O mercado manda? #ouro # gold
Ontem foi publicado o resultado do comitê de política
monetária do Fed. O efeito foi o esperado no tocante à taxa de juros, com
aumento de 0,25%, mas o restante de seu conteúdo não deu indicações de que a
autoridade monetária terminou o ciclo de altas — pelo contrário, sinalizou que
ainda pretende elevar os juros e que não tem data para começar a reduzir. Do
lado positivo, para quem esperava um relatório mais dovish — termo usado
pelo mercado para indicar política monetária frouxa —, indicou que o processo
desinflacionário está em andamento.
Se eu pedisse para você me dizer o que ocorreu com o mercado
de ações, você provavelmente diria que ficou igual ou pior que estava; já em
relação aos juros, onde as taxas estão inferiores às taxas do Fed funds em
qualquer vencimento, você apostaria que iria subir. Pois é, a bolsa subiu forte
e os juros caíram depois da reunião. A reação dos analistas tende a buscar
detalhes para justificar a reação dos mercados, com uma certa dificuldade de
explicar. Talvez Robert Burgess da Bloomberg tenha outro motivo – e o Mosca um
outro que se encontra no final.
O Federal Reserve muito provavelmente terminou de aumentar
as taxas de juros neste ciclo. Ele só quer que todos acreditem no contrário.
Isso ficou evidente no comunicado que o banco central divulgou na quarta-feira
para explicar sua decisão de aumentar sua principal taxa em um quarto de ponto
percentual como esperado, diminuindo em relação ao aumento de meio ponto em
dezembro. Aqui está a parte chave:
O comitê antecipa que os aumentos em curso no intervalo da
meta serão adequados para atingir uma postura de política monetária
suficientemente restritiva para retornar à inflação para 2% ao longo do tempo.
Duas coisas se destacam. A primeira é que ele apenas repete
a linguagem usada pelos formuladores de políticas em declarações anteriores
quando estavam elevando as taxas em valores maiores para combater a inflação
galopante. Alguns participantes do mercado esperavam que o Fed substituísse
“aumentos em curso” por uma linguagem mais branda, como “alguns aumentos”.
A razão pela qual uma mudança era esperada é que a inflação
está desacelerando e o setor manufatureiro está em recessão. O Institute for
Supply Management disse na quarta-feira que seu medidor de atividade fabril
sinalizou que a produção é a mais fraca desde 2009 (excluindo os primeiros dias
da pandemia) e que 15 das 18 indústrias sofreram um declínio nos negócios.
A segunda é que as taxas de juros estão finalmente em um
patamar que pode ser considerado restritivo, ou seja, restritivo e não promotor
da atividade econômica. Em 4,75%, o limite superior da meta do banco central
para a taxa de fundos federais excede a medida de inflação preferida do Fed,
que é o índice básico de preços de despesas de consumo pessoal. Esse número
chegou na semana passada a uma taxa anualizada de 3,9% no quarto trimestre, de
acordo com o Departamento de Comércio. Excluindo os primeiros dias da pandemia,
é a primeira vez que as taxas podem ser consideradas restritivas desde 2019,
quando todos esperavam uma recessão iminente.
"É importante que as condições financeiras gerais tenham
reflexos" as ações do Fed. "Nosso foco não está em movimentos de
curto prazo, mas em mudanças sustentadas" nas condições financeiras, acrescentando
que "mais alguns” aumentos de juros podem ser necessários.
Ainda assim, o mercado aplaudiu, com o índice S&P 500
caindo de 0,97% para alta de até 1,77% e os títulos subindo. Os mercados sabem
que o Fed provavelmente está apenas mostrando serviço agora, dizendo que seu
trabalho está longe de terminar. Este pode não ser o pivô que os investidores
esperavam, mas certamente é uma pirueta.
Como comentei no início do post, os analistas foram buscar nas
entrelinhas suas justificativas para a reação do mercado, ou suas conclusões nos
preços dos ativos. Para terminar, Burgess extrapola concluindo que o Fed está
“operando” o mercado para dar a impressão de que está agressivo fazendo o
mercado continuar vigilante. Mas é incontestável que o teor do comunicado não é
esse, nem acredito que o Fed vai “operar” o mercado, pois seria ridicularizado
no futuro.
A minha interpretação é que o mercado aposta que a abertura
da China, acoplada à perspectiva melhor para a Europa onde o inverno não foi
tão frio, vai impulsionar esses mercados e evitar a recessão nos EUA. Se for
assim, o Fed passa a segundo plano, já que 5% ou 5,25% de taxa não faz muita
diferença com o mundo crescendo. Agora, pensar que o mercado é que manda no Fed
é muita presunção, não acham?
No post dura-realidade fiz os seguintes comentários
sobre o ouro: ... “ Pela visão apresentada abaixo a
onda V em laranja parece ser estendida, o que ocorre com alguma frequência com
as commodities. O término desse movimento deverá ocorrer em U$ 1.990. Não nos
resta outra opção a de esperar a correção da onda 2 em verde cujo objetivo está
delimitado pelo retângulo” ...
Eu fiz algumas alterações na contagem das ondas para contemplar os movimentos mais recentes. Nessa nova forma, o ouro estaria na onda 3, frustrando minha intenção de compra a níveis mais vantajosos. Nessa nova visão, essa onda deveria terminar ao redor de U$ 2.040 restando, portanto, uma eventual compra na retração da onda 4 em verde. Perdemos parte da alta, paciência! Pelo menos não estava na ponta errada, pois já faz um tempo que minha perspectiva é de alta.
O SP500 fechou a 4.179, com alta de 1,47%; o USDBRL a R$ 5,0413, com queda de 0,26%; o EURUSD a € 1,0910, com queda de 0,73; e o ouro a U$ 1.912, com queda de 1,95%.
Fique ligado!
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