Certeza do futuro #nasdaq100

 


O caso das Lojas Americanas está longe de terminar, cada dia que passa mais e mais empresas acusam a mesma de ter cometido uma grande fraude. Como é possível ter acontecido isso com uma empresa comandada por um trio super qualificado, que detém uma grande fortuna? Essa pergunta me remete ao passado, e vale a pena comentar momentos em que ocorreram situações importantes com esses empresários.

Em 1987, o governo brasileiro declarou moratória sobre sua dívida externa, ao suspender o pagamento de juros sobre a dívida. Em setembro de 1988, foi assinado acordo pondo fim a moratória, mas foi no governo Collor que a situação foi resolvida através de um Plano denominado de Brady. Com isso uma série de novos papeis foram emitidos com vencimentos diversos. Um deles, o IDU – Interest Due and Unpaid ganhou preferência pelas instituições financeiras pelo seu volume – U$ 7,0 bilhões, vencimento mais curto: 01/01/2001 e taxa de juros atrativa.

O banco Garantia na época era tido como o melhor banco de investimento, e com equipe de primeira linha dominava as operações de mercado. Esse banco pertencia ao trio em questão. Os executivos desse banco resolveram comprar o IDU e o fizeram de forma absoluta, se dizia na época que detinham mais de 90% da emissão. Naturalmente estavam super alavancados, mas como detinham praticamente toda a emissão, a cotação parecia um reloginho, o YTM (cálculo do rendimento até o vencimento) traçava a curva que eles achavam boa. Se subia vendiam, se caía compravam.

Tudo ia bem até que surgiu a crise da Ásia em 1997, que derrubou todos os mercados emergentes de maneira forte. Esses papeis começaram a cair, pois entraram em cena os investidores que apostavam na queda, e aí começou a complicar a situação para eles. Esses papeis estavam financiados em bancos, que pediam reforço de margem conforme os preços caiam. Quando essa margem não chegava, esses bancos vendiam a mercado, e esse ciclo vicioso continuou de forma feroz, me recordo que o papel que estava próximo do par chegou a 40% do valor de face — não tem santo que aguente. Dizem as más línguas que parte desses papeis do banco foram alocados em fundos e clientes da instituição, mas ninguém sabe exatamente o que aconteceu.

O banco ficava num prédio da Faria Lima, área chique do mercado — a maioria ainda se encontrava na Avenida Paulista. Os funcionários do banco eram tão arrogantes e provocativos que o resto do mercado tinha uma mistura de inveja e raiva. Quando esse vendaval ocorreu, um certo dia os funcionários de outros bancos que estavam no mesmo prédio foram à garagem, e riscaram e encheram de Post-its as suas Ferraris e Porsches.

O banco conseguiu não quebrar, mas foi por pouco; o grupo achou um grupo estrangeiro, o Credit Suisse, que queria entrar no Brasil, e saiu do ramo financeiro.

Desde aquela época, aventuraram-se no mundo das empresas e adquiriram várias delas, não só no Basil, mas internacionalmente. Em todas queriam ser o líder, os maiores, e como ninguém é bom em tudo, as Americanas fez parte de uma série de problemas, como comenta Daniel Cancel na Bloomberg.

Não faz muito tempo que Jorge Paulo Lemann era indiscutivelmente o barão corporativo mais respeitado – e temido – da Terra. O bilionário brasileiro e seus dois parceiros de negócios de longa data estavam amealhando gigantes multinacionais em um ritmo frenético e incorporando-os no vasto império que construíram a partir do Rio de Janeiro.

Em 2008 foi a Anheuser-Busch InBev. Em 2010, o Burger King. Depois veio a H.J. Heinz, a Tim Hortons, o Grupo Kraft Foods e, finalmente, em 2016, o maior de todos: a cervejaria SABMiller. A cada nova aquisição, Lemann, inspirado por seu ídolo, o ex-CEO da General Electric Co. Jack Welch, ordenava cortes profundos de custos. Benefícios eram eliminados, folhas de pagamento cortadas, fábricas fechadas.

Era uma tortura para os funcionários de baixo escalão, mas maravilhoso para os financiadores de Lemann, que embolsavam receitas extraordinárias com a geração de lucros cada vez maiores pelas empresas mais enxutas. O modelo 3G, como era chamado por Wall Street em homenagem à 3G, a principal empresa de investimentos de Lemann, era tão impiedosamente eficiente que começou a revolucionar o pensamento dos altos comandos através dos EUA. Mesmo Warren Buffett, que investiu em alguns dos negócios de Lemann, parecia encantado, “Jorge Paulo e seus sócios são gestores extraordinários,” derramava-se ele.

Mas então, sem mais, tudo deu errado para Lemann. Foi rechaçado em 2017 quando tentou adquirir a Unilever por 143 bilhões de dólares e fundi-la à Kraft Heinz Co. Isso expôs uma falha fundamental: o foco obsessivo da 3G nos custos, ao invés de expandir o negócio, significava que eles precisavam de um fila interminável de alvos grandes para comprar e espremer suas sobras, de tal forma que conseguissem continuar a aumentar os lucros. Impedida de fazer novas aquisições, a 3G titubeou. Os preços das ações da Kraft Heinz e da Anheuser-Bush (tecnicamente fora da 3G) afundaram, a fortuna de Lemann e de seus parceiros caiu 14 bilhões de dólares, e o decantado modelo 3G, para todos os efeitos, morreu.

Assim, Lemann, agora com 83 anos, já tinha uma sensação distinta de fim-de-carreira quando a Americanas SA, um gigante do varejo brasileiro do qual ele e seus sócios são grandes acionistas há décadas, pediu recuperação judicial no mês passado, depois que um buraco de US$ 3,8 bilhões foi descoberto no balanço da empresa.

As ações caíram 77% em um único dia, e suas debêntures despencaram para um preço de apenas 15¢ por dólar. Credores estão elaborando planos para apreender os bens pessoais de Lemann, e as outrora movimentadas 1.700 lojas da Americanas estão praticamente vazias agora, à medida que alguns clientes mudam para rivais por causa de alguma escassez de estoque e dúvidas sobre o financiamento futuro de suas compras.



 
"Lemann foi alardeado como o maior empresário da Terra", disse Lula em entrevista à TV. "Ele era o cara que falava contra a corrupção constantemente. E então ele comete fraude."

Isso talvez seja um exagero. Não há evidências – pelo menos que tenham sido tornadas públicas – que liguem diretamente Lemann às irregularidades contábeis supostamente orquestradas por executivos da Americanas. Mas Lula levanta uma questão incômoda que os círculos financeiros de elite no Rio e em São Paulo continuam levantando: as ações tomadas por esses executivos foram um mero ato aleatório ou, em algum nível, o resultado da cultura cruel de entrega de resultados a todo custo que Lemann criou?

Apenas dois anos antes, observam críticos do bilionário, a Kraft Heinz pagou US$ 62 milhões para encerrar uma investigação da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA sobre irregularidades contábeis supostamente orquestradas por executivos. Em um documento regulatório, a Kraft disse que cooperou totalmente com a SEC ao longo de sua investigação. Kraft concordou em resolver as alegações sem admitir ou negar as alegações da SEC. Assim, mesmo além de suas recentes falhas no mercado de ações, está aumentando um escrutínio mais amplo do afiado modelo de negócios da 3G.

"Ter uma filosofia de corte de custos e maximização de lucros não é pecado. Na verdade, isso é uma virtude nos mercados financeiros", diz Jim Gulbrandsen, diretor de investimentos da NCH Capital Inc., um fundo de hedge no Rio. E, no entanto, diz ele, agora está claro que, em Americanas, isso criou "um ambiente onde as pessoas exageravam na dose e iam a extremos".

Gulbrandsen atribui a maior parte da culpa aos responsáveis pelas finanças da varejista, mas, diz ele, o "capitão tem que afundar com o navio". Dado quem é esse capitão – a pessoa mais rica do Brasil e, como Lula apontou, alguém que foi apontado como um farol de retidão moral em um país atormentado pela corrupção – "este é o maior escândalo da história corporativa brasileira", diz Gulbrandsen.

Lemann, que nunca buscou os holofotes, mesmo nos bons tempos, ficou quieto desde que a história veio à tona. Ele comentou publicamente apenas uma vez, em um declaração co-assinada por Telles e Sicupira, que disse que os três não tinham conhecimento de quaisquer irregularidades e observou que os executivos, auditores e credores da empresa nunca haviam levantado alarmes. Lemann, Telles e Sicupira se recusaram a comentar para este artigo através de um porta-voz da 3G.

Lemann, Telles e Sicupira controlam a varejista desde 1982. Foi uma das primeiras aquisições que eles fizeram quando começaram a expandir seu império para além do poderoso banco de investimento, o Garantia, que haviam construído no Rio uma década antes. Lemann fundou o Banco Garantia após um breve período como tenista profissional (ele já jogou em Wimbledon), e Telles e Sicupira – que são os segundo e terceiro brasileiros mais ricos, respectivamente, depois de Lemann – foram contratados logo no início.

A Brahma é, em muitos aspectos, um excelente exemplo de seu modelo de negócios. Em 1999, eles a usaram para adquirir a rival local Antarctica (Companhia Brasileira de Bebidas). Eles então fundiram essa empresa com a belga Interbrew, que por sua vez adquiriu a Anheuser-Busch e, oito anos depois, a SABMiller. No processo, eles transformaram uma cervejaria brasileira no valor de US $ 60 milhões em uma potência com operações em mais de 50 países. Cada fusão trazia-lhes novas poupanças e, pelo menos durante algum tempo, lucros maiores. Em seu ápice, o conglomerado, chamado Anheuser-Busch InBev SA, valia US$ 260 bilhões.

Somente depois da rejeição da Unilever é que Lemann começou a diminuir a ênfase sobre o corte de custos, por muito tempo o cerne do modelo 3G. O crescimento da receita – fabricar e vender produtos que as pessoas realmente queriam – foi a nova estratégia. Lemann reconheceu em junho passado que seu programa de treinamento executivo havia se tornado "desatualizado".

Tudo isso também teve um impacto na riqueza de Lemann. Sua fortuna atingiu o pico de US $ 32,2 bilhões no final de 2017, quando ele ficou em 25º lugar globalmente, de acordo com o Índice de bilionários da Bloomberg. Desde então, caiu 34%, para US$ 21,1 bilhões, em 77º lugar.

Buffett, por sua vez, não fala mais muito sobre Lemann publicamente.

A última vez que a fusão Kraft-Heinz foi tema em uma reunião anual da Berkshire Hathaway Inc. foi em 2019. Buffett continuava preocupado com o fato de o preço do negócio ter sido muito alto. "Cometemos um erro", disse ele. Mas seu parceiro de negócios de longa data, Charlie Munger, viu os contornos de uma lição maior em tudo isso. O roteiro desenhado pela 3G — um acordo bem-sucedido após o outro, seguido por um fracasso pungente no final —é normal "em um lugar grande, com muitos jovens que querem ficar ricos rapidamente", disse Munger. "Você tem que tomar cuidado. Fica muito mais fácil pegar as boas ideias e levá-las ao pior dos excessos."

Esse pequeno histórico da vida de Lemann dá uma ideia de como ele comanda seus negócios, querendo ser o maior em cada empresa de ramos semelhantes, mas com mercados e características especificas. Não sei o que irá acontecer com as Americanas — parece que não será muito bom — porém a imagem de super empresário foi comprometida; não porque cometeu um erro, isso faz parte, mas porque ao invés de assumir o erro, a empresa resolveu esconder os buracos, enganando seus investidores e parceiros.

A história mostra a característica desses empresários; embora sejam altamente qualificados, através de política hipercompetitiva geram um batalhão de pessoas que pensam ser invencíveis — afinal, se suas decisões são perfeitas o que pode dar errado? Se é assim, a alavancagem vai torná-los cada vez mais ricos e rápido, uma certeza! Para eles o futuro é certo! 

No post sem-lógica fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “As diversas ondas da nasdaq 100 estão tão subdividas de acordo com minha leitura que implica objetivos sem tanta previsão” ... ...” Estou assumindo que a correção do ano passado terminou, mas não é algo absolutamente claro, existe uma possibilidade que não tenho apresentado, mas que continua no meu radar” ...



Durante essa semana o indicie recuou alguns pontos sem que com isso nosso stop loss fosse acionado. Minha convicção nesse cenário está perdendo confiança, mas vou continuar até o nível que estabelecido. Caso o stop loss seja acionado, vou apresentar outra possibilidade.



Não quero apresentar no momento as outras alternativas, pois mesmo uma outra de alta pode ter uma configuração distinta. Por outro lado, não é de se estranhar essa indecisão, basta ver o noticiário e as opiniões dos analistas e economistas para não chegar a nenhuma conclusão. Um momento bastante incerto.




O gráfico acima é instrutivo, procura apontar uma região delimitando um espaço grande compreendendo 90% - 10% das vezes, o que ocorreu com a bolsa, em mercados de baixa, bem como as linhas médias com recessão (linha cheia) sem recessão (linha pontilhada). Por enquanto, usando dados passados, o mercado não está enxergando uma recessão.



O SP500 fechou a 4.090, com alta de 0,22%; o USDBRL a R$ 5,2122, com queda de 1,48%; o EURUSD a € 1,0678, com queda de 0,53%; e o ouro a U$ 1.864, com alta de 0,14%.

Fique ligado!

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