Decisão: Não fazer nada! #nasdaq100
Tenho insistido nestes 11 anos de Mosca que a decisão
mais difícil é não fazer nada, pois no final do dia sempre algum ativo ganhou.
Certa vez, quando eu era sócio da Tendência, banco do megainvestidor Leo Kryss,
observei na tela da TV (não existia monitor grande naquela época) que eu tinha
posição em todos os mercados; desta forma, no final do dia me sentia frustrado,
pois em algum deles estava perdendo. Resolvi zerar tudo, isso não era vida.
Passados alguns dias, me senti mais aliviado e percebi que as vezes é melhor
não ter posição nenhuma.
Naturalmente que isso não impediu durante a minha vida profissional
passasse por momentos de stress, e não foram poucos. Mas foi quando comecei a
usar a análise técnica que minhas posições diminuíram significativamente, e
assim pretendo continuar não deixando a ganância tomar conta da razão.
A situação que vivemos nos dias atuais parece se encaixar nesse cenário; com tantas dúvidas pairando no ar, os mercados se movimentam mais de lado que de forma direcional. Para justificar a nasdaq100, desde abril do ano passado, está contida dentro de um intervalo entre 10,5 mil e 13,5 mil na forma mais ampla, se considerar onde esteve mais presente esse intervalo encolhe para 11,0 mil e 13,0 mil.
No mercado internacional, tenho visto muitas indicações para investimento na renda fixa, pois seria uma ótima oportunidade. James Mackintosh relatou no Wall Street Journal que seria evidente essa ação.
A narrativa do mercado é óbvia depois que uma inflação dupla e um choque nas taxas de juros esmagaram os preços dos ativos: nada mais importa.
Os paralelos da história são igualmente óbvios. Em 1973, o embargo do petróleo árabe destruiu a economia e levou a fortes aumentos das taxas de juros, enquanto em 1980 a inflação galopante piorada por outro choque do petróleo foi acompanhada pelos aumentos agressivos das taxas do então presidente do Federal Reserve, Paul Volcker. A invasão da Ucrânia pela Rússia foi seguida pelos aumentos de juros mais rápidos do Fed desde que Volcker estava no comando.No entanto, às vezes as diferenças para a história são tão
importantes quanto as semelhanças. As comparações econômicas são importantes, é
claro, mas o ponto de partida das avaliações costuma ser ainda mais importante.
Tanto em 1973 quanto em 1980, as ações demoraram muito para
se recuperar, especialmente após o ajuste pela inflação. Da máxima de janeiro
de 1973, demorou até 1985 para os investidores recuperarem seu dinheiro das ações
dos EUA em termos reais, conforme medido pelo índice MSCI USA com dividendos
reinvestidos. Em 1980, a inflação foi superada e a recuperação foi mais rápida,
mas ainda demorou até 1983 para que os investidores que compraram no pico
daquele ano se recuperassem.
Até aqui, tudo bem simples. Os acadêmicos Elroy Dimson, Paul
Marsh e Mike Staunton, num trabalho para o Credit Suisse, calculam que as ações
dos EUA renderam 5,9% ao ano após a inflação desde 1970. Se as ações meramente
acumularem um desempenho mediano, levará de três a quatro anos para os
investidores voltarem para onde começaram no ano passado, após a inflação. Isso
seria um desempenho decente para os padrões históricos.
Aqui é onde chegamos à diferença. Nas quedas de 1973 e 1980
- e em todas as recessões e grandes recessões desde então - os títulos
superaram de longe as ações. Desta vez, ações e títulos caíram juntos, com o
MSCI USA caindo 16,7% desde sua máxima em janeiro do ano passado, e os
Treasuries de referência de 10 anos caindo 16% desde então, ambos com renda
reinvestida.
No passado, demorava muito para que as ações alcançassem os
títulos. Isso porque as ações estavam supervalorizadas. Um investidor em
títulos estava à frente por 13 anos depois de 1973 e sete anos a partir de
1980, ao usar o índice Bloomberg Treasury. Pode ser uma surpresa para aqueles
que viram o valor de seus títulos do Tesouro destruído pela inflação no ano
passado, mas desde as altas do mercado de ações de 1973 e 1980, os títulos se
mostraram mais resistentes do que as ações em ambos os choques inflacionários,
embora ainda ficando muito atrás da inflação.
Desta vez, não foram apenas as ações que foram
supervalorizadas. O que é incomum nesse mercado em baixa é que ele também
começou com títulos extremamente supervalorizados. Como resultado, quase todo o
resto também. A “bolha de tudo” estourou quando os bancos centrais abandonaram
as taxas baixas por longo prazo e passaram de compradores de títulos a
vendedores, deixando os investidores sem lugar para se esconder.
Psicólogos financeiros (e o Mosca!) alertam que os investidores devem descartar as perdas passadas e se concentrar exclusivamente no futuro. Não importa quanto tempo leva para voltar à máxima anterior. Importa se as ações vão subir a partir daqui e se vão render mais do que outros ativos, sendo a maior alternativa os títulos. Mais uma vez, os fundamentos econômicos são importantes. Haverá inflação e/ou recessão?
Os investidores que corretamente abandonaram os títulos quando os rendimentos estavam estupidamente baixos devem adicioná-los de volta como lastro à sua carteira. Isso não só suaviza os retornos, mas oferece uma renda decente ao longo do caminho. Os títulos também, o que é importante, fornecem alguma proteção contra o risco de que as ações não sejam apenas altamente valorizadas, mas ainda supervalorizadas.Mas o ponto de partida importa no mínimo da mesma forma.
Mesmo depois de suas grandes quedas, as ações ainda parecem muito caras em
comparação com os títulos. O otimismo que começou este ano desapareceu, mas os
investidores continuam a apostar que a inflação de longo prazo voltará ao
controle e as margens de lucro permanecerão altas. E muitos continuam
cautelosos com os títulos, mesmo quando os rendimentos se aproximam de 4% no
Tesouro de 10 anos e estão acima de 5% nos títulos de seis meses.
A lição central da história financeira é que, no longo
prazo, as ações dos EUA superaram os títulos. Mas comprar ações quando elas são
caras – com 18 vezes os ganhos estimados para os próximos 12 meses, elas
raramente foram mais caras fora da bolha pontocom e do boom pós-pandemia – é
uma receita para retornos abaixo do padrão. Ao mesmo tempo, os rendimentos do
Tesouro estão de volta a níveis decentes. Há muito espaço para os títulos
decepcionarem se a inflação se revelar endêmica. Mas pelo menos eles começam
com uma avaliação razoável, com base nos rendimentos atuais.
O artigo não menciona qual o vencimento dos títulos e isso
pode fazer muita diferença. O mercado americano cujos traders nunca passaram
por um período inflacionário estão se baseando na história para precificar que
o Fed vai baixar os juros logo, e a verdade é que esse logo nos últimos dias
não foi tão logo! Hoje a premissa é que os juros atinjam 5,5% a.a. e que em
janeiro próximo comessem a cair. Mas o que está implícito nas curvas de juros:
1.
A taxa de Fed funds não suba acima de 5,5% a.a.
2.
A inflação está em queda e vai tender ao
objetivo do Fed rapidamente.
3.
Por essa razão o Fed começa a reduzir os juros
para atingir algo em torno de 2,5% a 3% a.a.
Tenho muitas dúvidas sobre essa sequência principalmente o item 2, sendo que, o 3 é uma consequência. Meu principal motivo é que a inflação de serviços não mostra muita esperança. No gráfico a seguir do PCE – indicador usado pelo Fed, onde se extrai a inflação de residência se pode notar a resistência.
Para complicar a vida do Fed os dados de emprego se encontram muito estressados com pouca folga na contratação. O leitor poderia contrapor que esses dados são defasados do crescimento do PIB e deveria desacelerar daqui em diante. Mas não é isso que aponta a projeção do PIB, pelo indicador de Fed de Atlanta GDPNow. Veja como está divergindo das projeções dos analistas.
Como se encontra a curva de juros de títulos do tesouro:
1 ano: 5,03%
2 anos: 4,80%
3 anos: 4,52%
5 anos: 4,19%
10 anos: 3,94%
30 anos: 3,95%
E no Brasil? Aqui é muito mais fácil aplicar em CDI com os
juros na estratosfera, indexado a inflação ou até mesmo o pré-fixado, a
garantia de suplantar a bolsa parece mais factível.
- David, e no longo prazo, todo mundo diz que a bolsa é
melhor.
Ontem recebi o gráfico da bolsa brasileira contra o CDI nos últimos 10 anos. Nem preciso te responder veja a seguir. É natural que em períodos menores não necessariamente é pior. Fica visível de 2016 a 2020 foi muito bom. A melhor conclusão que se pode tirar é que para investir na bolsa brasileira tem que ser oportunístico, caso contrário o CDI engole.
Vou inverter a publicação dos índices americanos, haja visto que, pouco se passou desde a última atualização do SP500. No post time-ganhando-não-se-mexe fiz os seguintes comentários sobre a nasdaq100: ... “ Não houve muita evolução durante essa semana, porém outros indicadores apontam para cautela. Quero deixar claro que, mesmo que nosso stop loss seja acionado, não significa que um movimento de baixa se inicia, existem outros índices que mostram uma visão mais construtiva como os semicondutores” ...
Na semana passada nossa posição foi executada no stop loss. Como havia mencionado acima, isso não significa que o cenário de queda ganha tração. No cenário de alta a situação não é muito confortável na ótica de Elliot Wave, conforme apontado abaixo, seria essa a contagem nesse cenário. Para que o leitor possa entender minha desconfiança o movimento elencado na elipse, embora correto, não parece ter the right look.
Se não for de alta o que poderíamos esperar? Uma possibilidade está a seguir. Ainda num movimento inicial estando sujeito a mudanças se consegue chegar a um objeto ao redor de 10 mil/9,8 mil o que significaria uma queda de aproximadamente 20%.
Aposto em algum deles? Nenhum, como diz o título do post de hoje o melhor no momento é não fazer nada.
O SP500 fechou a 3.969, com queda de 0,32%; o USDBRL a R$ 5,2331, com alta de 0,64%; o EURUSD a € 1,0575, com queda de 0,30%; e o ouro a U$ 1.827, com alta de 0,54%.
Fique ligado!
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