longo prazo, seria justo
deflacionar pela inflação? Tenho sérias dúvidas se isso tem alguma utilidade.
Um
gráfico atualizando o SP500 está circulando no Twitter através do
inflationchart.com. Transcrevo a seguir seus argumentos.
O gráfico mostra 🟢o preço absoluto (como o preço que você vê no mundo real) vs. 🔴o preço ajustado pela inflação do mercado de ações (ou outro indicador de mercado que você selecionar). Você pode ajustar a inflação pelo suprimento de dinheiro em dólares americanos M1, M2 ou MB (a base monetária), CPI, Big Mac, Gold, BTC, ETH ou muitos outros ajustadores.
📉 combinando os conjuntos
de dados, podemos ajustar o mercado de ações, ou os preços das casas, ou os
preços dos alimentos, de acordo com a inflação e descobrir que, mesmo que
pareça que os mercados de ações e os preços das casas estão subindo, eles
podem, na verdade, estar caindo em valor real.
A
diminuição do valor real é visível no gráfico em momentos específicos. Veja a
linha vermelha em 2008, quando houve a Crise Financeira e em 2020, quando
começou a Pandemia de COVID-19. Momentos em que o Federal Reserve e outros
bancos centrais começaram a imprimir muito dinheiro do nada. Você não vê isso
na linha 🟢verde, pois esses são os
preços oficiais e parece que os preços nunca estiveram tão altos. Mas se você
olhar para a linha vermelha, o S & P500 mal se recuperou desde 2007. Isso
não significa que seja uma conspiração. Significa apenas que os preços nominais
/ oficiais dos mercados de ações e ações não contam toda a história da economia
e se ela está realmente crescendo ou não.
Sobre
esse assunto, Cullien Roche no Pragmatic Capitalism acrescenta.
Em primeiro lugar, este é um gráfico de preços
do S&P 500. Nem sequer inclui dividendos, por isso é enormemente
subestimado.
Mas
também, por que tantas pessoas insistem que a inflação é um aumento na oferta
monetária? Isso não faz sentido. E esta é a razão — nossa economia é
principalmente uma economia baseada em crédito. Assim, se eu pegar um
empréstimo de $100.000, então a oferta monetária (M3) aumentou tecnicamente em $100.000.
Mas
e se eu não mexer nesse empréstimo? E se eu pegar o dinheiro emprestado porque,
por exemplo, os preços das casas subiram 25% e eu quero ter algum dinheiro por
aí para emergências? Isso não nos diz nada sobre preços, padrões de vida ou
qualquer coisa. Mas isso é o que muito da oferta de dinheiro representa —dinheiro
que foi emitido e está simplesmente sem uso por aí.
Por
que isso é útil? É como calcular suas mudanças de peso contando a quantidade de
comida que você tem na sua geladeira. São calorias potenciais consumidas e
ganho potencial de peso. A quantidade de comida na sua geladeira diz pouco
sobre suas mudanças de peso futuras, assim como a quantidade de dinheiro na
economia nos diz pouco sobre as mudanças reais de preços na economia.
Às vezes sinto que as pessoas leram
algum manual básico de economia, com a ideia reconhecidamente intuitiva de que
a inflação é "sempre e em todos os lugares um fenômeno
monetário", mas não
pararam para pensar que poderia ser muito mais complexo do que isso. Dito isso,
não estou dizendo que mais dinheiro não significa que não possa haver mais
inflação. Eu mesmo tenho me preocupado muito mais com a inflação especificamente
nos últimos anos porque o governo criou tantos ativos em comparação com 2008,
mas isso não significa dinheiro = inflação. É mais complexo do que isso, e
dizer que a inflação é a oferta de dinheiro simplifica demais as coisas, de uma
maneira que distorce uma questão muito complexa.
De
qualquer forma, a conclusão é esta —
não
use a oferta de dinheiro para medir a inflação. E definitivamente não use
índices de preços como reflexo dos retornos do mercado de ações.
No mesmo site existe a possibilidade de analisar o resultado com outros parâmetros. Eu selecionei o CPI que é o índice de inflação mais difundido nos EUA e veja o que acontece a seguir.
Na opinião do Mosca o site inflationchart.com quis mostrar que as ações não conseguiram ganhar da inflação usando o indicador errado. Usando o CPI, como mostra o gráfico acima, o resultado é muito diferente.
Mas
vamos discutir se faz sentido deflacionar o índice de bolsa pela inflação. O
que esse número significa? Na minha opinião, só serve para fazer um paralelo
entre um investimento em ações com outro em renda fixa, na verdade melhor seria
comparar com um ativo real, tipo uma NTNB no caso brasileiro.
Fora isso, um gráfico deflacionado pela
inflação tem pouca utilidade, não se pode concluir que a bolsa está cara ou
barata com uma visão fundamentalista — e do ponto de vista técnico é um E.T!
Quis
aproveitar esse assunto para externar minha opinião. Se concordarem comigo, desconsidere
a comparação com a inflação da próxima vez que alguém usar esse argumento!
No
post europa-sempre-no-vacuo, fiz os seguintes comentários sobre o SP500: ... “o SP500 deveria ter seu momento de decisão no decorrer
de setembro. O objetivo seria ao redor de 4.730/4.770, conforme gráfico abaixo”
...
Não houve nenhuma modificação em relação à semana anterior. Como podem notar a seguir, a bolsa americana caminha dentro do que se esperaria em termos técnicos. Sem entrar nas tecnicidades, o que ocorrer nas próximas semanas poderá dar uma pista melhor sobre a magnitude da correção esperada mais à frente.
Como
havia comentado, vou operar o mercado com rédeas curtas, significa alterar o stop
loss com frequência — sendo assim, o do SP500 é 4.430 e do nasdaq100 15.100.
Assim como vocês, acredito que estamos expostos diariamente a muitas informações. Confesso que ultimamente os gráficos é que chamam mais minha atenção, pois de forma rápida transmite o que a pessoa quer comunicar. Hoje pela manhã deparei com um gráfico aparentemente ilógico diante do movimento da bolsa americana.
Um
conceito bastante utilizado em termos técnicos é oversold (1)
e overbought (2).
(1)
O
termo oversold se refere a uma condição em que um ativo foi negociado
com preço mais baixo e tem potencial para uma alta de preço. Uma condição de oversold
pode durar muito tempo e, portanto, estar oversold não significa que
uma alta de preços virá em breve, ou sequer virá. Esses indicadores baseiam sua
avaliação em onde o preço está sendo negociado atualmente em relação aos preços
anteriores
(2)
Overbought
é um termo usado quando se acredita que um ativo está sendo negociado em um
nível acima de seu valor intrínseco ou justo. Overbought geralmente descreve o
movimento recente ou de curto prazo no preço do ativo e reflete uma expectativa
de que o mercado irá corrigir o preço em um futuro próximo. Essa crença é
muitas vezes o resultado de uma análise técnica do histórico de preços do ativo.
Feitas essas observações, eu esperaria que o mercado americano estivesse overbought, mas não é o que foi apontado no Twitter Macro Charts que tem mais de 95 mil seguidores, não sendo assim uma opinião de um desconhecedor do assunto.
Sinais
de compra anteriores levaram a grandes extensões do rally - apesar do amplo
pessimismo (consulte o blog de abril).
Mais
uma vez - não subestime o quão longe este rali pode ir.
Um
livro texto de mercado em alta — siga a tendência!
O ser humano é tendencioso e eu não poderia ser diferente, vamos sempre nos artigos que combinam com sua ideia. Mas tudo bem, tenho os gráficos e níveis que não me deixam ficar embriagado pelo sucesso!
Não
sei qual o modelo usado nesse gráfico, mas o retrospecto dele é bom, como
aponta em outros momentos no passado. Será que ele tem a resposta da pergunta
do milhão (ou melhor bilhão, trilhão e pode botar quantos zeros quiser) “garantindo”
que a bolsa vai subir? Vamos conferir no tempo o que vai acontecer.
O
SP500 fechou a 4.522, com queda de 0,14%; o USDBRL a R$ 5,1692, com queda de
0,26%; o EURUSD a € 1,1807, com alta de 0,10%; e o ouro
a U$ 1.814, com alta de 0,23%.
Fique
ligado!
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