Dinheiro fácil #ibovespa

 


Como já mencionei, existem milhares de criptomoedas. De acordo com o gráfico a seguir, que mostra a evolução desde 2013, esse número é superior a 6.000, mais parecendo uma loja de departamentos com um estoque grande de produtos que um ativo.

Não tenho a menor ideia da diferença entre a maioria delas e imagino que seus criadores devem quebrar a cabeça para encontrar argumentos de “venda” para seu produto. Outro dia, porém, encontrei uma categoria que busca se diferenciar da grande maioria.



Como venho comentando, a garantia por trás de cada criptomoeda varia, e as duas mais conhecidas — bitcoin e Ethereum — são diferentes nesse aspecto. Enquanto a primeira tem zero garantia, a segunda está sendo usada para a nova onda de colecionadores de todo tipo, os NFTs — Non Fungible Tokens.

Os colecionadores podem ter diversos interesses, como obras de arte, jogadores de futebol e tantos quantos sua imaginação pode criar, mas este que mostro a seguir é incrível: uma influenciadora polonesa acabou de vender seu "amor digital" como NFT por US $ 250.000.

Marta Rentel, de 26 anos, vendeu o token não-fungível em 13 de julho e, como resultado, comprometeu-se a ir a um encontro com o comprador anônimo — que, supomos, vai ficar extremamente chateado quando ele (ou ela) descobrir que o quarto de milhão de dólares provavelmente não vai comprar nenhuma hora de prazer com a Rentel.

 "Nada na internet é físico, faz parte da minha persona online", comentou ela, provavelmente tentando dar uma pseudoexplicação extravagante para "razoavelmente" vender ar fino a um nerd de computador que assiste animé e "usa" suas fotos por 250 mil.

Eu fiquei tão chocado com esse artigo que só posso chegar a duas conclusões: tem muita gente que ganhou dinheiro de forma anormal e não sabe o que fazer com ele; em função da primeira, podemos esperar coisas inimagináveis podem acontecer no futuro.

Nesse mundo de fantasias, talvez mais bem qualificado dessa forma, existe uma categoria denominada de Stablecoin, criptomoedas que possuem garantia real como contrapartida. Um artigo de Barry Eichengreen no Project Syndicate comenta sobre essa categoria.

O debate sobre stablecoins percorreu um longo caminho desde que o Facebook anunciou a criação da Libra (agora rebatizada de Diem) há quase exatamente dois anos. Um canto obscuro da esfera digital que era então mal compreendido está agora sujeito a um escrutínio cada vez mais intenso por banqueiros centrais, reguladores e investidores. As apostas, inclusive para a estabilidade financeira, são altas. A capitalização de mercado, ou a oferta circulante, das quatro principais stablecoins de dólar dos EUA, excede por si só US$ 100 bilhões.

Mas um escrutínio mais intenso não significa melhor compreensão. Vamos começar com a crença de que as stablecoins são intrinsecamente estáveis porque são "totalmente colateralizadas". A questão, é claro, é: colateralizadas pelo quê?

Investidores ingênuos em moedas vinculadas a dólar assumem que a garantia toma a forma de dólares detidos em bancos americanos assegurados pelo governo federal ou seu equivalente próximo. Mas isso é apenas parcialmente correto. Depois de ser criticado por sua opacidade, o principal emissor de stablecoin, Tether Limited, revelou recentemente que detinha apenas um quarto de suas reservas em dinheiro, contas bancárias e títulos públicos, enquanto detinha quase metade em commercial paper e outro décimo em títulos corporativos. A segunda stablecoin líder em capitalização, a USD Coin, diz apenas que detém suas reservas em instituições depositárias asseguradas dos EUA e outros "investimentos aprovados". O que quer que isso signifique.

Tal obscuridade cria riscos para as próprias stablecoins, para seus investidores e, criticamente, para a estabilidade dos mercados financeiros. A falta de transparência sobre a qualidade do commercial paper, que tipo de títulos corporativos e quais outros "investimentos aprovados" são mantidos como garantia, é uma fonte de fragilidade. Esse tipo de assimetria de informações, onde os investidores não sabem exatamente o que foi feito com seu dinheiro, deu origem a corridas bancárias e crises bancárias ao longo dos tempos. Nesse cenário, uma queda no valor do commercial paper ou no mercado de títulos corporativos poderia facilmente desencadear uma corrida para vender o stablecoin. E a queda nos preços dos títulos pode significar que o emissor de stablecoin não tenha meios de pagar seus detentores.

Além disso, há o perigo de contágio: a venda maciça de uma stablecoin pode se espalhar para outras. Quais são as chances de uma corrida no Tether deixar intacta a confiança na USD Coin? O Banco Central Europeu, que sabe alguma coisa de contágio financeiro, alertou exatamente para este cenário.

Para limitar tais problemas no sistema bancário, os governos asseguram os depósitos no varejo e os bancos centrais atuam como financiadores de último recurso às instituições depositárias. Alguns comentaristas, como o ex-governador do Banco da Inglaterra Mark Carney, propuseram que os bancos centrais fornecessem suporte semelhante aos emissores de stablecoin.

As autoridades concordariam com isso, é claro, apenas se esses emissores estivessem sujeitos a uma supervisão rigorosa destinada a limitar a incidência de problemas. Os fornecedores de stablecoin teriam que solicitar o equivalente a cartas-patentes e estar sujeitos à regulamentação relevante. Uma stablecoin seria então nada mais do que um chamado banco restrito, autorizado a investir apenas em contas do Tesouro e depósitos no banco central, com um mecanismo de pagamentos semelhante ao PayPal construído em cima.

Alternativamente, as stablecoins poderiam ser consideradas como o equivalente digital dos grandes fundos do mercado monetário que também investem em commercial papers. O problema com esse modelo, como aprendemos durante a crise financeira global de 2007-08, é que normalmente o commercial paper líquido pode se tornar abruptamente ilíquido. Quando isso aconteceu em 2008, o governo dos EUA procurou acabar com o pânico que se seguiu, garantindo temporariamente todos os fundos do mercado monetário. A SEC permitiu que os fundos monetários instituíssem os “portões” de resgate, sob os quais eles podem limitar os saques e cobrar taxas temporárias de até 2%.

De forma reveladora, o último white paper do Diem prevê igualmente portões de resgate e limites de conversão para proteger a stablecoin contra corridas. Mas uma stablecoin que é resgatável apenas por uma taxa ou que não pode ser resgatada por dólares em quantias ilimitadas não será uma alternativa atraente para o dinheiro do Federal Reserve, assim como as ações em fundos mútuos do mercado monetário são um substituto imperfeito para o dinheiro.

O problema mais preocupante da estabilidade financeira é que a capitalização de mercado das quatro maiores stablecoins em dólar dos EUA já se aproxima do maior fundo mútuo institucional, o JPMorgan Prime Money Market Fund. Um pânico que forçasse essas moedas a liquidar uma parte significativa de suas participações em commercial papers e títulos corporativos comprometeria a liquidez desses mercados. E os deslocamentos para os mercados monetários de curto prazo podem prejudicar seriamente o funcionamento da economia real, como também aprendemos a um custo considerável em 2008.

O resultado é que a estabilidade das stablecoins é uma ilusão. É improvável que substituam o dinheiro da Reserva Federal, improvável que revolucionem as finanças, e improvável que realizem os sonhos de seus entusiastas libertários.

Acredito que o autor desta matéria foi muito didático e não quis colocar a pergunta principal, deixando essa conclusão aos leitores. O Mosca, que não tem papas no teclado (gostou da analogia! Hahaha ...) vai direto ao ponto: Por que comprar alguma desta stablecoins se é muito mais transparente investir num fundo, que ainda oferece garantia adicional? Nenhuma, mas tanto como o NFT da Rentel, essas stablecoins existem para completar desejos de pessoas que só podem ter ganho dinheiro de maneira fácil. Para esses, o Mosca tem uma frase que deveria estar estampada na tela de seus computadores: Dinheiro não é capim!

No post prozac-financeiro fiz os seguintes comentários sobre o ibovespa: ...” uma análise numa janela menor fornece alguma pista adicional de onde essa correção em andamento poderia parar. Conforme aponto no gráfico a seguir, o intervalo entre 122.800/122.300 pode conter toda queda desde a máxima de 131.190 ocorrida em junho último” ... ...” Por enquanto não me animo a fazer nenhuma posição nesse mercado, vou aguardar essa possível retração e buscar me certificar quando houver uma mudança de rumo” ...



A bolsa brasileira acabou caindo mais que o limite indicado acima abrindo um novo objetivo para a queda. O intervalo que trabalho agora seria entre 120.300/119.700 conforme apontado a seguir.

Tenho que confessar que minha segurança nesse cenário se reduziu, o que me induziu a analisar outras hipóteses. Em todo caso, contínuo nessa, com uma invalidação ao nível de 115.500. De qualquer forma, não aconselho exposição neste momento.

 


Hoje fiquei mais pessimista com o Brasil, embora não seja novidade. Minha decepção foi pelo Ministro da Economia, profissional altamente qualificado, que soltou uma frase chula, para dizer pouco, ao dar um calote nos precatórios. “Devo, não nego, pago quando puder” seria mais empregado por alguém que tomou um empréstimo de um agiota e não tem como pagar.

Agora, como um economista liberal entrou nessa? Está quebrando o galho de seu chefe, que precisa desesperadamente de benesses para tentar se reeleger. Está queimando seu filme, ministro. Melhor pegar seu chapéu e ir embora!

O SP500 fechou a 4.402, com queda de 0,46%; o USDBRL a R$ 5,1816, com queda de 0,31; o EURUSD a 1,1837, com queda de 0,23%; e o ouro a U$ 1.811, sem variação.

Fique ligado!

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