Dinheiro fácil #ibovespa
Não
tenho a menor ideia da diferença entre a maioria delas e imagino que seus
criadores devem quebrar a cabeça para encontrar argumentos de “venda” para seu
produto. Outro dia, porém, encontrei uma categoria que busca se diferenciar da
grande maioria.
Como venho comentando, a garantia por trás de cada criptomoeda varia, e as duas mais conhecidas — bitcoin e Ethereum — são diferentes nesse aspecto. Enquanto a primeira tem zero garantia, a segunda está sendo usada para a nova onda de colecionadores de todo tipo, os NFTs — Non Fungible Tokens.
Os colecionadores podem ter diversos interesses, como obras de arte, jogadores de futebol e tantos quantos sua imaginação pode criar, mas este que mostro a seguir é incrível: uma influenciadora polonesa acabou de vender seu "amor digital" como NFT por US $ 250.000.
Marta Rentel, de 26 anos, vendeu o token não-fungível em 13 de julho e, como resultado, comprometeu-se a ir a um encontro com o comprador anônimo — que, supomos, vai ficar extremamente chateado quando ele (ou ela) descobrir que o quarto de milhão de dólares provavelmente não vai comprar nenhuma hora de prazer com a Rentel."Nada na internet é físico, faz parte da minha persona online", comentou ela, provavelmente tentando dar uma pseudoexplicação extravagante para "razoavelmente" vender ar fino a um nerd de computador que assiste animé e "usa" suas fotos por 250 mil.
Eu fiquei tão chocado com esse artigo que só posso chegar a duas conclusões: tem muita gente que ganhou dinheiro de forma anormal e não sabe o que fazer com ele; em função da primeira, podemos esperar coisas inimagináveis podem acontecer no futuro.
Nesse
mundo de fantasias, talvez mais bem qualificado dessa forma, existe uma
categoria denominada de Stablecoin, criptomoedas que possuem garantia
real como contrapartida. Um artigo de Barry Eichengreen no Project Syndicate
comenta sobre essa categoria.
O
debate sobre stablecoins percorreu um longo caminho desde que o Facebook
anunciou a criação da Libra (agora rebatizada de Diem) há quase exatamente dois
anos. Um canto obscuro da esfera digital que era então mal compreendido está
agora sujeito a um escrutínio cada vez mais intenso por banqueiros centrais,
reguladores e investidores. As apostas, inclusive para a estabilidade
financeira, são altas. A capitalização de mercado, ou a oferta circulante, das
quatro principais stablecoins de dólar dos EUA, excede por si só US$ 100
bilhões.
Mas
um escrutínio mais intenso não significa melhor compreensão. Vamos começar com
a crença de que as stablecoins são intrinsecamente estáveis porque são
"totalmente colateralizadas". A questão, é claro, é: colateralizadas
pelo quê?
Investidores
ingênuos em moedas vinculadas a dólar assumem que a garantia toma a forma de
dólares detidos em bancos americanos assegurados pelo governo federal ou seu
equivalente próximo. Mas isso é apenas parcialmente correto. Depois de ser
criticado por sua opacidade, o principal emissor de stablecoin, Tether
Limited, revelou recentemente que
detinha apenas um quarto de suas reservas em dinheiro, contas bancárias e
títulos públicos, enquanto detinha quase metade em commercial paper e
outro décimo em títulos corporativos. A segunda stablecoin líder em
capitalização, a USD Coin, diz apenas que detém suas reservas em instituições
depositárias asseguradas dos EUA e outros "investimentos aprovados".
O que quer que isso signifique.
Tal
obscuridade cria riscos para as próprias stablecoins, para seus
investidores e, criticamente, para a estabilidade dos mercados financeiros. A
falta de transparência sobre a qualidade do commercial paper, que tipo
de títulos corporativos e quais outros "investimentos aprovados" são
mantidos como garantia, é uma fonte de fragilidade. Esse tipo de assimetria de
informações, onde os investidores não sabem exatamente o que foi feito com seu
dinheiro, deu origem a corridas bancárias e crises
bancárias ao
longo dos tempos. Nesse cenário, uma queda no valor do commercial paper
ou no mercado de títulos corporativos poderia facilmente desencadear uma
corrida para vender o stablecoin. E a queda nos preços dos títulos pode
significar que o emissor de stablecoin não tenha meios de pagar seus
detentores.
Além
disso, há o perigo de contágio: a venda maciça de uma stablecoin pode se
espalhar para outras. Quais são as chances de uma corrida no Tether deixar intacta
a confiança na USD Coin? O Banco Central Europeu, que sabe alguma coisa de
contágio financeiro, alertou exatamente para este
cenário.
Para
limitar tais problemas no sistema bancário, os governos asseguram os depósitos
no varejo e os bancos centrais atuam como financiadores de último recurso às
instituições depositárias. Alguns comentaristas, como o ex-governador do Banco
da Inglaterra Mark Carney, propuseram que os bancos
centrais fornecessem suporte semelhante aos emissores de stablecoin.
As
autoridades concordariam com isso, é claro, apenas se esses emissores
estivessem sujeitos
a uma supervisão rigorosa destinada
a limitar a incidência de problemas. Os fornecedores de stablecoin
teriam que solicitar o equivalente a cartas-patentes e estar sujeitos à
regulamentação relevante. Uma stablecoin seria então nada mais do que um
chamado banco restrito, autorizado a investir apenas em contas do Tesouro e
depósitos no banco central, com um mecanismo de pagamentos semelhante ao PayPal
construído em cima.
Alternativamente,
as stablecoins poderiam ser consideradas como o equivalente digital dos grandes
fundos do mercado monetário que também investem em commercial papers. O
problema com esse modelo, como aprendemos durante a crise financeira global de
2007-08, é que normalmente o commercial paper líquido pode se tornar abruptamente
ilíquido. Quando isso aconteceu em 2008, o governo dos EUA procurou acabar com
o pânico que se seguiu, garantindo temporariamente todos os fundos do mercado
monetário. A SEC permitiu que os fundos monetários instituíssem os “portões” de
resgate, sob os quais eles podem limitar os saques e cobrar taxas temporárias
de até 2%.
De
forma reveladora, o último white paper do Diem prevê
igualmente portões de resgate e limites de conversão para proteger a stablecoin
contra corridas. Mas uma stablecoin que é resgatável apenas por uma taxa
ou que não pode ser resgatada por dólares em quantias ilimitadas não será uma
alternativa atraente para o dinheiro do Federal Reserve, assim como as ações em
fundos mútuos do mercado monetário são um substituto imperfeito para o
dinheiro.
O
problema mais preocupante da estabilidade financeira é que a capitalização de
mercado das quatro maiores stablecoins em dólar dos EUA já se aproxima
do maior fundo mútuo institucional, o JPMorgan Prime Money Market Fund. Um
pânico que forçasse essas moedas a liquidar uma parte significativa de suas
participações em commercial papers e títulos corporativos comprometeria
a liquidez desses
mercados. E os deslocamentos para os mercados monetários de curto prazo podem prejudicar
seriamente o funcionamento da economia real, como também aprendemos a um custo
considerável em 2008.
O
resultado é que a estabilidade das stablecoins é uma ilusão. É
improvável que substituam o dinheiro da Reserva Federal, improvável que
revolucionem as finanças, e improvável que realizem os sonhos de seus
entusiastas libertários.
Acredito
que o autor desta matéria foi muito didático e não quis colocar a pergunta
principal, deixando essa conclusão aos leitores. O Mosca, que não tem
papas no teclado (gostou da analogia! Hahaha ...) vai direto ao ponto: Por que
comprar alguma desta stablecoins se é muito mais transparente investir
num fundo, que ainda oferece garantia adicional? Nenhuma, mas tanto como o NFT
da Rentel, essas stablecoins existem para completar desejos de pessoas
que só podem ter ganho dinheiro de maneira fácil. Para esses, o Mosca tem
uma frase que deveria estar estampada na tela de seus computadores: Dinheiro
não é capim!
No
post prozac-financeiro fiz os seguintes comentários sobre o ibovespa: ...” uma análise numa janela menor fornece alguma pista
adicional de onde essa correção em andamento poderia parar. Conforme aponto no
gráfico a seguir, o intervalo entre 122.800/122.300 pode conter toda queda desde
a máxima de 131.190 ocorrida em junho último” ... ...” Por enquanto não me animo a fazer nenhuma posição nesse mercado, vou
aguardar essa possível retração e buscar me certificar quando houver uma
mudança de rumo” ...
A bolsa brasileira acabou caindo mais que o limite indicado acima abrindo um novo objetivo para a queda. O intervalo que trabalho agora seria entre 120.300/119.700 conforme apontado a seguir.
Tenho
que confessar que minha segurança nesse cenário se reduziu, o que me induziu a
analisar outras hipóteses. Em todo caso, contínuo nessa, com uma invalidação ao
nível de 115.500. De qualquer forma, não aconselho exposição neste momento.
Hoje fiquei mais pessimista com o Brasil, embora não seja novidade. Minha decepção foi pelo Ministro da Economia, profissional altamente qualificado, que soltou uma frase chula, para dizer pouco, ao dar um calote nos precatórios. “Devo, não nego, pago quando puder” seria mais empregado por alguém que tomou um empréstimo de um agiota e não tem como pagar.
Agora,
como um economista liberal entrou nessa? Está quebrando o galho de seu chefe,
que precisa desesperadamente de benesses para tentar se reeleger. Está
queimando seu filme, ministro. Melhor pegar seu chapéu e ir embora!
O
SP500 fechou a 4.402, com queda de 0,46%; o USDBRL a R$ 5,1816, com queda de 0,31;
o EURUSD a € 1,1837, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 1.811,
sem variação.
Fique
ligado!
Comentários
Postar um comentário