Mudou o termômetro #eurusd
O leitor do Mosca talvez não acompanhe muito mas pode
conhecer um índice que mede a volatilidade da bolsa americana – o VIX. Esse
instrumento é tão difundido dentro do mercado financeiro que é utilizado como
proteção para carteiras de ações e mesmo de bonds quando se tem receio de algum
acontecimento futuro.
Ocorre que ultimamente tem estado muito calmo, como poderão
notar mais à frente no texto, levantando-se dúvidas sobre sua atual utilidade.
Robin Wigglesworth escreveu no Financial Times matéria sobre esse assunto com o
tema: O Vix “quebrado”
O índice de volatilidade Vix tem estado notavelmente calmo ultimamente. Na verdade, tem estado tão manso que algumas pessoas pensam que é um prenúncio de caos, ou então está simplesmente quebrado. Mas será mesmo? O índice, que os jornalistas financeiros parecem contratualmente obrigados a descrever como "o medidor de medo de Wall Street", semelha um pouco baixo, dado tudo o que está acontecendo. No início deste mês, chegou a cair abaixo da marca de 20%, que é aproximadamente sua média de longo prazo.
Para muitas pessoas, um Vix baixo sempre vai ser um sinal de que "as coisas estão quietas até demais". Mas não está nem perto das mínimas vistas em 2017-18, ou mesmo no verão de 2021, que foram períodos mais clássicos de risco e complacência em todos os lugares.
Outras pessoas veem algo mais complexo em andamento. Se você
acha que os mercados estão “procurando encrenca”, é tentador concluir que o Vix
– em teoria, uma medida da volatilidade esperada nos próximos 30 dias – está
apenas quebrado. O que mais poderia explicar sua tranquilidade?
Muito disso pode ser explicado pela discrepância entre o que
as pessoas pensam que o Vix é e como ele realmente se comporta na prática.
Apesar de ter sido projetado para capturar o que os
investidores acham que a volatilidade do S&P 500 será nos próximos
30 dias, conforme implícito nos preços das opções, o índice sempre foi uma
medida melhor do humor dos mercados agora. E neste momento, o Vix moderado
reflete principalmente que os mercados começaram o ano em boa forma.
Mas há uma outra explicação para um Vix tão baixo, e tem a
ver com as mudanças na oferta e demanda das opções usadas para calcular o Vix. [Nota:
este cálculo baseia-se nos preços das opções de compra e de venda para avaliar
se os investidores estão mais ou menos seguros em relação ao mercado de ações
nos próximos 30 dias. O pressuposto é que os prêmios cobrados ou pagos para a
cobertura dos riscos diminuem conforme a previsão de variações menores.]
Há momentos em que há tanta oferta de lançadores de opções
ansiosos para gerar rendimento que os preços caem e o Vix desliza. A baixa
volatilidade de várias décadas em 2017 é um ótimo exemplo. Por outro lado,
quando os vendedores de opções perdem dinheiro e a demanda por proteção é alta,
o Vix pode permanecer elevado, apesar dos mercados eufóricos. Por exemplo, o
Vix foi elevado durante a maior parte de 2020, mesmo durante uma forte
recuperação do mercado de ações após a crise do Covid-19. [Nota: num mercado
em alta forte, assim como na baixa forte, as opções sofrem variações agudas
pelo efeito da alavancagem. Com isso, a fórmula do Vix leva a valores maiores.]
Como sinal dos tempos inovadores em que vivemos, há outra
razão — mais mecânica — pela qual muito do medo que esperamos se refletir no
VIX parece ter sido diluído: a introdução e a migração — e o subsequente
crescimento — de opções de vencimento curto/diário no índice SPX.
Essa explosão nas negociações de prazos ultracurtos dilui a
demanda por opções com vencimento dentro da janela de cálculo de 23 a 37 dias
de vencimento para as opções SPX que são utilizadas para extrapolação do nível
Vix. Essa mudança também pareceu impactar os níveis de distorção, já que
reduzimos significativamente a distorção ultimamente. Ambos as questões são
essenciais para explicar a redução nos níveis de VIX.
Basicamente, o Vix usa apenas opções com vencimento entre 23 e 37 dias para calcular seu nível implícito de volatilidade de 30 dias, mas, como o Financial Times escreveu no mês passado, houve uma migração massiva de negociação para opções de um dia e até zero dia ao longo do ano passado.
Isso reduz a
demanda por opções qualificadas para o cálculo do Vix, enquanto a oferta
permanece a mesma. Portanto, ele oscila abaixo do esperado para esse nível de
volatilidade realizada. [Nota: como as opções diárias tomam o lugar das
opções de maior prazo, estas perdem volume e significância para embasar um
cálculo correto do Vix, no caso gerando um valor menor do que seria apurado com
o uso das opções curtas hoje mais negociadas.]
Dale argumenta
que isso significa que não há nada de errado com o Vix: “Não está quebrado. Ele
está se comportando exatamente como deveria neste ambiente, apesar da ansiedade
gerada pela longa lista de preocupações legítimas que constantemente
bombardeiam os participantes do mercado. Tenho certeza de que a demanda do Vix
superará a oferta novamente no futuro. No entanto, para que isso aconteça, deve
haver uma urgência. As expectativas para os catalisadores antecipados devem se
desviar de maneira ou magnitude inesperada, ou uma nova “variável desconhecida”
deve aparecer para causar um “choque” ascendente no nível Vix. Na minha
opinião, só então os especialistas do mercado ficarão satisfeitos em emitir um
sinal “claro” de que a mínima do mercado foi estabelecida.” [Nota: segundo
Dale, a fórmula está correta, a base de dados é que teria de mudar, e isso pode
certamente mudar no futuro.]
Talvez.
“Quebrado” é uma palavra muito forte para descrever o que está acontecendo
aqui. Mas se o funcionamento normal do Vix foi prejudicado por uma grande
mudança na negociação de opções subjacentes, não seria justo caracterizar isso
como “defeito” no mínimo?
Mais interessante
seria saber o motivo que levou os investidores a encurtarem o prazo dos
contratos de opções, o que esse artigo não fez mas apenas analisou quais as
possíveis consequências dessa mudança. Alguns analistas acreditam que seria uma
questão só de custos, mas acho improvável; eu penso mais que é uma forma de
especular no curto prazo e com risco limitado —para os compradores de opções,
que acredito seja a grande parte dos indivíduos — ficando a venda para os
bancos e institucionais por ter muito mais risco.
Não sou especialista
em opções, mas entendo que antigamente a curva dos prêmios era distribuida no
tempo de forma mais estruturada. Para fim de raciocínio vamos imaginar que os
especuladores são separados dos que buscam outro objetivo como proteção ou
operações financeiras. É natural que a volatilidade fica mais concentrada no
primeiro grupo, pois no segundo grupo não teria intenções de compra e venda tão
rápidas.
Mas tudo isso é
apenas um pensamento, porém a consequência me parece clara: o Vix não serve
para proteção de outros instrumentos que não a própria bolsa, e a boa noticia é
que essa proteção ou estratégia ficou mais barata.
No post um-peso-duas-medidas fiz os seguintes comentários sobre o euro: … “ O euro se
aproximou bastante do objetivo apontado acima atingindo a máxima de € 1,0929.
Conforme se pode notar a seguir, segundo um dos critérios podemos estar próximos
a uma reversão, que levaria a moeda única a níveis mais interessantes para
compra - destacados com um retângulo” …
A moeda única extrapolou o limite indicado acima atingindo € 1,1033, em seguida iniciou um movimento de retração. Desta forma, o intervalo onde a correção poderá ocorrer está destacado no retângulo abaixo. Fica difícil saber de antemão onde a reversão pode ocorrer, mas teoricamente teremos tempo para analisar o desenrolar dos movimentos. Destaquei a trajetória esperada em verde pelos movimentos em A, B, C. Na parte inferior o símbolo em rosa identifica quando deveria ocorrer. Agora só falta combinar com os russos. Hummm …. Com os russos não dá mais, vamos ter de perguntar para o espírito do Garrincha quem ele sugere! Hahaha …
Iniciamos uma tarde de
compra de dólar USDBRL a R$ 5,1980 com stoploss a R$ 5,17. Ainda embrionário
e especulativo, mas pode ser que a retração que eu estava esperando não
aconteça.
O SP500 fechou a 4.081, com queda de 0,88%; o USDBRL a R$ 5,2805, com alta de 1,56%; o EURUSD a € 1,0731, com alta de 0,20%; e o ouro a U$ 1.860, com queda de 0,77%.
Fique ligado!
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