Manipulação dos juros #sp500
É
indiscutível que vivemos num mundo onde os juros estão sendo manipulados pelos
principais bancos centrais do planeta. Eu sempre ouvi durante minha vida
profissional que esses órgãos tinham limitações para baixar os juros de forma
artificial — isso era possível para os títulos de curto prazo, mas para os de
longo prazo seria totalmente rejeitado pelos mercados. Existia até um termo
para isso, Bond Vigilante, esses seriam os traders e investidores
que determinariam o nível dos juros longos.
Mas
os tempos mudaram e os bancos centrais enveredaram por esse caminho, sem risco
maior de elevação da inflação. Para suprimir a eventual falta de demanda dos
títulos longos, passaram a adquirir esse papeis, forçando o achatamento da
curva de juros.
Uma
outra crença que se criou com essa situação seria a de que, como os juros mais
baixos elevariam os preços dos ativos como bolsa, imóveis e títulos de renda
fixa, ocasionariam um enriquecimento das pessoas mais ricas, aumentado a desigualdade,
um grande problema da atualidade.
Confesso
que eu tinha essa percepção, pois parece bastante lógica, porém um artigo
publicado no site Project Syndicate pelo renomado economista Kenneth Rogoff —
sou seu fã —explica porque não compartilha dessa ideia.
A
julgar pelo número de vezes que frases como "crescimento
equitativo"
e "a
pegada distributiva da política monetária" aparecem nos discursos dos banqueiros
centrais hoje em dia, é claro que os formuladores de políticas monetárias estão
sentindo o calor à medida que as preocupações com o aumento da desigualdade
continuam a crescer. Mas a política monetária é a culpada por esse problema, e
é realmente a ferramenta certa para redistribuir a renda?
Recentemente,
um fluxo constante de comentários apontou a política do
banco central como um grande motor da desigualdade. A lógica, simplificando, é
que as taxas de juros hiper baixas têm aumentado sem respiro os preços das
ações, casas, belas artes, iates e quase tudo mais. Os ricos, e especialmente
os ultra ricos, beneficiam-se desproporcionalmente.
Este
argumento pode parecer convincente à primeira vista. Mas em uma reflexão mais
profunda, não se sustenta.
A
inflação nas economias avançadas tem sido extremamente baixa na última década
(embora tenha acelerado para 5,4% nos Estados Unidos em
junho). Quando a política monetária é a principal força empurrando para baixo
as taxas de juros, a inflação eventualmente aumentará. Mas, nos últimos tempos,
os principais fatores para o aumento das taxas de juros incluem o
envelhecimento populacional, o baixo crescimento da produtividade, o aumento da
desigualdade e o medo persistente de que vivemos em uma
era onde as crises são mais frequentes. Este último, em particular, coloca
um prêmio sobre a "dívida
segura" que será pago mesmo em uma recessão global.
É
verdade que o Federal Reserve dos EUA (ou qualquer banco central) poderia
impulsivamente começar a aumentar as taxas de juros. Isso "ajudaria"
a enfrentar a desigualdade de riqueza, causando estragos no mercado de ações.
Se o Fed persistisse com essa abordagem, no entanto, quase certamente haveria
uma enorme recessão, causando alto desemprego entre os trabalhadores de baixa
renda. E a classe média podia ver o valor de suas casas ou fundos de pensão
cair bruscamente.
Além
disso, a dominância global do dólar torna os mercados emergentes e os países em
desenvolvimento extremamente vulneráveis ao aumento das taxas de juros, e
consequentemente do dólar, especialmente com a pandemia COVID-19 ainda muito
forte. Enquanto o 1% mais rico das economias avançadas perderia dinheiro com um
país após o outro sendo empurrado para a beira da inadimplência, centenas de
milhões de pessoas em economias pobres e de baixa renda sofreriam muito mais.
Muitos
progressistas de países ricos, ao que parece, têm pouco tempo para se preocupar
com os 66% da população mundial
que vivem fora das economias avançadas e da China. De fato, a mesma crítica se
aplica à crescente literatura acadêmica
sobre política monetária e desigualdade. Grande parte é baseada em dados dos
EUA e não liga para ninguém fora da América.
Ainda
assim, é útil tentar entender como, sob diferentes premissas e circunstâncias,
a política monetária pode afetar a distribuição de riqueza e renda. É possível
que, à medida que a inteligência artificial avança e a política monetária se
torne muito mais sofisticada, os economistas encontrarão métricas melhores do
que o emprego para julgar as propriedades de estabilização da política
monetária. Isso seria uma coisa boa.
Ainda
hoje, o papel regulatório dos bancos centrais significa que eles certamente
podem ajudar na margem o enfrentamento da desigualdade. Em muitos países,
incluindo o Japão, os bancos são essencialmente
obrigados a fornecer contas básicas muito baixas ou gratuitas para a maioria
dos cidadãos de baixa renda. Estranhamente, este não é o caso nos EUA, embora o
problema pudesse ser elegantemente resolvido se e quando o Fed emitisse
um moeda digital do Banco
Central.
Mas
os ajustes nas taxas de juros são uma ferramenta muito grosseira para que a
política monetária convencional desempenhe algum tipo de papel de liderança na
mitigação da desigualdade. A política fiscal — incluindo impostos,
transferências e gastos do governo direcionados — é muito mais eficaz e
robusta.
Uma
solução popular para o problema da desigualdade de riqueza, notadamente defendida pelos
economistas Emmanuel Saez e Gabriel Zucman da Universidade da
Califórnia, Berkeley, é um imposto sobre a riqueza. Mas embora longe de ser uma
ideia louca, é difícil implementá-la de forma justa e não tem um grande retrospecto em economias
avançadas. Indiscutivelmente, há abordagens mais
simples, como
a reforma do imposto imobiliário e o aumento dos impostos sobre ganhos de
capital, que poderiam alcançar o mesmo fim.
Outra
ideia seria mudar para um sistema de impostos de consumo
progressivo,
uma versão mais sofisticada de um imposto sobre o valor agregado ou vendas que
atingiria os detentores de riqueza quando eles vão gastar seu dinheiro. E um
imposto sobre o carbono aumentaria enormes receitas que poderiam ser
redirecionadas para famílias de baixa renda.
Alguns
podem argumentar que a paralisia política significa que nenhuma dessas
propostas redistributivas está avançando rápido o suficiente, e que os bancos
centrais precisam entrar na parada se a desigualdade tiver que ser domada. Essa
visão parece esquecer que, embora os bancos centrais tenham um certo grau de
independência operacional, eles não têm o poder de tirar do Legislativo a
tomada de decisões na política fiscal.
Com
a diminuição da pobreza extrema em muitos países nas últimas décadas, a
desigualdade tornou-se o principal
desafio social. Mas
a visão de que a política de taxas de juros de um banco central pode e deve ser
a principal força motriz por trás de uma maior igualdade de renda é espantosamente
ingênua, não importa quantas vezes ela seja afirmada. Os bancos centrais podem
fazer mais para resolver o problema da desigualdade, particularmente através da
política regulatória, mas não podem fazer tudo. E, por favor, vamos parar de
ignorar os outros dois terços da humanidade neste debate crucial.
O
cara é bom mesmo! Depois de ler esse artigo, refleti: por que aumentar os juros
se não há inflação — supondo-se que vai permanecer baixa. Seria uma forma
injusta de transferir renda dos devedores para os credores. Não estou advogando
que a taxa de juros de 0% seja correta, mas não podemos esquecer que foi
instaurada durante a pandemia e não deve permanecer para sempre.
Esse
raciocínio é válido para a economia americana, pois a Europa e o Japão têm
problemas estruturais mais complexos.
Observando
de uma forma mais global, um aumento de juros neste momento traria problemas
enormes aos países emergentes, que como nós estão sofrendo com a alta da
inflação, ocasionada principalmente pelo aumento do preço das commodities. Por
sinal, hoje foi publicado o IPCA de julho em 0,96% atingindo 8,99% a.a. em 12
meses. O grande vilão foi a energia elétrica que subiu 7,88%, impactando o
índice global em 0,35%.
Esse resultado faz com que a meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário pareça uma piada. Espero que o BCB não adote o discurso semelhante ao Fed, ao dizer que está olhando para a média da inflação, o que à primeira vista poderia ser convincente ao se observar o gráfico acima — áreas cinzas parecem equivalentes. Nem vem que não tem!
No post velocímetro-adulterado, fiz os seguintes
comentários sobre o SP500: ...” notem que o objetivo
estaria ao redor de 4.600, a ser atingido neste mês. Algo que me deixa
desconfiado dessa opção é que não se consegue encontrar objetivos comuns — falta “verdinho”
na elipse demarcada. Mas isso pode acontecer em ondas 5 “mais
curtas”....
Não é enrolação, mas durante a última semana nada de novo se pode concluir. O gráfico a seguir, com janela de 15 minutos, mostra o que quero dizer. Desde a última publicação, a comparação da queda máxima com a alta máxima desde o último dia 03 de agosto parece simétrica, o único ponto que poderia fazer como positivo e que agora se encontra na parte superior da linha azul. Mas isso é muito pouco.
Quando se começa a buscar evidências em prazos de gráficos cada vez menores, normalmente é sinal de que estamos procurando pelo em ovo. O melhor é aceitar que o mercado não sabe o que fazer por enquanto.
Um
gráfico comparativo entre o SP500 e as bolsas dos países emergentes mostra o
desinteresse por esses últimos, situando-se nas mínimas históricas. O que isso
quer dizer? Primeiro, o que venho repetindo há muito tempo, os emergentes não
são atrativos, incluindo o Brasil; segundo, que as ações estão baratas; podem
continuar baratas por muito tempo!
O SP500 fechou a 4.436, com alta de 0,10%; o USDBRL a R$ 5,1920, com queda de 0,79%; o EURUSD a € 1,1718, com queda de 0,20%; e o ouro a U$ 1.728, sem variação.
Fique
ligado!
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